sábado, 31 de dezembro de 2011

Prémios “Insustentáveis 2011”: And The Winner is…


Nesta Edição de 2011 dos Prémios “Insustentáveis”, voltamos a distinguir aqueles que, como dizia o Poeta, por obras ruinosas, se vão da lei do corte libertando (ou lá o que é...).


Nos termos do Memorando de Entendimento assinado entre os autores deste blogue e a Troika, este Prémio terá que assumir este ano uma natureza predominantemente simbólica. Na ausência de crédito para adquirir o chapéu à Treinador do Paços de Ferreira (como no ano passado), ficamo-nos, então, pela oferta do CD “Psycho Chicken” dos velhinhos Fools, com uma dedicatória especial adaptada do genial Millôr Fernandes.

Nesta singela, mas sentida homenagem, vamos, agora sim, à lista dos dez premiados 2011 e às respectivas dedicatórias:

Prémio “Herói 2011” – Fernando Gomes - “É uma espécie de São Jorge que, anunciando que pretende salvar a donzela, acaba sempre casando com o dragão”.

Prémio “Comentador Futebolístico 2011” – Luís Freitas Lobo – “Ele andava para trás e para a frente, para a frente e para trás, equilibrando-se perigosamente numa pequena ideia, fazendo a você uma pergunta, respondendo ele mesmo e logo começando a provar que você está redondamente enganado”.

Prémio “Vendedor do Ano 2011” – Rui Santos - “Se você falar uma hora extra com um vendedor de carros em segunda mão acabará convencido de que o automóvel é uma coisa que melhora com o uso. E basta ele continuar a gritar os mesmos pregões saloios horas a fio para as pessoas começarem a pensar: "E quem sabe se, no fundo, ele não tem razão?"

Prémio “Imprensa Desportiva 2011” – “A Bola” & “Record”, ex aequo – “O futebol é o ópio o povo e o narcotráfico dos media - metade das mentiras que os jornais desportivos publicam não são verdade”.

Prémio “Magistratura 2011” – Tribunal "O Jogo" - “E quando, depois do roubo, os ladrões chegaram a casa, um deles disse: - Bem vamos apurar quanto conseguimos neste assalto. Mas um outro respondeu: Vamos dormir que estou muito cansado. Amanhã de manhã a rapaziada do Tribunal "O Jogo" dirá quanto apuramos”.

Prémio “Justiça Cega 2011” – APAF - “Roubavam sim, mas só em legítima defesa. E ficavam profundamente indignados com as tentativas de suborno. Pensavam que valiam muito mais”.

Prémio “Excelência 2011” – Hélder Postiga – “Uma coisa temos que reconhecer – ele faz o pior o melhor que pode”.

Prémio “Erudição 2011” – Rui Oliveira e Costa - “Erudito é um sujeito que tem mais cultura do que cabe nele. Em geral as pessoas que se perdem em pensamentos é porque não conhecem muito bem esse território. Por vezes, sentem-se tão grávidas de ideias que só lhes saem gémeas, as palavras: reco-reco, tati-bitati, ron-ronar, coré-coré, rema-rema, tintim por tintim, etc, etc”.

Prémio “Promessa 2011” – Vitor Pereira (o Treinador, pois claro) - “Quem nasce para to be or not to be nunca chega a ser. E quem não é não pode ser”.

Prémio “Eloquência 2011” – Jorge Jesus – “Um terror me sacode; estou perdido na terrível floresta da linguagem. Ignorando a estrada sintática vou tropeçando em anglicismos, latinismos, barbarismos e idiotismos de linguagem, quando ouço o silvar de vocábulos paragógicos. Caio no areal dos solecismos e sou mordido por vários anacolutos. A custo, afastando duas redundâncias e esmagando um horrendo pleonasmo, escorregando em sinistras hipérboles, agarro-me a um verbo auxiliar e a um complemento não essencial. Morto de exaustão, cercado por centenas de substantivos promíscuos, já desespero, quando percebo que cheguei a um lugar-comum”.

Boas Festas e votos para todos do melhor 2012 que se conseguir arranjar!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Em Janeiro e com pouco dinheiro

Em Janeiro, jogamos, no dia 2, com o Rio Ave para a Taça da Liga; no dia 7, com o Porto para o Campeonato; no dia 11 com o Nacional para a Taça de Portugal; e no dia 15 com o Braga para o Campeonato. O sucesso ou insucesso desta época joga-se nos próximos quinze dias. Se vierem reforços, sejam eles quais forem, vão contar muito pouco. Foi com os que estão que aqui chegámos. Vai ser com estes que vamos ter de ganhar os jogos que se seguem.

Nenhum destes jogos será a Batalha de Agincourt. O Domingos não é o Henrique V. Não sou, definitivamente, Shakespeare. Mas apetece-me dizer que “aqueles que ganharem estes jogos e chegarem à velhice, no final de cada ano, convidarão os seus amigos e lhes dirão: “amanhã começa um novo ano”. E então, arregaçando as calças, ao mostrar-lhes as cicatrizes, dirão: “recebi estas cicatrizes no início do ano de 2012””.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O manhoso, o líder e o indiferente

Neste vídeo assiste-se a três pormenores muito interessantes. Ao ar seráfico do Soares Dias, enquanto ia permitindo que os jogadores do Marítimo procurassem destabilizar o marcador do penalty. À atitude do Schaars, procurando acabar com aquela brincadeira (aí o Soares Dias decidiu que era árbitro outra vez). Depois disto tudo, à forma impassível como o Wolfswinkel marca o penalty.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Deixem jogar o Carrillo

O resultado é enganador. As coisas foram difíceis. O Marítimo é uma boa equipa e jogou bem. As diferenças estiveram nos detalhes. Mas também é verdade que são os detalhes que fazem a diferença quando as equipa se equivalem.

Na primeira parte não estivemos muito bem. Talvez sirva de desculpa o facto de termos atacado para a parte do relvado em pior estado.

Na segunda parte as coisas começaram a mudar praticamente a partir do nada. Um cruzamento do Capel e, de repente, o Carrillo estava a cabecear para o golo. O Wolfswinkel encosta-se a um central na disputa de uma bola e este quando dá conta já ele se tinha virado e corria para a baliza (andámos anos a ver o Liedson fazer isto). Falta em desespero, penalty e expulsão. O Wolfswinkel resolveu complicar e rematou ao poste. Nova corrida, nova viagem. O Carrillo tenta meter o Rossio na Betesga e mete-o. Falta e novo penalty. Wolfswinkel redime-se e marca o segundo golo.

Parecia tudo acabado, mas o Marítimo não se queria dar por vencido. Oportunidades de um lado e do outro. Até que o Ínsua, farto daquilo tudo, remata fortíssimo contra a cabeça do guarda-redes e na recarga, como quem bebe uma mini e come um prato de tremoços, cabeceia para o terceiro golo. Até pareceu fácil.

O que é que se pode dizer mais? Quando tudo parece um sarilho, eis que aparece o Carrillo (inventei esta com a minha filha; agora não digam mal, vejam lá).

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Respeitar os adversários

Há muito tempo que não cumpria o ritual de ir ao Flávio ler a “Bola”. Ontem, por momentos, recuperei-o. Li o jornal na diagonal, como merece ser lido qualquer jornal desportivo, antes de ser utilizado para embrulhar fanecas ou jaquinzinhos.

O Miguel Sousa Tavares diz lá umas coisas sobre o Sporting. Escreve a graça do costume sobre o Natal (nunca teve grande graça e à força de ser tão repetida, então, não tem graça nenhuma). Mas, sobretudo, afirma que o Sporting fez uma última meia-hora contra a Académica digna de um candidato ao título. Ora aí está uma coisa com a qual concordo.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Depois do jogo, os prognósticos

1. O Sporting depois de perder o Rinaudo tem revelado muito mais dificuldades. O Carriço até se tem portado melhor do que esperava. Só que, quando se quer pressionar mais à frente e circular a bola mais depressa, sabe a pouco.

2. Num primeiro momento, os adversários foram surpreendidas pelo jogo do Sporting. Estavam mal habituadas do passado e algumas deles até pensaram que podiam continuar a vir a Alvalade fazer umas flores. Depois, pouco a pouco, foram aprendendo. Sem o Rinaudo, basta ficar lá atrás e esperar.

3. O jogo do Sporting foi ficando mais estereotipado. As opções não são muitas e as mudanças tácticas não podem, por isso, ser muitas também. Anteontem, a saída do Capel e a colocação do Ínsua na frente resultaram. É preciso ir surpreendendo os adversários. De outra forma, há momentos do jogo em que estamos a chover no molhado.

4. Jogar em 4x3x3 não pressupõe que os extremos joguem pelas linhas exclusivamente. Pelo exemplo do Ínsua contra a Académica, pode ser que o Capel perceba que muitas vezes a forma mais eficaz de chegar ao golo é ir pelo caminho mais fácil, que é em linha recta para a baliza. De vez em quando, é preciso experimentar a colocação de mais um ponta-de-lança. Dependemos excessivamente do Wolfswinkel. Se fosse o Jardel, muito bem. Não sendo, é preciso ir pensando noutras alternativas tácticas, sobretudo quando os adversários se fecham lá atrás.

5. O penalty contra a Académica é por demais evidente. É evidente na televisão e no estádio. O árbitro não marcou e estamos habituados a isso. O típico árbitro português tem características muito singulares. Faz o que convém a quem mais convém. Quando passa a comentador de arbitragem não perde estas singularidades. Ontem no campo, hoje nos estúdios de rádio e televisão ou nos jornais. O ridículo mata quase sempre. Só não mata na arbitragem. Não só não mata, como degrada a percepção colectiva que temos da justiça.

domingo, 18 de dezembro de 2011

O regresso dos heróis

A primeira parte fez-me lembrar o passado, com o Wolfswinkel a fazer de Postiga e o Polga a fazer de Polga. Nestes jogos, em que o adversário defende muito atrás, jogar com um trinco como o Carriço é pura perda de tempo. Na segunda parte, com o Schaars mais recuado, a equipa jogou melhor.

Demorámos muito tempo a compreender que a defesa era o principal ponto fraco da Académica. Depois, o Domingos acertou em praticamente todas as opções que tomou. Só não acertou na baliza, porque não estava a jogar.

A substituição do Capel e a colocação do Ínsua a jogar mais por dentro foi uma ideia simplesmente genial (até o Evaldo fez um centro para golo). A intenção de colocar o Bojinov na zona central a vir mais de trás também foi boa. Só que não resultou tão bem. O homem parece um corpo estranho nesta equipa. O Carrillo fez o que se lhe pedia. Nem sempre bem, mas, quando acertou, fez a diferença: no golo e no lance em que o Onyewu falhou de baliza aberta.

