segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A chatice como tática ou a tática da chatice

Vi o jogo de futsal entre o Sporting e o Dynamo. Empatámos, mas foi como se ganhássemos. O três a três final permitiu-nos o apuramento para a final-four da UEFA Futsal Cup.

O futsal do Sporting é um exemplo. Nada acontece por acaso. A época é planeada em função de objetivos bem definidos. As contratações são feitas a tempo e horas em função desses objetivos. As táticas são delineadas em função dos jogadores e das dificuldades que os adversários nos podem colocar. As jogadas, sobretudo as que resultam de lances de bola parada, são estudadas ao detalhe e executadas de acordo com o planeado. O improviso dos jogadores só entra quando está previsto entrar.

O time-out a três segundos do fim do jogo é um exemplo do carácter obsessivo do treinador. Quando todos festejavam, ele só pensava no que fazer durante aqueles três segundos. Pensou no que fazer e fez-se o que ele pensou. O resultado deste (excesso) de planeamento pode ser um jogo um tanto ou quanto chato. Mas todas as chatices fossem estas!


(O locutor da SportingTV é dos antigos. Tem tiradas que fazem lembrar os arroubos patrioteiros dos comentadores dos jogos de futebol da seleção e das competições europeia. Desqualificar o adversário só serve para desqualificar o nosso resultado. Não há mérito em ganhar sem adversário. Não há ninguém que lhe explique isto!)

sábado, 26 de novembro de 2016

Continuamos de pé!

Entrámos com a cabeça no jogo. Estamos fora da Liga dos Campeões. Estava tudo previsto para ficarmos fora da nossa liga também. Era um jogo de mata-mata. Demos tudo o que tínhamos, até começarmos a cair para o lado. Quando não caíamos por nós, alguém nos empurrava. Mesmo assim, não deixámos que nos levassem ao tapete. Na fase final do jogo, quando ficámos a jogar com dez, conseguimos queimar tempo em todas as circunstâncias e levar a bola para a frente e para as laterais. Fomos uma equipa na fase boa e, especialmente, na fase má.

O Sporting dominou durante oitenta minutos. Fez uma primeira parte absolutamente esmagadora. Por isto ou por aquilo não marcámos os golos que devíamos. Umas vezes por azar. Outras porque há cerimónia a mais quando toca a metê-la lá dentro. Que fique o exemplo do nosso golo. Se a bola for colocada no sítio certo e no momento certo o Bas Dost sabe como as empurrar. É preciso prestar mais atenção às suas movimentações. É preciso deixar de centrar de olhos fechados e ter mais cuidado e precisão no último passe.

O Boavista não fez um remate à nossa baliza para amostra. O Rui Patrício teve como única missão queimar tempo quando tudo e todos jogavam contra nós. E, mesmo assim, estivemos em perigo. Pelas duas razões do costume. Por não conseguirmos matar o jogo quando podíamos e devíamos. Por uma arbitragem que queria à viva força marcar-nos um golo. Criou as oportunidades. Foi o melhor avançado do Boavista. Não lhe peçam é que seja ponta-de-lança também.

Pede-se demasiado ao Adrien e ao William Carvalho. Hoje, o Bruno César ajudou, mas, aos setenta minutos, estava acabado. A defesa não deu hipóteses. O Bryan Ruiz está na fase que complica sempre até perder a bola. O Campbel esforça-se. Corre, corre muito. Nem sempre bem. O Bas Dost fez o que se lhe pedia: marcar as que apanhasse. Apanhou uma e marcou-a. O Gelson joga demasiado bem para os resultados. Não se lhe pede que passe a jogar mal. Pede-se-lhe que jogue ainda melhor. Que associe ao seu jogo mais golos e mais assistências.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O que nos falta e o que temos de sobra

Mais uma vez uma boa exibição num jogo da Champions. Mais uma vez não chegou para pontuar contra o campeão em título, uma equipa em tudo superior à do Sporting mas contra a qual jogámos "olhos nos olhos".

Parece-me que existe aqui um padrão. Já sabíamos que nos tinha faltado sorte no sorteio. Já estamos habituados. Já sabíamos que seria difícil substituir Slimani. Neste jogos a falta de um 'matador' foi evidente. Aliás, acho que também nos começamos a habituar...

Também há coisas que temos de sobra. Em quatro jogos contra equipas de outro campeonato mostrámos que temos uma grande capacidade de nos superar e de jogar no limite. O que agora já sabemos é que normalmente pagamos a fatura no(s) jogo(s) seguinte(s). Esperemos que não seja o caso. Também já desconfiávamos que nos sobra inexperiência: a decidir alguns lances no ataque; a resistir a meter-nos em confusões das quais nunca tiramos benefício; e a gerir os últimos minutos dos jogos. Aqui esperemos que tenha servido para aprender qualquer coisa.

