terça-feira, 30 de dezembro de 2014

As alternativas que (não) há

Este jogo contra o Guimarães foi revelador sobre as potencialidades e limitações das contratações e do plantel do Sporting.

O Slavchev é um caso perdido. Não é um problema de adaptação ao futebol português. É um problema de adaptação à modalidade, nomeadamente ao formato rectangular do campo e à forma esférica da bola. Quem considera que o Rosell pode ser uma alternativa ao William Carvalho, confunde o género humano com o Manuel Germano, como diz o Mário de Carvalho.

O Ryan Gauld tem excelentes pormenores. Revelou-se bastante combativo, para aquilo que estava à espera. É um excelente projecto de jogador, mas ainda não tem a consistência e a rotação adequadas para jogar regularmente na equipa principal. Com o Podence passa-se o mesmo. Pareceu-me, mesmo assim, mais robusto fisicamente.

Na defesa as opções são mais complicadas. Entre o Maurício e o Sarr o coração de qualquer sportinguista balança. Se se tiver que optar, talvez seja preferível o Tobias Figueiredo (que fez um jogo competente). O André Geraldes esteve magnífico. Beneficiou de jogar com o pé contrário contra um extremo que também jogava com o pé contrário. Mas se o tal de Hernâni é um jogador espectacular, como para aí se diz e como diziam os comentadores, então o André Geraldes é o Cristiano Ronaldo dos defesas laterais. Meteu-o simplesmente no bolso.

No ataque, o que ficou demonstrado é que qualquer jogador é alternativa ao Capel. O Héldon, o Tanaka, o Sacko ou o Dramé, qualquer que seja o ângulo de análise, são melhores. Tenho dúvidas se eu próprio também não sou melhor. Daqui não se conclui que qualquer um deles seja exatamente o que mais precisamos.

Uma última nota para aquele que me pareceu, de longe, o melhor jogador do Sporting: Wallyson Mallmann. Para mim, não engana. É jogador de bola. Com ele, a bola está sempre em porto seguro. Sabe passar com acerto, desloca-se com a propósito dando sempre linhas de passe aos seus colegas. Entra de caras na equipa principal.

O Guimarães demonstrou a mediocridade do futebol português. Se percebi o que disse o treinador, a táctica passa por meter muitas bolas para dentro da área que alguma deve entrar; na parte final dos jogos, deve-se jogar à biqueirada para a frente e fé em Deus. De facto, o Guimarães teve mais bola, meteu umas tantas para dentro da área. Contrariamente ao que diz o treinador e comentadores, não criou uma oportunidade de golo. O Marcelo Boeck não fez uma defesa. Quando é preciso assumir o jogo e jogar em ataque continuado é que se vêem os treinadores; ou não se vêem, como foi hoje o caso.

A arbitragem foi a desgraça do costume. O Sporting com uma equipa de meninos, que mal se chegavam aos adversários, fez vinte e duas faltas. Em contrapartida, o Guimarães fez nove. A meio a primeira parte, o Sporting tinha nove faltas e o Guimarães nenhuma. A acabar o jogo, cortam-nos um lance que podia dar o segundo golo com um fora-de-jogo ao Tanaka completamente ridículo. Contra isso é que não há treinador que nos valha. A isto é que deve estar atenta a Presidência do Sporting e os sportinguistas.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

E mais não digo …

Para análise desta novela, que envolve a Presidência do Sporting e o seu treinador (Marco Silva), nada melhor do que reler o “Allegro ma non troppo” de Carlo M. Cipolla. Os homens são classificados com recurso a um plano cartesiano (cada quadrante corresponde a uma dada classificação): os inteligentes (Quadrante I), os ingénuos (Quadrante II), os estúpidos (Quadrante III) e os bandidos (Quadrante (IV). Os inteligentes são os que estabelecem com outros relações “win-win”. Os ingénuos são os que, ingenuamente, beneficiam os outros, prejudicando-se (“lose-win”). Os estúpidos são os que, estupidamente, prejudicam os outros e prejudicam-se a si próprios (“lose-lose”). Os bandidos ganham quando se relacionam com os outros, saindo estes a perder (“win-lose”).

A partir desta representação, Cipolla estabelece as leis fundamentais da estupidez humana. Conclui que, para a humanidade no seu conjunto, os estúpidos são mais perigosos do que os bandidos. Quando alguém rouba 20€ a outrem, o bem-estar social mantém-se inalterado, isto é, a sociedade no seu conjunto não sai prejudicada nem beneficiada. Coisa diferente acontece quando os estúpidos entram em ação: perdem todos e, assim, perde a sociedade no seu conjunto.