Acabaram por nos gamar mais uma vez. Nada que se estranhe. Não só não se estranha como se entranha no subconsciente de todos. Hoje e amanhã não faltarão os comentadores de arbitragem a dizer que a falta sobre o Ínsua só se consegue ver na televisão. Estes árbitros são uns heróis. Não o são para todos. Mas para alguns são os verdadeiros heróis deste campeonato.

Perguntas de Fim de Semana: Depois das violentas críticas de Pinto da Costa a Duarte Gomes ficamos todos sentados à espera…

…Que Duarte Gomes se recuse a apitar mais jogos do Porto face às declarações hoje produzidas pelo seu Presidente (ou pelo menos que decida “pegar-se” com o... Rui Quinta durante o aquecimento do próximo jogo…)? 

…. Da solidariedade que os ex-heróis da APAF certamente manifestarão com Duarte Gomes, decidindo de imediato boicotar todos os jogos do Porto até Pinto da Costa pedir desculpa pelas suas declarações?
… Da missiva que o ex-Presidente da Liga e actual Presidente da Federação Fernando Gomes não deixará certamente de enviar aos dirigentes do futebol português, recordando-lhes o acordo por eles assinado no sentido de pôr fim às declarações dos dirigentes sobre os árbitros e as arbitragens antes e depois dos jogos?
... Das críticas violentas que o (jornalista) Bruno Prata fará corajosamente ao Porto e a Pinto da Costa por este tipo de declarações?
… De ter amanhã uma excelente arbitragem de um dos manos Costa em Coimbra?
… Da nomeação de um árbitro isento para o próximo Sporting – Porto?
… De assistir aos próximos actos da peça “Esperando por Godot” de Samuel Becket?

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Whatever

As aulas de Quarta-feira ao fim da tarde impediram-me de ver o jogo contra a Lazio. Precisamos de acelerar o processo de empobrecimento nacional. Só assim poderemos ter tempo disponível para ver os jogos que precisamos.

Dignificámos o espectáculo e o futebol em geral. Se assim não fosse, os jogadores da Lazio não festejariam, como festejaram, os golos como se não houvesse amanhã, nem, muito menos, os espectadores estariam, como estavam, em autêntico delírio. Ficámos felizes por perder? Teríamos preferido ganhar? Tanto faz.

Agora, está na hora de regressar à base e preparar os jogos que temos até ao Natal. Esses é que são jogos a sério, e para ganhar. Lá mais para frente, logo vemos se organizamos outro jogo a feijões.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um duro bife não deixa de ser um bom bife

Woody Allen diz-nos que “a realidade é dura, mas ainda é o único lugar onde se pode comer um bom bife”. O que não nos diz, é que não só é dura como muitas vezes nos sai um bife duro como sola também. Aliás, os que não são verdadeiros bifes (ingleses), mas que se parecem com eles (americanos), são sempre um pouco mais duros ainda.

Isaac Newton, um dos melhores bifes que me foi dado provar, concluía isso mesmo na sua Terceira Lei. Quando alguém bate contra uma parede, regista-se uma reacção de intensidade e direcção iguais, mas sentido oposto.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Presos por arames

Vi o jogo de trás para a frente. Vi primeiro os últimos trinta minutos. Saí do Flávio com os nervos em franja. A equipa parecia presa por arames na parte final do jogo.

Mais tranquilo, vi a gravação do restante jogo em casa. Na primeira parte não estivemos propriamente mal. Podíamos ter marcado pelo menos mais um golo. Mas por isto ou por aquilo, acabou sempre por faltar acerto no último passe. Umas vezes ia um pouco mais para a frente do que o desejado, outras um pouco mais para trás.

A segunda parte foi pior, francamente pior. Faltou capacidade física para ter a bola e a rodar entre os jogadores. Tudo parecia sempre feito em esforço. As substituições não ajudaram grande coisa. Com tantos lesionados, as opções não são muitas, essa é que é essa. Agora é mandar os juniores jogar contra a Lazio e descansar a equipa titular.

Duas últimas notas para o Onyewu e o Patrício. No golo, o guarda-redes do Nacional da Madeira teve dois azares. Não só sofreu o golo como ainda teve que esbarrar contra uma parede. O Onyewu é como o défice, segundo a definição de Pedro Passos Coelho. Não é só grande; é verdadeiramente colossal. Ficamos também a dever ao Patrício a vitória. É bom ir registando os pontos que ele nos vai permitindo acumular.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

No topo da Europa

A Liga dos Campeões transformou-se num prolongamento da Liga Espanhola. A Liga Europa, essa sim, passou a constituir a verdadeira competição disputada por muitos dos principais clubes de futebol representativos dos países europeus.

Estar no topo da Europa seria ganhar a Liga Europa esta época. Este é que é um desafio que vale a pena e à medida das nossas ambições.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Mais trabalho, mais conhaque e mais um ponta-de-lança

Trabalho é trabalho; conhaque é conhaque. Nunca soube muito bem o que isto queria dizer. Deve ser qualquer coisa como um “slogan” de prevenção rodoviária, mas em relação ao trabalho. Qualquer coisa como: “se trabalhar não beba conhaque; se beber conhaque não trabalhe”.

Hoje era dia de trabalho e, portanto, não era dia de conhaque, perdão, de Sporting- Belenenses. Só ouvi uma parte do relato no rádio do carro entre o final da primeira parte e meados da segunda. É sempre muito divertido pressentir os locutores e comentadores de monco caído quando o Sporting marca um golo. Porque o Belenenses estava a jogar melhor; porque o Belenenses tinha tido mais oportunidades; porque o futebol é isto mesmo e isto mesmo não é bom se for bom para o Sporting.

Vi o último quarto de hora e o resumo do jogo. Parece-me existir um problema quando jogamos contra equipas que se fecham muito lá trás, como o Belenenses, hoje, ou o Benfica, na última jornada do campeonato. O Wolfswinkel fica muito sozinho na frente. Aí, ou os extremos jogam mais em zonas interiores ou os médios têm que chegar à área ou próximo dela para rematar. Mas nem sempre isso acontece ou quando acontece parece faltar fogo nas botas para rematar de fora de área.

Enfim, talvez não fosse má ideia testar um modelo alternativo com dois pontas-de-lança. É porque ou muito me engano ou esta táctica do José Mota vai-se repetir mais vezes.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

As vantagens de um matulão numa equipa de “meninos”

Alexi Lalas, o (um tudo-nada) excêntrico ex-jogador dos EUA, afirma, n'O Jogo, que o Onyewu “possui uma qualidade que faz dele um jogador especial: é intimidante. A sua presença na área intimida o adversário e isso é muito importante para uma equipa”. Nada que não tenha sublinhado várias vezes.

Diria mesmo mais, não só intimida os adversários como impede os adversários de intimidarem os restantes jogadores da equipa. Isto numa equipa de “meninos”, parecendo que não, faz toda a diferença.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Desespera quem espera e não alcança

Quando menos se espera, as coisas acontecem. Quando não se espera de todo, as coisas acontecem também. Quando se espera, as coisas ainda acontecem mais depressa.

Quem espera sempre alcança. Quem espera desespera. De quem desespera é que não se espera grande coisa.

http://tv1.rtp.pt/noticias/?headline=46&visual=9&tm=28&t=Jorge-Jesus-fala-que-tudo-acontece-quando-menos-nao-se-espera.rtp&article=505844

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Nem com colinho...

Já está! Meteram os passaritos na gaiola.
Adivinha-se um bom fim-de-semana!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Piece of cake

Era dia para estar em casa à lareira. Chuva e frio lá fora. Gente a abarrotar os shoppings. Não era dia para grandes fulgores. Era dia para ver um jogo do Sporting como quem vê um episódio do Dr. House. Sabemos como começa e como acaba. Pelo meio, entretemo-nos.

Fácil de mais, dirão uns. Mas não, não é fácil transformar estes jogos em jogos fáceis. Quando o difícil se torna rotina, até parece fácil. Quem, como nós, viu transformar o fácil em difícil nos últimos anos, sabe do que fala.

Praticamente não há muito mais a dizer. O Zurique não criou uma oportunidade. O nosso guarda-redes não fez uma defesa.

O André Martins é jogador. O Carriço quase que parece um bom trinco. Está até convencido que o é. Na “flash interview” nem sequer apareceu com o seu habitual ar angustiado. A continuar assim, tenho que pensar em desdizer-me. O Wolfswinkel marcou o golo do costume. Desta vez até começou por não correr bem. Não dominou a bola tão bem como pretendia e ela foi-lhe parar ao pé esquerdo. Nessa altura, terá dito qualquer coisa para si próprio como: “que chatice, vai ter que ser mesmo sem grande estilo e com o pé que tenho mais à mão; por este andar nunca serei o Postiga”.

Bem, interrompi a leitura para ver o Sporting. Vou voltar a ela e à lareira.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Capel(a)

Nunca tantos dependeram tanto de uma só vogal. Se é verdade que o Capel desequilibra muito o jogo a favor da sua equipa; também não é menos verdade que o Capela desequilibra muito mais.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Pedro Henriques e os Gato Fedorento

Mal acabou o Benfica-Sporting, iniciou-se, de imediato, o processo de condicionamento da opinião pública. Todos os canais informativos tinham preparado programas de debate sobre o jogo. Tivemos benfiquistas na qualidade de simples adeptos. Tivemos benfiquistas na qualidade de especialistas em questões técnico-tácticas e de arbitragem. Tivemos benfiquistas na qualidade de jornalistas. Também sempre aparece nestas alturas um ou outro sportinguista a fazer papel de idiota útil.

Mas o que mais me impressionou foi um comentário do Pedro Henriques. Para ele, o “agarranço” do Jardel ao Onyewu foi um “penalty de televisão”. Este tipo inovador de penalties caracteriza-se pelo facto de só ser visível pela televisão. A realidade não é para aqui chamada, pelos vistos. É que as imagens demonstram que o árbitro estava exactamente a olhar para o local onde a falta ocorreu. Também não nos esclareceu porque é que essas faltas são marcadas de quando em vez, sempre em benefício dos mesmos.

Parafraseando a rábula dos Gato Fedorento a propósito das posições de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o referendo à lei do aborto, Pedro Henriques é contra a liberalização do “agarranço” dos adversários dentro de área, mas, simultaneamente, é a favor da despenalização dos defesas que assim procedem.

sábado, 26 de novembro de 2011

Há dias que não são dias

O jogo começou com o rapaz Capela ao ataque. Boas combinações com os rebolanços e ares doridos dos jogadores do Benfica. Muito melhor nesta fase do que na segunda parte. Aí resolveu trocar um penalty por uma expulsão. Nada mau, apesar de tudo. Podia ter trocado o penalty por coisa nenhuma, como o costume.