All in all, saímos da Champions de cabeça levantada. Felizmente, longe vão os tempos que apanhar um 'tubarão' implicava logo uma goleada das antigas. Fica a ideia que com um sorteio ligeiramente melhor nos podíamos ter apurado. Ainda que assim fosse, fico com a certeza que mais tarde ou mais cedo seríamos eliminados por um Real, um Borussia ou equivalente. É inevitável.

PS: Excelente ambiente em Alvalade. Foi seguramente um dos jogos que mais prazer me deu assistir ao vivo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Um país de malucos ou uma agenda mediática para nos enlouquecer?

O futebol português há muito tempo que está pronto para ser internado. Não se sabia se o problema era do futebol ou do país no seu conjunto, isto é, se o futebol era um tipo de loucura particular num país de loucos.

As imagens dos balneários do Estádio de Alvalade na sequência do jogo contra o Arouca reproduzem, numa versão bastante “soft” aliás, o que sempre se passou em todos os estádios de futebol, desde as camadas jovens, aos distritais, acabando na primeira divisão. A modernidade não chegou, nem nunca chegará, ao futebol português. A loucura do futebol português é hoje igual há do passado.

Mas a maior loucura não é essa. A maior loucura é ver passar essas imagens vezes sem conta ao longo de vários dias e em diferentes canais de televisão. Essas imagens são passadas com uma série de gente a comentá-las, como se houvesse alguma coisa a dizer sobre elas. Há especialistas em cuspidelas, baforadas e outras ciências do género. Se a agenda mediática do país reflete os gostos e interesses do portugueses, então somos um povo de doidos.

Para benefício da minha própria sanidade, prefiro não pensar assim. Não me parece que os portugueses estejam interessadas em ver passar aquelas imagens a todo o tempo, com análises aprofundadas relativamente a coisas que são simplesmente estúpidas. Só posso pensar que se trata de uma agenda mediática desligada do interesse geral. Não é bem uma agenda mediática. É mais uma campanha. É uma campanha contra o Sporting e contra o seu Presidente. E, como se tem visto, a sanha é muita.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Fim de fim-de-semana

O fim de tarde, princípio de noite, de Domingo constitui o período mais deprimente da semana. Ainda não acabou o fim-de-semana, mas interiormente já acabou. Estamos no Domingo e a fazer um esforço para nele continuar, mas a cabeça está na Segunda-feira. Nada melhor, portanto, do que ver um jogo da seleção. Se mandasse, agendava os jogos da seleção sempre para esta altura.

O jogo contra a Letónia não me retirou da letargia que se tinha apoderado de mim. O Fernando Santos não facilita. O jogo é para ser entediante e tudo é planeado para que a sensação de tédio nunca nos abandone durante noventa minutos. Tudo é pensado ao pormenor. Só assim se percebe a inclusão do André Gomes. Com ele, é garantido que se joga a passo.

Na primeira parte, assistimos a uns nacos de futebol pastoso, com trocas de bola a todo o momento, passes para o lado e para trás e truques e malabarismos inconsequentes dos mais virtuosos. Muita posse de bola e muitas cócegas na defesa da Letónia. Aos trambolhões, marcámos o primeiro golo. Boa tabela entre o Nani e o Ronaldo, rasteira de um defesa trapalhão e penalty. O Ronaldo, que não parece estar com grande confiança, fechou os olhos e bateu com força e a bola entrou por milagre, furando o guarda-redes.

A segunda parte prometia mais do mesmo. Não começou por correr mal. O André Gomes caiu na área ao ralenti e o árbitro marcou novo penalty. O Ronaldo decidiu marcar melhor, mas, como a confiança não é muita, atirou a bola ao poste. Para quem conhece o futebol português, sabe que um lance destes é sinal de que tudo se prepara para correr mal. Pouco depois, no único lance de ataque durante o jogo todo, a Letónia faz o empate. A profecia parecia cumprir-se. Só que nestes contextos é que se percebe que com o Fernando Santos é diferente. Praticamente na jogada seguinte, o Quaresma tira um cruzamento daqueles que só ele é capaz e o William Carvalho mete-a lá dentro.

Sem o André Gomes e o João Mário a jogar a passo, com o Quaresma e o Gelson a acelerar e o Ronaldo a fazer os movimentos que sabe e gosta, partindo do lado esquerdo para finalizar na área, a seleção parecia endiabrada. A defesa da Letónia passou a viver em permanente sobressalto e as oportunidades sucediam-se. Marcámos mais dois golos, mas ficaram outros tantos por marcar. Assim acabou (bem) o fim-de-semana.

domingo, 6 de novembro de 2016

Nem a pedido se arranjava um jogo assim!...

Há uma equipa com o Adrien e outra sem ele. Hoje, contra o Arouca, jogou a equipa com o Adrien. Notou-se e bem. Notou-se na agressividade e na pressão sobre o adversário. Apesar de algumas invenções do árbitro, acabámos a primeira parte para aí com umas quinze faltas. Mais ou menos o triplo dos últimos jogos.