Admitir que se pode estar a favor da Presidência do Sporting e contra o seu treinador é uma contradição. Estar contra o treinador pressupõe, sempre, uma avaliação negativa de quem o escolheu e, portanto, da Presidência do Sporting. Mais, a forma como este processo está a ser conduzido – colocando os dois contendores no mesmo plano - levará sempre a que a Presidência do Sporting perca mais do que o seu treinador, o que a transforma num estúpido mais próximo do ingénuo do que do bandido. O que esperávamos era uma Presidência do Sporting inteligente e mais não digo.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Deitar fora o menino com a água do banho

O Sporting não está tão bem como poderia no Campeonato. Em todas as outras competições, tudo se mantém em aberto, coisa que os nossos principais adversários – Benfica e Porto – não se podem vangloriar. Mesmo no Campeonato, a classificação reflete as nossas insuficiências, mas também a forma despudorada como o Benfica tem vindo a ser levado ao colo.

O Marco Silva não é o Sá Pinto ou o Paulo Sérgio, que ao fim de meia dúzia de jogos já todos tínhamos percebido que não sabiam bem o que andavam a fazer. Não se pode deitar fora o menino com a água do banho.

Como já li por aí, se as notícias são falsas, desmintam-nas. Se são verdadeiras, uma de duas: ou se entendem ou rescindem o contrato. Em qualquer das três hipóteses, comuniquem rapidamente o que (não) se passa. Que ninguém tenha ilusões, se rescindirem com o Marco Silva, a Presidência do Sporting perde o estado de graça, isto é, no curto prazo fica exposta ao primeiro mau resultado que aconteça. É que os prognósticos só se fazem no fim dos jogos.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Slimani contra o resto do mundo

O Slimani é o único que sabe jogar com intensidade, como agora se costuma dizer. Desmarca-se em profundidade ou para as laterais para receber a bola. Tabela com alguém – nos famigerados apoios frontais – e corre para a área como um maluco para ver se alguém lá mete a bola. Vai a todas, ganha os lances de cabeça nas biqueiradas que o guarda-redes ou os defesas mandam para a frente. Fartou-se de criar perigo nos lances de bola parada, como o que originou o golo. É ele e mais uma ou outra honrosa exceção, como o William Carvalho ou o Paulo Oliveira.

Mesmo com o cérbero oxigenado, o Adrien já só faz asneira. A acabar o jogo, quando já não podia com uma gata pelo rabo, arranjou maneira de o expulsarem e de criar uma oportunidade de golo para o Nacional. Ninguém percebe como é que deixam o rapaz chegar aquele estado sem o substituírem.

O Maurício é um susto. Os laterais são inconsequentes no ataque e tremem na defesa. O João Mário julgava que estava a jogar futebol de praia. Os extremos foram autênticas nulidades. Salvou-se o golo do Mané e os últimos momentos do Carrillo. Os últimos minutos do Carrillo foram absolutamente geniais. Praticamente sozinho acabou com o jogo. Os jogadores do Nacional não sabiam o que fazer. Se entravam à bola, acabavam a fazer fracas figuras. Se não entravam, ele não se mexia e não saía dali com a bola.

O Nacional é treinado pelo Manuel Machado e isso diz tudo. Ninguém tem menos de um metro e oitenta. Todos jogam forte e feio. Só quando estavam a perder é que lá resolveu meter um rapaz que sabia jogar à bola.


(Falta uma nota para o Patrício. Uma noite a tremer de frio e, de repente, aparece-lhe um jogador do Nacional completamente isolado. Mais uma saída à Patrício, só que desta vez sofreu uma entrada violenta. O Duarte Gomes nem sequer marcou falta)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Vem aí borrasca

Ontem, previa que as coisas se iriam complicar. Não antevi que já estivessem tão complicadas assim. Vem aí borrasca.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Sem tempo

Quem anda nisto há muito anos percebe os sinais. O jogo contra o Vizela anunciou o pior. O próximo jogo contra o Nacional prenuncia o cataclismo. Também pode acabar em redenção. O Marco Silva e os jogadores têm muito pouco tempo para mudar alguma coisa. Mais do que eles, a Direção precisa dessa mudança, para que não se lhe acabe o tempo também.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Mais prognósticos no fim do jogo

1. Dissemo-lo por diversas vezes e repetimos mais uma: a Liga dos Campeões não é uma competição em que um clube como o Sporting possa fazer muito mais do que ofício de corpo presente. É uma participação bem paga, mas não mais do que isso.

2. O que interessa são os jogos como o de ontem, contra o Moreirense. Trocava de bom grado todos os resultados positivos da Liga dos Campeões pelas vitórias contra o Moreirense, Belenenses e Paços de Ferreira em casa.