O Sporting jogou bem. O que é se pode dizer mais? Atacámos, criámos oportunidades, rematámos, só que a bola não entrou. Há dias assim. Há dias que não são dias de ganhar.

O Domingos esteve bem. A melhor maneira de jogar contra o Benfica é apostar tudo nos matraquilhos que têm cá atrás. Apostando tudo neles, a bola não sai como deve. Um pouco pior na entrada do André Santos. Quando precisávamos de alguém que jogasse depressa e com assertividade, as coisas emperraram. Fez-nos falta o Rinaudo.

Podiam era dispensar-nos dos comentários do Freitas Lobo e do Miguel Prates. Tudo o que é de mais é doença. O Miguel Prates é como se estivesse a jogar com a camisola vestida. O Freitas Lobo é ou porque está ressabiado com alguma coisa ou porque quando vê o Onyewu desata a salivar. Talvez não seja má ideia continuar o boicote à SporTv da última conferência de imprensa.

Quando acabou o jogo, os jogadores e treinadores do Benfica festejaram como se tivessem ganho a Liga dos Campeões; como os percebo muito bem. Mas não ganharam. Ganharam um só jogo, que estiverem sempre mais próximos de perder. Em Alvalade esperamos por eles.

Os Cisnes Negros do Benfica-Sporting

Antes de iniciar, o Benfica-Sporting joga-se na Curva de Gauss. Lá, a vitória do Sporting fica a um canto, numa das abas do sino. Depois de iniciar, joga-se no campo. Tudo o que sabemos até aí, deixa de ser importante. O que se passar, passar-se-á independentemente do que pensamos que sabemos sobre o que se vai passar.

Só é preciso não ter medo, nem de ganhar, nem de perder. Tudo o resto é de uma imprevisibilidade irredutível. A história faz-se aos ziguezagues. O seu curso muda, exactamente, porque o que se não previu acontece.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Um Líder com problemas de comunicação...

“Com a saída do Villas Boas, é preciso reforçar a aposta no Vítor Pereira” – escreveu o Grande Líder no seu tom oracular. Mas o Antero não entendeu bem a bula e foi o que se viu. Como diz o bom povo, para mau entendedor, meia pala basta.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Self-fulfilling prophecy

A época seguinte aquela em que o Peseiro perdeu tudo o que tinha a perder numa semana começou muito mal. No jogo que precedeu o seu despedimento, que por arrastamento deu origem à demissão do Dias da Cunha, os jogadores já tinham atirado a toalha ao chão. Simplesmente, não acreditavam no treinador e anteciparam uma inevitabilidade: o seu despedimento.

Quando assim acontece, não há muito a fazer. Os jogadores passam a acreditar que com aquele treinador não vão lá e essa é uma profecia que se auto-realiza. Não acreditam, não se empenham devidamente, não fazem o que lhes é pedido, interpretam qualquer contrariedade durante os jogos como a confirmação dessa sua profecia.

O Porto encontra-se na mesma situação. Podem sempre tentar encontrar umas tantas maçãs podres, mas as condições que levam ao fracasso estão instaladas, e quanto a isso pouco há a fazer. Estão a demorar a decidir mais do que devem. Pode ser que o Sporting aproveite.

domingo, 20 de novembro de 2011

Adolescência e existencialismo na vitória contra o Braga

A minha filha fazia anos hoje. Passei o fim-de-semana com ela e mais doze adolescentes numa aldeia, em Cabeceiras de Basto. Não tive tempo para quase nada a não ser para transportar pizzas, rissóis, batatas fritas e garrafas de Coca-Cola. Quando cheguei a Braga, tinha uma “reprise” à espera, agora com a família.

Quando tudo acabou é que pude ir ver o resto do jogo contra o Braga ao café. Estava quase tudo resolvido. Ganhávamos por dois zero e o Braga estava com menos um jogador. Nada se passou de especial durante os trinta minutos que vi. Muitos ataques mal finalizados por nós; havia sempre alguém que demorava mais tempo a passar a bola do que devia ou a passava mal. Um ou outro contra-ataque do Braga, mais por dever de ofício do que por qualquer outra razão.

Mesmo assim, nunca me canso de ver o entusiasmo adolescente que o Polga coloca nas suas arrancadas para a área contrária nos lances de bola parada. Movimenta-se, desmarca-se e chega mesmo a pedir a bola aos colegas. A minha experiência deste fim-de-semana diz-me que a adolescência perturba muito os adultos, sejam eles os defesas ou os pais da aniversariante.

A entrada do Nuno Gomes é sempre um momento empolgante também. Os treinadores, o Leonardo Jardim e todos os outros anteriores, quando o metem nestas alturas esperam sempre o grande salto em frente. Como na República Popular da China, nunca acontece, mas dá origem a um intenso debate intelectual. Não temos o Jean-Paul Sartre, mas o Freitas Lobo ou o João Rosado disfarçam bem.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Tempo Extra – Pergunta da Semana

"Se o Sporting tratou de arranjar os jogadores e o treinador, se o Benfica tratou de arranjar um campo onde portugueses e bósnios coubessem à larga, quem é que ontem se esqueceu de tratar do árbitro?"

Demasiado Sporting para a Bósnia

Os bósnios resistiram a quase tudo. Ao primeiro “scud” do Ronaldo. Ao segundo “scud” do Nani. À correria estonteante do Ronaldo. À estúpida expulsão de um seu jogador. Mas quando sofreram um golo do Postiga foram-se a abaixo. Não sei se a Bósnia recuperará alguma vez de um trauma destes.

Quanto ao resto, foi Sporting a mais e Bósnia a menos. A nove dos catorze jogadores utilizados pela selecção - Patrício, João Pereira, Miguel Veloso, Moutinho, Ronaldo, Nani, Postiga, Carlos Martins e Quaresma - une-os um só clube: o Sporting. As coisas chegaram a um tal extremo, que foi preciso que nós transformássemos uma abóbora numa abóbora com rodas para que a selecção pudesse dispor de uma avançado-centro.

Como acontece sempre nestas alturas, o país reviu-se em nós, e nós, por momentos, fomos o país.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O Treinador & os Bons Conselhos (*)

Nasrudin começou a construir uma casa. Os seus amigos "Shadi" Freitas Lobo, "Abdul" Luís Campos e "Gamal" Rui Santos rodearam-no de bons conselhos. Nasrudin estava radiante. Um após outro, e às vezes todos juntos, os amigos disseram-lhe o que fazer. Nasrudin seguia docilmente as instruções que cada um lhe dava.


Porém, quando terminou, aquilo não se parecia em nada com uma casa.- Que curioso! - disse Nasrudin para os seus amigos – e, contudo, eu fiz exactamente aquilo que cada um de vocês me tinha dito para fazer!

(*) Adaptada de Nasrudin e os Bons Conselhos

domingo, 13 de novembro de 2011

Um Domingo a malhar no Benfica

Não sou o Santos Silva do Sporting, mas se há coisa que gosto é de malhar no Benfica. Mais do que malhar no Benfica, gosto de nos ver, em qualquer modalidade, a malhar neles.

Demos-lhes 26-17 em andebol. Marcaram 9 golos na primeira e 8 golos na segunda parte, apesar de termos facilitado um pouco no final. A nossa defesa transformou-se numa autêntica parede. Mesmo quando era furada, lá estava o Hugo Figueira.

Os comentários, embora não atingindo o fanatismo do futebol, foram os do costume. Para os comentadores só estava a jogar uma equipa: o Benfica. O resultado foi só demérito deles. Em nenhum momento, se lembraram que do outro lado estava uma equipa que lhes foi muito superior. Essa foi tão-só a causa da desgraça.

sábado, 12 de novembro de 2011

Boquiaberto de boca aberta

Tinha uma consulta marcada no dentista às 19.00h. Tinha-me esquecido das quatro últimas consultas. Costumam-me ligar do consultório no próprio dia para não me esquecer. Desta vez ligaram-me duas vezes: de manhã e uma hora antes da consulta. Desta vez não podia faltar.

Não falhei a consulta; falhei o jogo da selecção. Mesmo assim, o Nuno ainda me ligou a televisão no consultório para que pudesse ver o jogo enquanto me esburacava um dente. Vi pouco, mas vi o suficiente. A um dado momento, na primeira parte, um cruzamento do lado direito ia deixar o Moutinho em posição de rematar sem oposição e com grandes possibilidades de marcar golo. Eis se não quando, surge o Postiga e se intromete, tentando um pontapé de bicicleta. Aliviou a bola e evitou um golo à Bósnia.

Se já não estivesse de boca aberta ainda teria ficado mais boquiaberto. Senti um misto de sentimentos: nostalgia, por um lado, e alívio, por outro. Nostalgia, porque tinha saudades de ver o estarola do Postiga a jogar e de escrever sobre ele. Alívio, porque nunca mais teremos de o suportar no Sporting.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Terapia Motivacional para Hoje & Amanhã…


- Hoje em Angola- “Humilhação não é levar um pontapé: é merecê-lo...” (J. Verdoevem)

- Amanhã em Portugal - “Humilhação é o estágio de um Vencedor!” (Paulo Lutzoff)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Vendendo pechisbeque aos Beduínos

Tão interessantes como os jogos são as narrativas que se constroem a partir deles. O Manuel Cajuda, um autêntico Oliveira da Figueira do futebol português, decretou solenemente no final que a União de Leiria tinha realizado um grande jogo. A parte das forças ocultas que tinha impedido a vitória foi desmentida pelos factos, mas a estória do grande jogo do Leiria ficou.

Aqui, ninguém se lembrou de analisar os factos. O Sporting jogou nas piores circunstâncias possíveis. A defesa é mais do que uma defesa de recurso. Qualquer equipa com aquela defesa do meio da tabela para baixo descia sempre de divisão. O meio campo estava em testes. À falta de melhor, jogou o Pereirinha (sim, o Pereirinha) no ataque. O Capel jogou com a junta da colaça queimada. Fisicamente, depois de um jogo a menos de três dias, a equipa estava de rastos.

No meio desta desgraça toda, o Leiria só conseguiu criar uma única oportunidade de golo. Atenção: o golo não é uma oportunidade é um auto-golo. Para a troca, sofreram três golos; no segundo com o Matias a desfazer-se. Se isto é um grande jogo, então, o do Sporting está para o futebol como a estátua de David está para as artes plásticas.

domingo, 6 de novembro de 2011

Domingos, o sobrevivente

É preciso urgentemente voltar a atarraxar as peças dos jogadores que não jogaram. Provavelmente, vai ser preciso atarraxar também as de alguns que jogaram hoje. A equipa está a desfazer-se.

Não fiquei a saber muito bem qual era o júnior da defesa. Parecia, toda ela, uma defesa de juniores, tal a tremedeira. O meio-campo já tinha entregue a alma ao criador ainda faltava mais de meia-hora para acabar o jogo. Salvou-se o Elias. Foi o único com fibra para os calmeirões do Leiria.