O jogo também confirmou uma das minhas teorias preferidas. Quando estás com dificuldades em criar lances de perigo, o melhor é atirar à bola para a molhada que às três tabelas ela ainda pode acabar por entrar. O Jorge Jesus andava esquecido desta teoria e, mais do que isso, da sua prática. Bem sei que não temos o Maxi Pereira, mas, como se viu, o João Pereira disfarça bastante bem. Bem, também não basta mandar a bola para a molhada. É preciso meter dentro da área meia dúzia de matulões. Estando reunidas estas condições, o Bas Dost sabe como as empurrar lá para dentro.

O jogo não deu para retirar grandes conclusões. Na primeira parte estivemos mais agressivos, mas o ataque tarda em funcionar. Praticamente não criámos oportunidades de golo. O Arouca também não, mas não estava no jogo para isso.

Na segunda parte estivemos melhor. Só que, entretanto, o Arouca ficou a jogar com dez. O estouvado do seu lateral direito fez questão de se expulsar. Depois do primeiro golo, qualquer um fica em pânico quando vê o João Pereira marcar um lançamento lateral. Fica mais descansado quando o vê cabecear isolado a poucos metros da baliza. Teria sido o nosso segundo golo. Não foi naquela jogada, mas não tardou pela demora. Excelente contra-ataque do Sporting, grande cavalgada do Bryan Ruiz e de mais uns tantos, o Adrien, isolado, domina a bola de peito e, em vez de rematar para o golo, atrapalha-se com ela e manda-a para a molhada, aparecendo o Campbell a metê-la lá dentro, meio com o ombro, meio com a cabeça.

Depois do segundo golo, o jogo deu para tudo. Deu para o Adrien falhar um penalty e o Bas Dost fazer mais um passe para a baliza, agora de cabeça, depois de uma assistência do Campbell ao melhor estilo do Karaté Kid. Deu sobretudo para jogar ao ritmo do Brasileirão e permitir, assim, a entrada do Elias de forma a ele não estranhar.

Como se disse, este jogo não foi o melhor para se analisarem as eventuais melhorias da equipa. Nem a pedido se arranjava um jogo assim para se melhorar o ânimo. Com o Adrien a equipa melhora. Com o Elias a equipa piora. Com o Bryan Ruiz, não sei o que diga. Na época passada, dizia-se que ele podia jogar melhor se tivesse férias. Há dois anos que as não tinha. Prefiro o Bryan Ruiz cansado e sem férias da época passada. O Campbell parece menos gordo e, pelos menos, já não tira a camisola depois de marcar um golo. A defesa não chegou a ser posta à prova. Até o Zeegelaar parecia um jogador da selecção da Holanda.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Qual é a nossa estratégia?

Não vi jogo suficiente para me irritar com a dignidade que o Sporting merece. Esta equipa, ou muito me engano, ou ter-se-á tornado de uma previsibilidade sem espinhas, mesmo quando experimenta, ou quando diz introduzir novas nuances no jogo.  Toda a gente sabe como o Sporting joga ou vai jogar, só o Sporting é que não sabe isso. Só assim se explicam as sucessivas trocas de bola no meio campo leonino com o jogo a acabar e…a perdermos. E não foi apenas no jogo de ontem. As razões para tal talvez escondam a localização do pote de ouro na ponta do arco-íris.

Não se trata apenas do modelo, da estratégia, da motivação, há muito que este Sporting se entretém com a bola com a objectividade de um bloco de mármore: parece bonito mas é um pastelão maçador, lembrando a espaços o tika-taka entretido de Lopetegui (deus nos livre e guarde). Ontem, mais uma vez, desperdiçamos oportunidades, não muitas, mas suficientes (como, aliás, em Alvalade) para não perder o jogo. Todavia, fica sempre a sensação que o Dortmund tinha o jogo relativamente controlado, e que qualquer aceleração poderia surpreender o Sporting. Mais surpreendente é a nossa incapacidade frente a equipas como o Tondela, Nacional ou mesmo o Rio Ave, que esta semana levou três em casa do Vitória.

O ano passado a presença imponente de Slimani (e às vezes do Teo) dava ao jogo uma imprevisibilidade mortífera no último terço, imprevisibilidade essa, que, para além de qualquer sistema, deixava em sentido qualquer defesa, já para não falar do desgaste que erodia aos poucos a equipa adversária. Este ano, para além de Gelson, que continua a gingar mas fazendo-o de forma mais adulta, a equipa em geral parece um corpo estranho a pensar na morte da bezerra. No fim-de-semana temos a nossa final da liga dos campeões contra o Arouca. É o jogo de uma época, como aliás, serão todos daqui para a frente no campeonato. Até aqui andamos a adormecer os nossos adversários. Ninguém está a espera daquilo que virá. Faz tudo parte da nossa estratégia…a sério!