sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Cabeça(da) limpa

O A. Trindade levantou uma questão que andava há muito arredada da discussão futebolística nacional e não só. O sistema capilar é, ou não, determinante para o desempenho futebolístico? Não circunscreveria, como ele, é essa discussão à questão específica da (as)simetria do sistema capilar dos treinadores.

Um exemplo da necessidade de uma abordagem mais ampla ocorreu no Mundial de 1994, nos Estados Unidos. A Bulgária protagonizou a principal surpresa ao eliminar a Alemanha por 2 a 1. O golo da vitória foi marcado por Letchkov de cabeça. A imprensa local, sempre muito estudiosa das questões técnico-táticas do “soccer”, descreveu assim o lance do golo: “Letchkov imprimiu um efeito à bola que não teria sido possível a um jogador com um sistema capilar normal”. Esse lance ocorreu ao minuto dez deste vídeo. Vejam se não estão de acordo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Refundar sem trocadilhos

Fui ao café ver o jogo do Sporting contra o Moreirense. Sim, é verdade. Quando sofremos, sofremos até ao fim; sem pausas ou desistências.

Não dá. Ninguém percebe o que está a acontecer. Sofremos golos que nem nas peladinhas com os amigos admitimos. Não pressionamos ninguém. Perdemos a primeira e a segunda bola sempre. Se houver uma terceira ou uma quarta, perdemo-la também. Mesmo para darmos uma pantufada em alguém, precisamos de pedir por favor.

Não é só a defesa que é um susto. O meio campo e o ataque são iguais. Qualquer jogador do Moreirense que lhe desse na veneta de pegar na bola e ir por ali fora ia. Ninguém lhe saía ao caminho. A sorte é que não se lembrava de rematar ou, quando rematava, o jeito não era muito. A zona central do Sporting é um autêntico buraco.

O que é que se pode fazer? Despedir, despedir, despedir. Chega? Também é preciso demitir, demitir, demitir. Chega ainda? Não sei. Se, em vez de se refundar o Estado social, refundássemos o Sporting? Isso mesmo, sem trocadilhos.

Nem sempre é preciso ter sorte

Fim de semana sem bola não é fim de semana. Interessa pouco saber se o Sporting está bem ou não. É preciso bola e mais nada. De outra forma, acabamos num happening cultural qualquer, por não termos a desculpa da bola.

À falta de melhor, fui ao café ver o Sporting de Braga contra o Porto. A história é curta e conhecemo-la muito bem. No futebol, são onze de cada lado, a bola é redonda e, no fim, o Peseiro perde. Se uma bola pode entrar às três tabelas, é na baliza da equipa do Peseiro que ele vai entrar. Se um golo é precedido de falta, é contra a equipa do Peseiro que o árbitro a deixa passar.

Para ganhar nem sempre é preciso ter sorte. Basta ter o Peseiro do outro lado.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Pareciam-se com eles, mas não eram eles

Ando atolado de trabalho até ao gasganete. Ando de um lado para o outro armado em caixeiro-viajante. Hoje, tinha decidido que, para descontrair, ia ver o jogo. Quando tirei a cabeça do computador, já se estava na segunda-parte. Fui ver o que restava do jogo. Antes, avisaram-me que estávamos a perder três a zero e a jogar contra dez.

Vi os últimos vinte minutos. O Basileia criou quatro oportunidades de golo. Nós, duas. Numa o Wolfswinkel atrapalhou-se tanto, mas mesmo tanto, que nem chegou a chutar. Na outra, o Carrillo fez tudo bem e com a baliza de um lado toda aberta rematou a meia altura para o outro e, por isso, para as mãos do guarda-redes.

Pelo que vi, jogou o Capel. Dos outros não me lembro. Mesmos os outros que referi há pouco, não sei se eram eles ou os seus hologramas. Pareciam eles, mas não eram eles seguramente. Enfim, estavam uns jogadores com a camisola do Sporting, mas não me pareceram do Sporting.

sábado, 17 de novembro de 2012

Uma piada com piada

PS: esta piada dá para vários. Assim de repente, lembro-me dos nossos vizinhos e daquele clube que tem menos títulos do que o arquitecto que concebeu o estádio onde joga.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

De cerúleo gabão não bem coberto

(estava eu aqui a pensar na nossa selecção...)