O Domingos fez tudo bem. Dos que sobravam, arranjou os melhores. Colocou o Pereirinha a jogar de início, para ter o Carrillo no banco como alternativa, caso fosse necessário agitar o jogo. Quando as coisas se começaram a complicar e ninguém se conseguia mexer, tirou o Capel, que estava naqueles jogos que nem para trás nem para a frente lhe saía nada de jeito. O André Santos entrou naquele seu jeito a correr em bicos-de-pés, saltando de nenúfar em nenúfar. Quando o Matias estava a entrar em coma - no segundo golo já tinha visto esvair-se o seu último sopro de vitalidade -, entrou o Arias e muito bem.

Mesmo assim, com excepção de um lance, o Leiria não teve oportunidades de golo. O perigo vinha mais das tremedeiras de uma defesa em permanente estado de ansiedade do que das jogadas do adversário. Como previa, o Wolfswinkel não podia acabar o jogo sem fazer o gosto ao pé.

Fazendo umas contas rápidas, estamos a um ponto da liderança; isto num campeonato pouco sério. Imaginem se fosse sério.

sábado, 5 de novembro de 2011

O regresso dos Bentos

Fui ver uma sessão de dança contemporânea coreografa pelo Paulo Ribeiro. É o que dá o Sporting não jogar às sextas-feiras também. Ou porque estava a perceber o que via ou, pelo contrário, porque não estava, veio-me à cabeça a lesão do Rinaudo outra vez.

A sua substituição não é fácil. Não há ninguém na equipa do Sporting com as mesmas características. Ninguém leva a sério o André Santos sozinho à frente da defesa. Também ninguém no seu juízo perfeito pensa no Carriço como alternativa; mais depressa lá colocava qualquer um dos outros centrais.

A solução muito dificilmente não implicará uma alteração táctica da equipa. Porventura, passará pela reposicionamento do meio campo actual, qualquer coisa como o Schaars e o Elias a jogarem mais atrás. Não é a mesma coisa que estamos habituados, mas quem ganhou um campeonato com o Paulo Bento e o Rui Bento a fazerem este (triste, na altura) papel, não pode deixar de ter esperança.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Nada é definitivo

Não vi o jogo contra o Vaslui. Ouvi o relato no comboio de regresso a casa, depois de mais uma deslocação a Lisboa em trabalho. Após a lesão do Rinaudo e o golo do Vaslui desisti.

Há dias assim. Há dias em que nada corre bem. Mas o pior de tudo é a lesão do Rinaudo. Sem o Rinaudo vamos ter que nos reinventar. Escusam de continuar a fazer contas de cabeça aos amarelos cirúrgicos que lhe iriam mostrar para que não jogasse os jogos que mais interessavam.

Lembro-me do título que ganhámos com o Inácio depois do grande jejum. O infortúnio do Delfim permitiu (re)descobrir o Vidigal, que, com a ajuda do Duscher, se transformou numa autêntica parede. Essa foi a equipa mais solidária que conheci. Hoje, como nessa época, é dessa solidariedade entre os jogadores que vamos precisar. Aí está um desafio à altura deles e do Domingos.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Portices...

Na 2ª feira ouvia Freitas Lobo na TSF a explicar como é que a saída amarga de Hulk no jogo da última jornada, seria transformada pelo porto num momento único e especial e que permitiria a Hulk explodir já no próximo jogo.

Dizia Freitas Lobo que o porto é um máquina oleada como nenhuma outra e que, à semelhança do que sucedeu com moutinho, esta saída de Hulk era parte de um elaborado esquema motivacional, com vista a retirar Hulk da actual mediania exibicional, numa espécie de psicologia invertida.

Só um comentador de grande gabarito como Freitas Lobo conseguia preconizar tal explosão.
Fiquei verdadeiramente rendido ao futebol de fino recote que o porto exibiu ontem em Chipre, em especial a sua estrela maior Hulk.

Para a semana proponho a Freitas Lobo que nos explica como o porto acertou em cheio nas suas contratações para 2011/12, em especial os milhões por pagar por atletas únicos como são Mangala e Defour, ou ainda o sucesso esmagador da contratação Kleber.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Se ainda não fomos suficientemente prejudicados desta vez, sê-lo-emos para a próxima

Já se instalou no inconsciente colectivo que somos prejudicados. A situação normal não é a de o não sermos. A situação normal é de o sermos permanentemente. Quando aparentemente o não somos, então, beneficiaram-nos. A narrativa que se constrói a partir de cada arbitragem não é mais do que a preparação da próxima. Os famosos comentadores de arbitragem, todos eles ex-árbitros do famoso período dourado do futebol nacional, cumprem esse seu papel à risca.

O programa da TVI de Domingo com o Pedro Henriques foi o exemplo mais acabado da construção dessa narrativa. A primeira imagem analisada foi a de um fora-de-jogo mal assinalado a um jogador do Feirense. A jogada é completamente inócua e o que se salienta dela é a falta de jeito do jogador para dominar a bola com a canela, tendo-a atirado para fora. Para que é que serviu esta imagem? Para demonstrar que o Feirense tinha sido prejudicado, equiparando de forma implícita esta jogada a outras verdadeiramente relevantes decididas contra o Sporting.

Depois vem o penalty sobre o Elias. O penalty é claro e há muito pouco a dizer sobre ele. Nesse tipo de jogadas, quando vão dois jogadores à bola, o que chega mais tarde acaba sempre por derrubar o adversário. O árbitro viu muito bem o lance. De outra forma, teria assinalado canto e não pontapé de baliza. Para Pedro Henriques as coisas são muito mais complicadas. Só com imagens televisivas é que vê que é penalty e a grande maioria dos árbitros, incluindo ele, não o teriam marcado.

Na expulsão do jogador do Feirense, para Pedro Henriques, trata-se de uma falta negligente e sobre um jogador que ainda tinha vários adversários pela frente. Ficámos a saber duas coisas. O qualificativo é que determina o amarelo (ninguém explica porque é negligente e não estúpida, por exemplo, ou porque sendo negligente não determina a amostragem do amarelo). Em nenhum momento se diz que o jogador do Feirense teve uma conduta anti-desportiva. É que, num contexto de uma jogada de ataque perigosa, não teve outra intenção que não fosse a de derrubar o adversário. A falta é uma simples placagem e ponto final. Por outro lado, ficámos a saber que sempre que um jogador tem adversários pela frente pode ser derrubado de qualquer forma sem que isso justifique o amarelo.

Em relação à entrada do jogador do Feirense sobre o Jéffren, o comentador comenta-se a si próprio. Não foi falta para vermelho porque quando da expulsão do Rinaudo no jogo contra o Guimarães também considerou que a falta era para amarelo. Esqueceu-se foi de nos explicar porque é que as faltas são equiparáveis e porque é que o Rinaudo foi para a rua e o jogador do Feirense não.

O comentário sobre o amarelo ao Rinaudo, então, foi risível. A falta não foi para amarelo, diz Pedro Henriques. Mas qual falta? Uma de duas: ou é falta e o Rinaudo só pode ver o amarelo; ou não é falta. O que não quis dizer Pedro Henriques foi que o árbitro errou duas vezes. Não só marcou mal um livre perigoso contra o Sporting como, não contente com isso, mostrou mal também o inevitável cartão amarelo ao Rinaudo.

Por fim, o que Pedro Henriques não viu, não quis ver ou não quis comentar, foi o sistemático anti-jogo da equipa do Feirense premiado pela arbitragem através da não amostragem de qualquer amarelo na primeira parte. O jogo foi um mau jogo, antes de mais, porque o árbitro tudo permitiu à equipa do Feirense.

domingo, 30 de outubro de 2011

Vencer a irritação

Acabei a semana de trabalho irritado. Passei o fim-de-semana irritado com a perspectiva de voltar amanhã ao que me irritou. Fui, portanto, irritado ver o jogo contra o Feirense. O Flávio fecha ao Domingo, o que me obrigou a ir ver o jogo no café do outro lado da rua. O café é pequeno e barulhento, o que também não ajuda nada quem está irritado.

O jogo começou irritante. Na primeira reposição de bola, o Feirense já estava a queimar tempo. Faltas e mais faltas para parar o jogo. O árbitro, em vez de mostrar amarelos, a chamar os jogadores e a dizer-lhes que aquela era a última vez. Depois deste espectáculo, dá dez segundos de descontos.

Se não fossem os estarolas dos comentadores, a primeira parte só tinha esta triste história. Mas o penalty sobre o Elias e os comentários salvaram-nos. O Freitas Lobo, arguto como sempre, começou por afirmar que o Elias já ia em queda. A seguir, disseram que o jogador do Feirense foi bem intencionado à bola. A muito custo sempre acabaram por ver que houve falta. Nunca tiraram a conclusão devida e a palavra “penalty” nunca foi pronunciada.

A segunda parte começou na mesma, com os jogadores do Feirense a darem pau. A impunidade era tanta que quando um foi expulso todos ficaram indignados e com razão: se o árbitro manda dar pau, não se compreende porque razão não se continua à paulada até ao fim. O Domingos acordou e procurou descomplicar o que tinha complicado desde o início. Entrou o Carrillo e depois o Jéffren.

Os do Feirense continuam na mesma e fazem penalty. Mesmo a ganharmos por um a zero, o jogo continuou irritante. O Schaars, farto daquilo tudo, acabou com ele à paulada, mas na bola. Nesse golo gostei de várias coisas. Da insistência do Onyewu, um rapaz grandote do Feirense ainda o tentou pressionar, só que com aquele há pouco a fazer, do remate do Schaars e da reacção do guarda-redes, que dez minutos depois da bola entrar lembrou-se de ainda tentar a defesa (terá pensado que, mesmo em situações desesperadas como aquela, lhe ficava mal ficar a olhar para a bola).

Regresso a casa. Como uma arrozada de peixe. Estava excelente. Sinto-me mais calmo. O campeonato é assim mesmo. Todos os jogos são para ganhar, irritantes ou não.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Já agora.

Há 9 jogos seguidos que não ouço o papagaio do Bruno Carvalho. Espero que assim continue, por muitos e bons anos. Era bom sinal.

Águas a Presidente

O Dr. Carlos Marta, Presidente do Município de Tondela e candidato a Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, nem sempre se chamou assim. Nos anos 80 era extremo direito no Académico de Viseu e chamava-se Águas. Teve o seu momento de glória quando marcou um golo em Alvalade, que permitiu a vitória do Académico de Viseu contra o Sporting.

Como sou de Viseu, nesse jogo o meu coração tremeu. Confesso: queria que o Académico de Viseu ganhasse. O Águas foi um herói nesse jogo e assim permaneceu na minha memória. Há uns anos, por indicação de um amigo comum, fui convidado por ele para fazer um conferência em Tondela (o tema não vem ao caso; aliás, o tema é irrelevante para este caso). Quando nos apresentámos, tive uma desilusão. Não (re)conheci o Águas, um herói da fase final da minha adolescência, conheci o Dr. Carlos Marta.

Isto tudo para falar da dissonância na Direcção do Sporting a propósito das eleições para a Federação Portuguesa de Futebol. Se o Sporting tiver capacidade efectiva de influenciar a constituição das duas listas, sobretudo ao Conselho de Arbitragem, a ideia de apoiar os dois candidatos (Fernando Gomes e Carlos Marta) pode não ser má; quando se sabe que a eleição dos membros desse Conselho é efectuada pelo método proporcional. Agora, quando sabemos que os candidatos a Presidente desse órgão são o Vítor Pereira e o Paulo Costa, ficamos sempre na dúvida se o Luís Duque não estará, mais uma vez, a exorbitar das suas funções.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Don't ever stop

Quando vejo jogar o Sporting só quero duas coisas: que o jogo não acabe e que os jogadores não se deslumbrem consigo próprios. Primeiro, porque a vida de todos nós fora do jogo é cada vez mais insuportável. Segundo, há jogadores como o Carrillo que não se podem perder; seria um crime para o futebol.

O que é que se pode dizer mais deste jogo contra o Gil Vicente quando o Carriço marca um golo a centro de Polga? Quando o Capel marca dois golos de cabeça? Quando o Bojinov em meia dúzia de minutos em campo marca dois golos? Quando acabamos o jogo com quatro avançados? Talvez dizer que o Domingos está a construir uma grande equipa. Talvez dizer que o Domingos é um grande treinador.

Houve jogadas notáveis, mas saliento a do quinto golo. Pela arrogância do Carrilo, que vai para cima do defesa, como quem lhe pergunta por que lado quer ser passado, dá-lhe três metros de avanço e faz um passe de morte com a “soupless” de quem está a jogar uma peladinha com os amigos.

domingo, 23 de outubro de 2011

Ronaldo também Messi…

Adoro ver bom futebol. Por isso, desde os 18 anos que, sempre que tenho possibilidade, gosto de ver jogos do campeonato espanhol. Por isso, é um prazer ver jogar Ronaldo. Por isso, é um prazer ver jogar Messi. Para mim, Ronaldo e Messi são, neste momento, a grande distância, os melhores do mundo.

Qual deles é o melhor? As opiniões dividem-se e a discussão apaixona os adeptos mais fervorosos. O meu filhote diz que é o Messi, o mágico do futebol “play station”. O meu irmão diz que é o Ronaldo, o atleta perfeito. Mas ambos também adoram ver jogar o seu principal rival.
Em Portugal, a generalidade da comunicação social tem um gostinho especial por, mais do que mitificar a genialidade de Messi, procurar, implícita ou mesmo explicitamente, secundarizar a genialidade de Ronaldo. É certo que Ronaldo nem sempre tem estado no seu melhor na selecção nacional. Mas também é certo que Messi também não parece o mesmo quando actua pela selecção argentina. Quando Messi está melhor que Ronaldo num fim-de-semana, o amesquinhamento do madeirense por parte dos media portugueses é garantido. Quando, pelo contrário, Ronaldo está melhor que Messi, como neste ou noutros fins-de-semana, o principal mérito é dado ao seu treinador (em Manchester, a Ferguson e, agora, em Madrid, a José Mourinho).
Todas as opiniões são legítimas, mas se Ronaldo tivesse sido formado no Benfica e não no Sporting, como seria tratado o madeirense pela comunicação social portuguesa? Alguém se atreveria a colocar Ronaldo num segundo plano face a Messi? Ou, pelo contrário, seria considerado unanimemente como o melhor futebolista português de sempre? Ou até, no caso dos fervorosos cronistas d' "A Bola", não teria já sido eleito Ronaldo como o melhor futebolista mundial de todos os tempos, logo à frente de Eusébio e de… Rui Costa?

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Jogar contra o destino

Decidi chegar a casa mais cedo para ver o jogo contra o Vaslui. Mesmo assim, não cheguei tão cedo quanto queria. Perdi os primeiros vinte e cinco minutos do jogo. Não conheço a minha casa durante a semana àquela hora. Senti-me verdadeiramente em casa e mais em casa me senti quando comecei a ver jogar o Sporting.

O futebol tem no Sporting desta época também um porto seguro, como a bola nos pés do Matias. Cada passe, finta, simulação ou remate vai assinado. Retenho várias imagens: a parábola de livre, a trivela do golo, a arrancada e o passe para o golo do Evaldo.

Depois temos o Capel. Não via um jogador tão entusiasmante há muito. Não sei a que atribua maior mérito no segundo golo, se à arrancada imparável do Capel, ao túnel do Carrillo ou à trivela do Matias. Qualquer um das jogadas é notável. Juntas são um monumento.

Sabemos jogar com dez. Sabemos jogar contra dez. Falta saber, no fim, se somos capazes de jogar contra o destino.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Notícia do DN

Num dos meus mais brilhantes momentos de Sportinguismo desloquei-me a Madrid para assistir a um Atlético de Madrid - Sporting.

Apesar do resultado de 0-0 foi um dia especial ... Estavam mais de 5.000 adeptos leoninos e a oportunidade de fazer o caminho da Plaza Mayor ao Vicente Calderon entre esse milhares de Sportinguistas foi um momento especial.

Pelo caminho para além de vários hinos ao nosso Clube e piropos às espanholas que viam a multidão a passar... um hino ecoava com especial emoção entre os adeptos:

[ ohhhhh ... eu vi o simão ... no sexyhot ... no sexyhot .... a levar no pacote ... ]

Ontem ao ler o Diário de Notícias fui informado de negociações com vista ao regresso a Alvalade desse pulha, desse cretino que dá pelo nome de Simão Sabrosa.

Eu serei do Sporting até morrer e com ou sem Subsidio de Natal continuarei a ser sócio do Grande Sporting. Mas se possível poupem-me a merdas destas.

Saudações Leoninas,

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Para onde vão tantos pontos?

No jogo contra o Olhanense ficámos sem dois pontos. Ficámos a saber agora que o fiscal-de-linha desse jogo (José Cardinal) viu a sua classificação reduzida em 1,1 pontos. Ficámos a saber que o observador desse jogo (Albano Fialho) vai ser penalizado em três pontos também.

Para onde foram esses 6,1 pontos? Os do Sporting sei para onde foram: directamente para o Benfica e Porto. E os 4,1 que sobram? Vão-nos ser atribuídos em compensação?

sábado, 15 de outubro de 2011

Quando é que voltam os jogos a sério?

Andámos não sei quanto tempo sem bola para a selecção preparar o apuramento; ainda para mais para fazer o lindo serviço que se viu contra a Dinamarca. Agora, enfiam-nos com a festa do povo, e vá de fazer um jogo treino a Famalicão. Um aborrecimento de todo o tamanho.

Ficámos a saber que o Wolfswinkel também marca golos de penalty e de cabeça. Já suspeitávamos, mas é sempre bom ter a certeza. O Pererinha fez um centro para golo. Apetece dizer que quem faz um centro faz um cento (o trocadilho está ao nível do jogo) e, portanto, ainda vamos a tempo de reinventar o homem.

Com o Evaldo a central, a outra equipa, jogue com quem jogar (com onze, dez ou nove), transforma-se numa Barcelona em potência. Essa opção pode não ser má se se pretender, como hoje, confirmar que o Marcelo Boeck é um excelente guarda-redes. Mas estando a prova feita, não acredito que o Domingos a pretenda repetir.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Ai a Tola, Queiroz!

-  “Comigo à frente da Selecção, a qualificação teria sido absolutamente natural, normal, consistente, e estaríamos agora na fase final do Euro.”, O Professor

Salvo demonstração em contrário, em vez da grandiosa epopeia que julga ter estado em condições de realizar, o Professor pode é estar a bater com os punhos contra as grades da janela do asilo "Casa do Futebol", garantindo chamar-se Alex Ferguson e pedindo para ser tratado apenas por Sir, para deleite inocente de muitos espectadores desprevenidos (adaptada do Dicionário do Diabo, de Ambrose Bierce).

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Quem quer ter uma selecção que a pague

Não se podia pedir mais. Se outro mérito não teve o Paulo Bento, teve seguramente o de demonstrar, a quem ainda tivesse dúvidas, que o Queiroz é uma fraude. A sanidade que isto traz ao futebol português vale muito.

Agora, não parece que dê para muito mais do que deu: ganhar à Islândia, ao Chipre e à Noruega e perder com a Dinamarca. Vamos ver se ainda chegamos à fase final. Mas, mesmo que lá cheguemos, uma selecção assim não vai muito longe.

A partir de agora, as coisas só vão piorar. Andamos à caça dos Eliseus e a reciclar o Postiga e o Nuno Gomes. Isto diz tudo. Peçam ao Pinto da Costa, ao Filipe Vieira, ao Jorge Mendes, ao Vitor Pereira, ao Olegário, ao Duarte Gomes e a outros que tais que formem os futuros jogadores da selecção. Nós estamos fartos de dar para esse peditório e de ainda sermos gozados por cima. Se a Federação, os portistas, os benfiquistas querem ter uma selecção competitiva, que a paguem também.

Sabemos que Freitas Lobo prefere o “pilar” Rolando ou mesmo…

… Um “avançado elegante” como Milan Purovic, ”com grande capacidade atlética e um remate potente e colocado, com o pé direito. Busca espaços, fora ou dentro da área, escapa aos seus marcadores, e remata muito bem. Não é muito veloz mas, agressivo, movimenta-se com grande inteligência. Destaca-se também a cabecear. Pode jogar sozinho no ataque ou com outro avançado a seu lado (fez dupla com Zigic). O seu futebol cresce quando se aproxima da área” (Freitas Lobo).
Purovic, confirmou-se, era, de facto, tão elegante como um Fred Astaire. Tão agressivo e inteligente como o Professor Marcelo. Tão ladino a escapar aos adversários como o Vale e Azevedo.
Nós não temos o sentido visionário de Freitas Lobo. Talvez por isso preferimos, em vez da elegância destes pilares, a nossa mal-ajambrada torre americana. Se hoje conseguimos ver mais longe, foi por estarmos sobre os ombros deste gigante.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

sábado, 8 de outubro de 2011

(En)rolando

Excelente jogo de Portugal contra a Islândia em hóquei em patins. Numa abordagem impressionista ao jogo, ficam duas ou três imagens.

O Postiga completamente à vontade e em excelentes condições para rematar à baliza a atirar-se para o chão e a marcar um golo com a canela. À falta de taco, uma carambola daquelas só se consegue dando o efeito devido à bola com a canela. Só o Postiga e o Jorge Theriaga estão em condições de dar esse efeito.