De cerúleo gabão não bem coberto,
Passeia em Santarém chuchado moço,
Mantido às vezes de sucinto almoço,
De ceia casual, jantar incerto;

Dos esburgados peitos quase aberto,

Versos impinge por miúdo e grosso.
E do que em frase vil chamam caroço,
Se o quer, é vox clamantis in deserto.

Pede às moças ternura, e dão-lhe motes!

Que tendo um coração como estalage,
Vão nele acomodando a mil pexotes.

Sabes, leitor, quem sofre tanto ultraje,

Cercado de um tropel de franchinotes?
É o autor do soneto: é o Bocage!

 
por Bocaje

 

domingo, 11 de novembro de 2012

Fosse o Sporting o bom e velho Anderlecht...

… e, ao intervalo, o Braga estava com a mala cheia. Mas não é. Há coisas que não se perdoam, sobretudo aquela do Elias que, com o guarda-redes pelo chão, resolve atirar-lhe a bola contra as pernas.

Na segunda parte, um a um, os jogadores foram entregando a alma ao criador. A maior parte deles não aguenta uma hora de jogo. Mesmo assim, fomos dando algum pau. Nisso estamos a melhorar. Aí, nota-se dedo do treinador. Agora, a defesa é um susto. Ou se arranja pelo menos um defesa central em condições ou não há Vercauteren que nos valha. Os nossos centrais saltam como se estivessem a jogar voleibol. Não se encostam aos adversários com medo de fazerem falta na rede.

No fim, acabámos a ficar a dever esta vitória ao Patrício, como de costume, e ao Peseiro. Foi avisado o Braga entrar com um tal de Djamal e com o Nuno André Coelho. O primeiro, então, faz-me lembrar o nosso saudoso Onyewu a jogar, para pior, no meio campo. Também foi avisado ter tardado a meter o Mossoró. O Hélder Barbosa é muito melhor. Tem tanto de buliçoso como de inconsequente. Vimos  de tudo isto na final da Taça UEFA.

Ver um jogo contra o Braga num café em Braga arbitrado pelo Pedro Proença é qualquer coisa de extraordinário. O árbitro, como qualquer bom árbitro português, apita por tudo e por nada. Sempre que dois jogadores disputam uma bola, o primeiro a tocar-lhe atira-se invariavelmente para o chão e invariavelmente é marcada falta. As situações repetem-se sem fim. A partir de certa altura, a malta já perdeu a cabeça. Ninguém vê jogo nenhum e está toda a gente aos berros durante o tempo todo.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Argumentista precisa-se



O Sporting é quase um mau policial. Ainda a introdução não acabou e nós já sabemos o resultado final. Nesse tipo de narrativa, tal como nos jogos do Sporting, os bons não são completamente bons e os maus também não são completamente maus. Assim, enquanto se desenrola a história, e as personagens vão revelando as suas virtudes e os seus podres, nós vamos procurando perceber quem é de facto o “mau” e quem é o “bom”.  Não deixa de haver nos nossos jogos, tal como nesse tipo de literatura, aqueles que não vacilam e são sempre maus. Infelizmente, são mais raros ou inexistentes os que são sempre bons, mas  isso já é mais uma coisa para o estilo comics americano, dos super-heróis (literatura mais em voga noutras bandas da segunda circular) mesmo assim é comum aparecer nas nossas histórias S. Patrício, o santo de qualquer bom ou mau detective.

O enredo pode complicar-se multiplicando o número de bons e de maus, como acontece nos nossos jogos, mas no cerne da história existirá sempre uma força da autoridade que, por estupidez, excesso de zelo ou até maldade,  tudo fará para dificultar a vida ao estoico e desalinhado detective.  Ao longo da história normalmente esse  herói vacila entre o bem e o mal, entre a vitória e a derrota, recebe e dá uns murros, uma ou outra  bala de raspão. Se tiver sorte até pode ir um pouco mais além do que o beijo de soslaio da beldade de serviço e conseguir mesmo fazer abanar as redes. Mas, por maiores que sejam os sofrimentos e as contrariedades nessas histórias,  no fim, o detective  vence. 