O Rolando a fazer um penalty digno de um júnior. O Rolando faz boas duplas mas não com o Bruno Alves. Faz boas duplas com o Olegário, o Soares Dias e por aí fora. Não podendo contar com eles, talvez não fosse má ideia o Paulo Bento convocar o Tonel.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Reforços de S. Martinho

Com a saída do Luís Aguiar e a operação do Izmailov não podemos esperar pela abertura do mercado de Inverno. Vai ter que ser mesmo pelo S. Martinho.

Entram o Carlos Trindade Gomes e o Rui Almeida, sportinguistas de velha têmpera de Viseu (como sabem, o Distrito onde, em termos relativos, se fazem mais e melhores sportinguistas). São, sobretudo, velhos amigos. Daqueles que contam, quando só temos os dedos para os contar.

O Árbitro Incorruptivel

E sem dúvida aquele árbitro era incorruptível. Chamou à parte o Presidente de um clube e disse - Ontem à noite recebi os quinhentinhos com que o Senhor me pretende subornar. Como o seu colega do clube adversário já me tinha enviado uma milena, eu sugiro que o Senhor me dê mais quinhentinhos para que eu possa arbitrar o jogo com absoluta imparcialidade.
PS - Adaptado de “Pílulas” de Millor Fernandes
NB - Os valores em causa têm já em consideração os cortes salariais do próximo PEC.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O anti-Lexotan

O futebol e o Sporting são o melhor Lexotan que conheço. Quando a bola começa a rolar tudo se esquece; os problemas, por mais graves que sejam, passam para outro plano; quando há bola só há bola.

Com o Bruno Paixão e outros, o futebol torna-se num exercício de irritação. Só que para nos irritarmos já temos coisas na vida que cheguem. Mesmo depois da vitória permanece a irritação. Não é para isto que serve, seguramente, o futebol.

domingo, 2 de outubro de 2011

Os adeptos têm a palavra

Acordei mal disposto. Este Verão de S. Martinho, com mais de trinta graus em Braga, deixa qualquer um zonzo. Interpretei esta disposição como maus augúrios. Se não gostasse da minha gata, ainda lhe revolvia as entranhas para os confirmar.

Ainda pensei que os augúrios não tinham razão de ser quando o Capel marcou, logo a abrir, o primeiro golo. Gostei particularmente de ver o central do Guimarães tão preocupado com a desmarcação do Wolfswinkel que nem deu conta que o Capel estava isolado.

Mas o Bruno Paixão estava em campo e, por isso, os augúrios tinham razão de ser. Aos vinte minutos, estávamos a jogar com dez. Até ao final da primeira parte não se notou. Ainda fomos nós a criar as melhores oportunidades. Na segunda parte resolvemos dar um massacre defensivo ao Guimarães. Cheguei a ter pena deles: nem uma oportunidade de golo para amostra.

Não sei o que se pode dizer mais. Assim as coisas não podem continuar. Como não sou adepto de qualquer tipo de violência e a justiça desportiva não funciona, resta-nos recorrer aos tribunais civis. O Sporting não o pode fazer, mas os seus adeptos podem. O Abrantes Mendes levantou essa hipótese durante a campanha. Vale a pena pensar nela.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Voltei a "sofrer" pelo Sporting

Podem estranhar o título que resolvi dar a este post, mas a verdade é que esta 5ª feira voltei a "sofrer" pelo grande Sporting. Claro que nos últimos anos tenho sofrido e muito com o Sporting, mas ontem "sofri" pelo Sporting.

Voltei a sentir aquele nervoso, a cada lance parecia que ia rebentar com os nervos. Voltei anos atrás e lembrei-me dos dias em que fugia de casa para ir à bola. Lembrei-me da excitação dos dias que antecipam os jogos, do apito inicial que não chega ... de ver passar os minutos imaginando as grandes jogadas, e os golos que me enchiam a alma!

O Sporting está de volta... e a minha alegria pelo futebol também.

P.S. Depois de um primeiro teste em 10 contra 11 durante 40 minutos, seguem-se 90 minutos de 11 contra 14 este Domingo. Vamos ver se o "chefe da fruta e do café com leite" nos dá descanso.

Preparação para o jogo contra o Bruno Paixão

Nem a pedido se arranjava um treino melhor para preparação do próximo jogo contra o Bruno Paixão. Bem andou o treinador da Lazio quando substituiu o central que há muito devia estar na rua. Não o substituiu para o poupar ao vermelho. Isso nunca iria acontecer, fizesse o que fizesse. Substituiu-o para poupar o árbitro a tanta falta de vergonha, pois é um árbitro que lhes pode fazer muita falta no futuro.

À equipa e aos jogadores não se pode apontar nada. Não somos a melhor equipa do Mundo. Os jogadores não são os melhores do Mundo. Agora querem - e querem muito - marcar golos e ganhar jogos. E isso é claro para todos, principalmente para os adversários. Eles querem isso, nós queremos o que eles querem e eles sabem que nós sabemos que querem isso. Depois é um estádio em festa.

Podia falar de qualquer um dos jogadores. Apetece-me falar do Capel, até porque os comentadores não falam dele como devem. Quando recebe a bola e se vira para o defesa é como se lhe perguntasse para que lado quer ser passado. Se se encosta para o lado de fora, passa-o pelo lado de dentro. Se dá mais o lado de fora, é mesmo por ali que o passa. Nem sempre decide bem, mas nunca perde a bola e, na pior das hipóteses, arranca uma falta. Os defesas direitos das outras equipas quando entram já sabem que é para sofrer.

O Domingos disse que só uma grande equipa ganhava à Lazio. Nós somos uma grande equipa, então. Mas só uma verdadeira equipa é que ganha nas condições em que hoje o Sporting ganhou. Não estamos só a jogar bem. Estamos a ganhar uma verdadeira equipa. Só uma verdadeira equipa é que ganha títulos.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Há pessoas que não devem ser contrariadas

Nada me descansa mais do que ir ao Flávio ao fim do jantar ler a imprensa diária. Leio sempre o Diário do Minho e o Correio do Minho. Afinal, sempre vivo em Braga, embora ainda me custe a acreditar. Quando estou muito cansado, às vezes, também leio “A Bola”. Ontem foi um dia desses.

Sousa Tavares afirma que o Sporting ganhou ao Paços de Ferreira, ao Zurique, ao Rio Ave e ao Setúbal por sorte. Sendo assim, pergunta-se, legitimamente (segundo ele), o que acontecerá ao Sporting quando deixar de ter sorte. Há pessoas que em certas circunstâncias não devem ser contrariadas. Ainda hoje a minha mãe afirma que sempre fui muito estudioso. Nunca lhe disse a verdade, para ela não me ver com os olhos que nunca me viu. É melhor assim, para os dois.

Cruz dos Santos também é daqueles que não devem ser contrariados. Afirma que o Cardozo viu bem o amarelo porque “esperneou, tal como o Fucile”. Espernear é um verbo a que não recorro muito, mas vou ter que o usar mais vezes. Pelos vistos, as tecnicidades do futebol assim o obrigam.

Fui ao dicionário ler o seu significado. Significa o mesmo que “agitar muito as pernas” ou “pernear”. De “pernear” é que não me lembrava de todo. Continuei a pesquisa no dicionário. Pernear é o mesmo que “mover violentamente as pernas, saltar ou dar pulos”. Assim, o Cardozo “agitou muito as pernas”, “moveu violentamente as pernas”, “saltou” ou “pulou”. Como “agitar muito as pernas”, “saltar” ou pular” não são motivo de falta, então, o Cruz dos Santos considera que o Cardozo “moveu violentamente as pernas”. Ora, foi mais ou menos isso que vi também. Não percebo é porque conclui pelo amarelo.

A situação do Fucile é mais intrigante. O que vi foi o Fucile a levar as mãos à cabeça. Quanto muito, poderá ter esbracejado; esperneado é que não.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Shock and awe

Há coisas que parecem estar a mudar. Não sabemos se, globalmente, essa mudança se confirma e se, mesmo confirmando-se, chega para as nossas ambições esta época. Mas esperemos que, pelo menos, a táctica do “shock and awe” dos primeiros quinze minutos da primeira e da segunda partes do jogo contra o Setúbal se repita.

domingo, 25 de setembro de 2011

O Leão e o Choco (*)

Estava um Leão a saciar a sua sede nas margens do Tejo quando um Choco, afastando-se do seu estuário natural do Sado, se aproximou pela beira da água e, passando ostensivamente pelo Leão, colocou-se numa zona mais abaixo.
- Chamo a tua atenção para o facto – disse o Choco – de não ser normal a água correr para montante. Assim, estando eu onde estou, não poderei contaminar a água que estás a beber. Não tens, pois, o menor pretexto para me atacares.
- Não fazia a menor ideia – respondeu o Leão – de que precisava de um pretexto para gostar de filetes de choco frito.
Foi o fim do pequeno lógico.
(*) Adaptada de “O Lobo e o Cordeiro” de Ambrose Bierce

sábado, 24 de setembro de 2011

O Céu deve ser uma coisa assim

Uma “Vale do Rico Homem”, Reserva 2007, cigarros na dose certa, entusiasmo transbordante e três bolas lá dentro. O Céu, se existir, deve ser uma coisa assim.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O ridículo pode matar (as pessoas erradas)

Comecemos pelos factos. Na última época, o Rui Patrício foi, a léguas de distâncias, o melhor jogador do Sporting. Na época passada, o Rui Patrício foi o melhor guarda-redes do campeonato. O Rui Patrício é o melhor guarda-redes português. Este ano, o Rui Patrício tem responsabilidade num só golo sofrido, não tendo, porém, responsabilidades em nenhum ponto perdido. Este ano, o Rui Patrício defendeu remates que, com qualquer outro, seriam golos. Fez a melhor defesa até ao momento do campeonato (defesa a um remate de cabeça no jogo contra o Marítimo).

No jogo com o Rio Ave as coisas não correram bem. Provavelmente, tem tudo que ver com os livres indirectos. Que os adversários e os comentadores de camisola vestida e bandeirinha, venham atribuir responsabilidades ao Rui Patrício é uma coisa. Outra bem diferente é que o próprio treinador as venha fazer em público. Nenhum líder de uma organização que se preze, seja no futebol seja noutra actividade qualquer, faz críticas públicas a quem faz o seu trabalho. Ainda para mais quando as críticas são injustas. Em Paços de Ferreira as coisas foram vergonhosas. Foram tão vergonhosas que as críticas foram efectuadas nos seguintes termos: o árbitro errou, mas o Rui Patrício errou também, porque não intuiu que o árbitro ia errar. O ridículo devia matar as pessoas certas; pelos vistos mata as erradas.

Quando se está a um certo nível, como o Rui Patrício está (podendo evoluir ainda mais; coisa que a maior parte dos guarda-redes deste nível, face à idade, já não pode), a diferença não está nos frangos. Está na sorte de dar os frangos certos, isto é, os frangos que não influenciam o resultado final.


Comparando com os guarda-redes dos nossos rivais na época actual, o Rui Patrício não fica atrás de nenhum deles. O Artur deu um frango contra o Guimarães absolutamente monumental. Foi mais ou menos como o do Rui Patrício só que a bola ia bem mais devagar e foi rematada a muito maior distância da baliza. Quanto ao Helton, lembrem-se, sem se rebolarem pelo chão à gargalhada, do golo do Shakhtar Donetsk.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O eterno “Peter Pan”

O Pereirinha entra para atacar, mas também para defender. Outras vezes, entra para defender, mas também para atacar. Pede-se-lhe que transporte a bola, mas que efectue tabelas em progressão com o João Pereira também. Pede-se-lhe que combine com o João Pereira, mas que também transporte a bola. Joga junto à lateral, mas também deve mover-se para posições mais interiores. Joga em posições mais interiores, mas também deve deslocar-se para as laterais.

Como se lhe pede tudo e nada ao mesmo tempo, o resultado é coisa nenhuma. Talvez lhe devam ser pedidas coisas muito concretas.

Se é para jogar a atacar, então, os resultados devem ser medidos pelo que faz no ataque, como: centros, contra-ataques, desmarcações dos avançados e remates que dão golos. A participação nos golos é a única e objectiva medida da eficácia de quem joga no ataque.

Se é para jogar a defender, então, tiram o João Pereira e põem-no lá a ele. Aliás, já fez esse lugar e deu boa conta dele.

De outra forma, nem a avô morre nem a malta almoça. Nem convence nem evolui. Resta-lhe a cara de bom menino que tem. Nós, os mais velhos, gostamos de miúdos assim. Fazem-nos sempre lembrar um filho ou um sobrinho que, sem talento ou vontade, nunca saiu de casa dos pais, embora continue – como bom rapaz que é - a fazer a cama bem feita, a dobrar o pijama e a manter o quarto arrumado.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

À bruta

Quando cheguei ao Flávio já estávamos a ganhar dois a zero. Ainda fui a tempo de ver um fora-de-jogo mal marcado ao Wolfswinkel, que partia isolado para a baliza. Depois voltámos ao costume: o meio-campo a dar baldas sobre baldas. Ninguém pressiona, ninguém defende. Os extremos encostam-se às laterais quando perdemos a bola e fica um campo de ninguém onde o adversário anda com a bola como quer.

Como o Rio Ave também não dava uma para a caixa, acabei por ler todos os jornais e revistas disponíveis. Li “A Bola”, o “Diário de Notícias”, o “Correio do Minho”, o “Diário do Minho”, a “Nova Gente”, a TV Mais” e a “TV 7 Dias”. Fiquei bastante esclarecido quanto à imprensa escrita portuguesa.

Na segunda parte, saí deste torpor pelas piores razões. O João Pereira, em mais uma balda, perdeu a bola e o Patrício deu um frango. Aliás, o Patrício esteve numa tremedeira permanente. Deve ser dos livres indirectos e do parvalhão do Domingos, que, em vez de efectuar as críticas que tem de fazer em privado, vem-nas fazer para as conferências de imprensa. Para a comédia se transformar em farsa, levámos o dois a dois, em mais uma jogada em que a nossa ala direita, o João Pereira aditivado pelo Pereirinha, estava a dormir.

Depois foi o que se viu. Quem não tinha percebido a utilidade do Onyewu, deve ter ficado esclarecido. Em situações desesperadas, os jogos ganham-se à bruta; não se ganham com meninos e boas intenções.

Em conclusão, se a máquina de calcular não me atraiçoa, estamos a cinco pontos do Benfica e do Porto. Se ganharmos o próximo jogo, ficamos a menos pontos ainda do Benfica, do Porto ou de ambos. Tal como ao Mark Twain, também me parece que as notícias sobre a nossa morte são manifestamente exageradas.

O Benfica tem mais banco

O Benfica conseguiu substituir melhor o Duarte Gomes do que o Porto o Rui Silva. Para já, parece ter um banco melhor em quantidade e qualidade.

Razão tinha o Pinto da Costa quando os classificou, a eles e a todos os outros como eles, de heróis. De facto, tratam-se de homem extraordinários pelas suas qualidades e realizações. Não era por acaso que os Gregos designavam assim os homens com características divinas. Para certas coisas, confia-se tanto ou mais neles do que em Deus.

domingo, 18 de setembro de 2011

Desfalcados

O Porto e o Benfica não vão poder contar com, respectivamente, o Rui Silva e o Duarte Gomes. Apesar de, aparentemente, jogarem na mesma posição, têm características muito diferentes. O Rui Silva é um “box to box”. Tanto vai atrás dobrar o Otamendi como, a seguir, está na frente a apoiar o Hulk. O Duarte Gomes é muito mais ofensivo. Joga em apoio permanente ao ponta-de-lança. Nem o Aimar consegue deixar o Cardoso tantas vezes em situação de golo.

Apesar de tudo, os respectivos plantéis são extensos e com muita qualidade. Não temos dúvidas que ambos serão bem substituídos.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A vontade de pôr a bola lá dentro

Em minha casa não há Sportv. Em contrapartida, posso deixar os sapatos mais ou menos ao acaso. Mesmo assim, de vez em quanto, são levantados autos de averiguação e, em situações extremas, os respectivos processos. Foi o Tratado de Tordesilhas possível, que mais se parece com a vulgar violência doméstica. Apesar de tudo, não me batem e isso é um avanço civilizacional.

Não vejo, portanto, os jogos do Campeonato do Mundo de Rugby. Só vejo os resumos que, normalmente, são uma síntese dos ensaios. As imagens são poderosas. O que impressiona é o olhar dos jogadores, de quem ataca e de quem defende. Quem ataca só pensa em colocar a bola do outro lado da linha e nada mais. Quem defende sabe que os outros só querem isso e nada mais também, e que estão dispostos a tudo para o conseguir. Uns e outros olham-se nos olhos e ninguém tem dúvidas.

Conta tudo, a inteligência, a táctica, a força, a velocidade. Mas duas coisas contam mais do que tudo o resto. O jogo colectivo, ninguém, mas mesmo ninguém, arrisca perder um ensaio para satisfazer o seu ego. A vontade, todos, individualmente e em conjunto, querem por a bola do outro lado da linha. Essa vontade é completamente sôfrega. Não dá um momento de descanso ao adversário, não permite tréguas.

No futebol gosto de golos assim. Com jogo de equipa e vontade. O segundo golo contra o Zurique foi soberbo. A partir de certa altura, percebemos que os jogadores do Sporting vão para o golo. O olhar do Insúa não deixa dúvidas. O Wolfswinkel percebe-o antes de todos os outros. Simula que vai ao primeiro poste, desvia-se e encosta para a baliza. Tarde demais para o guarda-redes, que só percebeu tudo uma fracção de segundos depois. Fica-me na memória a cara do defesa central, de quem tinha vontade de se meter num buraco e desaparecer.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Livrei-me do Sporting; vamos ver se me livro do trânsito também

Há duas maneiras de acabar mal o dia. Uma é a ver um jogo miserável do Sporting. Outra é metermo-nos no trânsito para sair do Porto. Havia o risco de experimentar as duas numa sequência infernal. Foi com este estado de espírito que me desloquei à Galiza (cervejaria, entenda-se) para ver o jogo.

Perdi o primeiro quarto de hora. Parecendo que não, o trabalho perturba muito o futebol. Quando cheguei, estávamos a ganhar um a zero. Logo a seguir marcámos o dois a zero. O Wolfswinkel “à mama” não perdoou. Se há coisa que gosto é de vê-las lá dentro, especialmente, quando são assim, sem espinhas. Sem um toque a mais ou a menos, uma finta a mais ou a menos.É difícil habituarmo-nos à vontade do Wolfswinkel e do Rubio de marcar golos. Sem o Postiga, marcamos golos mas perdemos na nota artística. Não é a mesma coisa.

Depois assistimos a mais uma desmonstração da falta de agressividade e de capacidade defensiva do nosso meio-campo. Cada jogador do Zurique com a bola parecia o Messi. O que vale é que iam esbarrando à vez no Onyewu, no Rodriguez ou no Rinaudo. Quem diz que o André Santos é um substituto do Rinaudo, que devem ser os mesmo que diziam que o Pedro Mendes era um bom trinco, não deve estar bem da cabeça.

Para não nos desabituarmos, gamaram-nos mais uma vez. Os amarelos foram escolhidos para que ninguém fosse para a rua. O penalty da ordem não faltou também. Mesmo assim não nos anularam nenhum golo. As coisas estão de tal forma que o Wolfswinkel marcou o golo e ficou logo em estado de ansiedade. Só o festejou dez minutos depois.

Livrei-me do Sporting. Espero que o trânsito me deixe em paz também.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Tribunal de “O Jogo” ou "Sistema ao Cubo"?