No Sporting não. Daí o quase. Na nossa história há pouco suspense, perdemos sempre, ou quase.No Sporting/policial há sempre uma bala assassina que na última página mata qualquer candidato a herói. Bom ou mau, ali pela página 90, o nosso herói vai levar com um balázio bem entre os olhos, ou uma bala de ricochete, até mesmo uma infeção numa unha. Seja lá como for, vai morrer. Se em termos literários até não seria desinteressante a novidade de matar o herói no fim, mesmo tendo a desvantagem de impossibilitar a continuidade da série (o que é mau em termos comerciais e editoriais), em termos desportivos começa a ser muito aborrecido saber sempre o fim e recomeçar todas as histórias  com um novo herói e um novo vilão mas sabendo sempre como vai acabar a história. Ora porra. Mudem lá de argumento se fazem favor.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Não há presente, mas sem ele não se pode vir a comer um bom bife

Há quem diga que o presente não existe. Que no momento que o é deixa de o ser. O presente seria o futuro imediatamente antes de acontecer e o passado quando acontece. Exista ou não, não existe futuro sem presente-passado.

Dito isto, não vale a pena pensar em futuros que cantam - costuma-se falar em amanhãs. Nada de grandes expectativas com a equipa B. A haver eleições, que se realizem depois da época concluída. É pegar na equipa, tal e qual como está, e tratar da vida. O treinador está lá para isso. O presente-futuro é já amanhã, contra o Genk.

domingo, 4 de novembro de 2012

De rojo com o Rojo

O Setúbal joga com o Amoreirinha, o Meyong, o Ricardo Silva e o Ney. O treinador é o Zé Mota. Só isso diz tudo sobre o descalabro de hoje.

Queimámos mais uma chicotada psicológica e nada. Há melhorias, apesar de tudo. Pelo menos, o Ínsua deixou de parecer o Grimi. O Jéffren, depois de passar pelas brasas, voltou renovado; o mal dele era o sono. Chegámos, até, a fazer uma jogada ou outra que nos fez recordar os tempos em que jogávamos à bola.

Agora, o Rojo continua a parecer o Rojo. Só que não é só o Rojo. O Xandão e o Cédric também se continuam a parecer com o Rojo. O próprio Rinaudo já tem um pouco de Rojo. Quando assim é, não nos podemos queixar que o próprio Setúbal nos leve de rojo (este é um dos piores trocadilhos da história do comentário futebolístico).

Isto não dá mais para mais. Ficamos  por aqui. Se alguém souber onde se podem ver os jogos da Equipa B que avise. É que recuso-me a ver outro jogo dos A.

sábado, 3 de novembro de 2012

Temos ainda algo a aprender



Esta não é de certeza a melhor, mas é a escola de formação mais rápida do mundo. O rapaz mudou-se para o SLB com dezoito anos, em 2011. Agora tem dezanove anos. Um ano naquela casa e...
«André Gomes é vitória de toda a formação»

Norton de Matos (técnico da equipa B do SLB)

Mesmo tendo nós uma das melhores escolas de formação de futebol do mundo parece que temos ainda algo a aprender. A aldrabar por exemplo. E o facto de se ter uma imprensa do nosso lado, capaz de divulgar e alimentar as nossas aldrabices, ajuda a vender seja lá o que for. Ideias erradas, craques instantâneos ou até mitos pré-fabricados!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O que se espera de Vercauteren

Que um dia seja capaz de dizer o que disse o nosso treinador de futsal, Nuno Dias. Não só dizê-lo, mas dizê-lo com a mesma autoridade.

"Temos de ganhar, marcar muitos golos, não sofrer, dar bons espectáculos e cativar mais o público. Temos que fazer com que os adversários nem sequer acreditem que seja possível algo positivo".