Em teoria, o Tribunal de “O Jogo” pretende ser uma espécie de órgão de limpeza a seco do sistema. Nódoas, detritos ou dejectos, nada escapa à sua acção. Penalties ridículos assumidos como verdades como punhos? Penalties inequívocos transformados em meros choques entre jogadores na disputa da bola? Foras de jogo em que se deve dar o benefício à equipa que ataca ou que defende, consoante seja aquela que se pretende beneficiar? A intensidade dos contactos, às vezes, não conta para nada, pois o que interessa é se há acção faltosa, outras vezes, é decisiva para fundamentar as apreciações às decisões arbitrais? Lances faltosos idênticos, julgados, às vezes, como simples faltas, outras vezes, como acções para amarelo, ou, quando dá jeito, até para vermelho? Bolas na mão, ou mãos na bola, consoante a vontade do freguês? Tudo isto e muito mais, pois, no Tribunal de "O Jogo", a imaginação é um armazém de factos gerido em parceria pelo poeta e pelo mentiroso (Ambrose Bierce, pois claro...).
Sem surpresa, os intérpretes do Tribunal de “O Jogo” são sempre 3 ex-árbitros de futebol. Actualmente o trio é composto pelos nossos conhecidos Jorge Coroado, Paulo Paraty e Pedro Henriques. Trata-se, portanto, de três ilustres ex-árbitros designados para ajudar os actuais homens do apito a evitar que o futebol degenere e se torne num desporto imprevisível.
No entanto, ao lermos as suas hilariantes análises somos levados a concluir que, em vez de órgão de limpeza a seco do sistema, esta é, afinal, a secção humorística do simpático jornal desportivo nortenho (uma espécie de “O Sistema ao Cubo”, com diversão garantida).
No recente jogo do Sporting em Paços de Ferreira, Paraty, analisando com rigor científico o lance do atraso fantasma de Rodriguez, acaba por concluir pelo acerto da decisão de Paulo Baptista, pois, diz ele, independentemente de haver ou não intenção do peruano, “o facto é que há um passe objectivo ao guarda-redes e que este joga a bola com a mão”. Pedro Henriques também tenta concluir que a acção é faltosa, mas, mais trapalhão, acaba por fazer um auto-golo com a argumentação utilizada: “Rodriguez, ao querer interceptar a bola, acaba por mudar a sua trajectória, atrasando-a na direcção da sua área, onde Rui Patrício acaba por agarrá-la. Acção passível de livre indirecto”... Paraty e Henriques têm toda a razão. O que dizem tem toda a lógica. O meu cão tem quatro patas. O teu gato tem quatro patas. Logo, o teu gato é o meu cão...
Já Jorge Coroado, normalmente, para o bem ou para o mal, o mais heterodoxo deste trio maravilha, entende que não houve atraso, pois “a bola foi jogada pela canela de Rodriguez e ressaltou para trás”. Mas judiciosamente acrescenta: “Rui Patrício segurou-a, mas devia saber, por experiência própria, que gato escaldado de água fria tem medo...”. Depreende-se, pois, da análise de Coroado que há regras no futebol português que só se aplicam aos guarda redes do Sporting e que, compreensivelmente, estes deveriam estar mais atentos a isso… Todos nós sabemos - e Pedro Proença também - que, na verdade, sempre assim foi e sempre assim será…
Depois, em relação à entrada assassina de Luiz Carlos, que, contra equipas com camisolas azuis ou encarnadas, poderia ser facilmente interpretada como lance para vermelho directo (ou amarelo alaranjado, como dizem os comentadores quando acham que foi lance para cartão vermelho, mas não é de bom tom dizer isso em público), Coroado considera que o jogador pacense “fez, simplesmente, pé em riste, jogo perigoso, justificando, somente, o livre indirecto assinalado”. Pelo contrário, há duas jornadas atrás, no lance da carga (legal ou ilegal, era a dúvida) de um defensor do Beira-Mar sobre Van Wolfswinkel na sua área, Coroado mostra o seu lado humanista, preocupando-se com a integridade física do jogador... aveirense: “Van Wolfswinkel já estava desequilibrado na altura do contacto. Na queda, aterrou em cima do joelho do adversário, que podia ter-se magoado”.
Para além da comédia, há também “espaço e volume” para a ficção. Por exemplo, no terceiro penalty de Duarte Gomes contra o Guimarães, Pedro Henriques entende que “N'Diaye, com o braço levantado acima da cabeça, ocupa espaço e ganha volume, tocando deliberadamente na bola. Grande penalidade bem assinalada”… Afastado da arbitragem na sequência de um célebre Benfica - Nacional (onde cometeu a temeridade de anular bem um golo que daria a vitória aos encarnados nos últimos segundos do jogo - O Tempora! O Mores!), Pedro Henriques melhorou entretanto a sua visão e, depois de várias repetições televisivas, consegue, agora, com a preciosa ajuda do seu olho de águia, observar também que:   “El Adoua, com o braço direito, de forma deliberada, intercepta a trajectória da bola”… Como dizia o grande Barão de Itarare, quem foi mordido por cobra até de minhoca tem medo…

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Contos do Gin Tónico

Pior do que as arbitragens, só os comentários sobre elas. Os árbitros são maus, sobre isso ninguém tem dúvidas. Quando o deixam de ser, passam a bons comentadores de arbitragem e sobre isso já ninguém tem dúvidas.

No célebre livre indirecto nas Antas há uns anos, o argumento “a posteriori” foi o de a bola ter sido dirigida objectivamente ao guarda-redes e de isso ser demonstrável pelo facto de ele não ter tido necessidade de se deslocar para a agarrar. Essa teoria fez tanto vencimento que o Vítor Pereira elaborou uma norma a dizer coisa parecida, que passou a vigorar na jornada seguinte. Com essa norma se legitimou uma decisão anterior, como se a norma pudesse ter efeitos retroactivos. Depois de cumprido esse efeito, a norma desapareceu da mesma forma que apareceu (sem ninguém perceber).

A norma não dava para esta vez e, portanto, esperava com interesse as explicações. A coisa piorou. A imaginação está a faltar e, por isso, ficámo-nos pelo “parece que”, “pode ser interpretado como” e coisas afins. As explicações para os penalties do Benfica foram muito interessantes também. O jogador queixa-se de a bola lhe ter acertado na barriga ou da cabeça, logo não há dúvidas que a cortou com o braço.

Não costumo ler e, muito menos, comprar jornais desportivos. “O Jogo”, então, é um autêntico mistério para mim. Há dias enviaram-me este conjunto de comentários ao lance do penalty não assinalado na Luz a favor do Feirense. Todos são extraordinários, cada um à sua maneira. O conjunto é tão coerente como qualquer um dos “Contos do Gin Tónico”, do Mário – Henrique Leiria. Mas o último comentário, do Paraty, devia integrar uma colectânea de escrita surrealista. É qualquer coisa do tipo: “foi penalty, mas o árbitro não viu nem podia ter visto. Há mesma hora estava na Fonte dos Passarinhos, no Calvário, a beber uma mini e a comer um pires de tremoços, enquanto lia o último New York Times Book Review”.

domingo, 11 de setembro de 2011

Duarte Gomes é um excelente "playmaker" mas ainda falha no último passe: Porquê ficar por um "hat trick" se se pode fazer um "poker"?

Mais uma jornada da Liga e... volto a ser atormentado pelos meus sonhos leoninos... Ontem, sonhei que um árbitro, assumido adepto do nosso clube, oferecia ao Sporting, de mão beijada, não um, não dois, mas três penalties...! Ao longo da sua carreira ou durante a actual época? - perguntam vocês. Não, meus amigos, tudo no mesmo jogo!!!
Quem seria esse árbitro dos meus sonhos? O Bruno Paixão? O João Ferreira? O Duarte Gomes? Sim, "pode ser", esses têm provas dadas. Esses ou quaisquer outros. Desde que seja alguém mais baratinho que o Messi ou o Cristiano Ronaldo, mas que, como eles, tenha a capacidade de, sozinho ou em combinação ofensiva, fazer três assistências para golo no mesmo jogo...
Nesses meus sonhos, confesso que também não sou muito esquisito quanto ao tipo de penalties que os árbitros marcam a favor do Sporting. Uns, amigos do seu amigo, gostam mais de nos dar uma mãozinha (ou várias até)… Outros, de forma mais discreta, preferem empurrar-nos para a frente… Inspirados pelo Banco Alimentar, a dádiva e a partilha são os valores que os regem. Qualquer tipo de ajuda vale, porque, afinal, as pessoas devem estar primeiro…

No final desses meus sonhos, o treinador adversário nunca diz, em tom incendiário, que o Sporting foi claramente favorecido pela arbitragem para poder continuar na luta pelo título (com contas complicadas de cabeça e tudo...); pelo contrário, esse treinador adversário dos meus sonhos, sem embargo de um ou outro lamento pontual sobre os penalties sofridos, nunca deixa de dar o benefício da dúvida ao árbitro, concluindo, de forma conciliatória, que as três equipas em campo erraram e que "temos de errar todos menos”... Já o pândego do nosso treinador garantirá, como é habitual, com todas (bem, quase todas…) as letras, que fomos prejudicados, asseverando que existiram quatro e não apenas três penalties…

Que diabo, ó Duarte Gomes, afinal se podemos entrar na história com um "poker", porquê ficarmos por um banal "hat trick"?

sábado, 10 de setembro de 2011

Construir a equipa a partir de factos e não de teorias

Início do jogo, início da palhaçada. A palhaçada continua. Lançamentos laterais, livres, cantos, de tudo um pouco. A palhaçada mais engraçada foi o livre contra o Sporting depois do Capel agarrar a bola para marcar o lançamento de linha lateral.

Para que a palhaçada em Paços de Ferreira fosse plena, nada melhor que reproduzi-la em estúdio. O Batatinha e Companhia efectuaram o trabalho com zelo para alegria da pequenada.

Depois tudo acabou com a típica moral da história dos jogos de futebol. É preciso ter jogadores na área que tenham com única preocupação a bola e a baliza. Nada de conversas das desmarcações para arrastar os defesas, das tabelinhas com os médios e por aí fora. Só fome de golos, bola lá dentro e mais nada.

Esperemos que o Domingos tenha apreendido qualquer coisa também e comece a construir a equipa a partir de factos e não de teorias. É preciso o Onyewu para defender o primeiro poste nas bolas paradas. O Rubio e o Wolfswinkel, para mim, ficavam. A ideia de ter um avançado sozinho e, ainda para mais, o Bojinov, que não é propriamente um ponta-de-lança fixo, talvez resulte contra equipa com outra qualidade. Para as equipas do campeonato nacional é uma forma de dar descanso às defesas contrárias. O resto que os coloque como quiser, mas que não pareça que se andam a atrapalhar no meio-campo.


Pelos vistos, a palhaçada já vinha da Luz. Até agora, o Porto tinha beneficiado de dois penalties sem que o Benfica beneficiasse de nenhum. Era preciso pôr as coisas nos seus devidos lugares.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Genial

Se pudesse voltar atrás, seria do Porto. Os pais têm sempre razão. Só mais tarde é que percebemos as razões deles. Avisado andava o meu pai quando queria que fosse do Porto. Só que não posso voltar atrás. Resta-me continuar com todos os vícios: o do Sporting, o de fumar, e o de fumar mais quando vejo os jogos do Sporting.

Isto tudo para falar da recente candidatura do Filipe Soares Franco à presidência da Federação Portuguesa de Futebol. O Porto, no ano passado, encenou a dissidência com o Fernando Gomes e, depois, mandou os clubes da Liga Orangina promover a sua candidatura a Presidente da Liga. Este ano, sacou esta candidatura do Filipe Soares Franco.

Tudo está tratado. O que interessa, sobretudo o Conselho de Arbitragem, mas também o Conselho de Justiça e o Conselho de Disciplina, fica com quem sabe e com quem se sabe. O Filipe Soares Franco assume o papel de Rainha de Inglaterra na presidência. Que ninguém se queixe de falta de abrangência da candidatura e de isenção.

Tudo isto, ainda para mais, sai barato. Custa um simpático salário de Presidente, pago, pelo menos em parte, por todos nós, sportinguistas e benfiquistas incluídos, à custa do apoio do Estado português à Federação Portuguesa de Futebol (que, agora, reúne todas as condições para dispor em pleno do estatuto de Utilidade Pública).

Genial, não acham?