3. A questão é se os resultados depois da Liga dos Campeões se devem à falta de atitude dos jogadores ou a outra coisa bem diferente. A desculpa da atitude dá para tudo, mas serve para pouco. Justifica o jogo contra o Guimarães, em que pensávamos que podíamos continuar com elevada nota artística mesmo num campo impraticável e com um adversário aguerrido; não se justifica os restantes jogos.

4. A questão é de qualidade dos jogadores e da disponibilidade física para se jogar sempre em correrias permanentes e em ataque continuado. A equipa não dá para tudo. Os jogadores de qualidade não abundam. As opções táticas do treinador não poupam os jogadores.

5. As opções táticas do treinador não podem deixar de estar no centro deste debate. Desgastam os jogadores; nem sempre os permite colocar a jogar da melhor forma e nas melhores posições; transforma a zona central num autêntico baldio. Enfim, mesmo a ganhar, o Sporting está sempre exposto ao ataque adversário.

6. Os campeões em Portugal não são as equipas que melhor jogam ao ataque. São as equipas que defendem competentemente, pressionam os árbitros, intimidam os adversários e, sobretudo nos jogos mais difíceis, marcam golos de bola parada ou em molhadas várias.

7. O Marco Silva é bom treinador. A equipa joga, mais bem do que mal, segundo as suas ideias. Sabemos bem o que é um treinador sem ideias ou que não sabe colocar os jogadores a jogar de acordo com elas. Tem que ser mais realista, mais cínico e colocar a equipa a jogar de acordo com as características dos seus jogadores.

8. O caso do William Carvalho é o mais evidente. Não é, não pode ser, pior jogador hoje do que era na época passada. O que se lhe pede é que não é o mesmo. Ou arranja outro para o lugar, o que não vislumbro, ou então ajusta a forma da equipa a jogar às características do William Carvalho. É que a defesa sofre com este posicionamento do William Carvalho. A questão do controlo da profundidade é mais treta do que outra coisa. Os médios adversários aparecem sempre sem pressão e a dispor de todas as opções em aberto.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Não se matou o jogo quando se devia

Na primeira parte, podíamos, e devíamos, ter resolvido o jogo. Pelo menos três ou quatro golos feitos. No falhanço do Carrillo apeteceu-me entrar no ecrã e ir dar-lhe uma chapada. O Moreirense fez dois remates e marcou um golo.

Na segunda parte, foi muito mais difícil. O Moreirense recuou muito mais e não deu espaços. Anulado, e bem, o Slimani, o Sporting praticamente não tem Plano B para marcar um golo. As bolas paradas não dão em nada. Não há um remate de fora de área. Depois, por isto ou por aquilo, o centro ou o passe para a finalização não saem ou no momento certo ou para o espaço certo.

Nestes jogos encanzinados, é que mais se tornam relevantes os jogadores que fazem a diferença. O Sporting só tem verdadeiramente um: o Nani. O Montero ou o Carrilo, às vezes, também lhes dá para serem decisivos. O resto não é mau, mas é curto face a circunstâncias como as de hoje.

O Moreirense pareceu-me uma equipa muito interessante. Na primeira parte, pressionou bem à frente. É verdade que permitiu meia dúzia de saídas de bola que podiam ter sido mortais. É verdade também que com a bola não sabe bem o que é jogar para a baliza. Como manda a boa tradição do futebol português, joga para o lado e para trás à espera de um livre, de um canto ou de um lance caído do céu. Na segunda, recuou e passou a defender com competência.


(O Porto pareceu-me muito bem. Parecem uns meninos. Com os do Benfica a fazerem faltas atrás de faltas, ninguém arranjou um giga das autênticas. Faltou um Paulinho Santos, um Pedro Emanuel ou um Jorge Costa. É o que dá acabar com os jogadores portugueses e contratar um espanhol com risco ao meio)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Estão de parabéns

Na época passada, ouvimos a conversa das limitações do Sporting para estar na Liga dos Campeões. Esteve e esteve muito bem. Só temos uma sensação de frustração porque o nosso treinador e os nossos jogadores no fizeram acreditar – e com razão – até ao último jogo que era possível chegar mais longe. Estão de parabéns.

Os que achavam que íamos ser a vergonha nacional são os mesmos que hoje acham que tínhamos obrigação de ganhar ao Chelsea e, com sorte e vento a favor, ganhar a Liga dos Campeões. Vamos para a Liga Europa enquanto outros voltam às competições europeias para o ano. Os que regressam para ano eram aqueles que não tinham limitações nenhumas.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A normalidade no Sporting tem que se lhe diga

Em condições normais, perdemos contra o Chelsea. Em condições normais o Schalke 04 ganha ao Maribor. Em condições normais vamos, assim, para a Liga Europa.

Este foi sempre o nosso destino normal. Só não é normal o rumo que tudo isto tomou (ninguém imaginaria que seria necessário um gamanço maior do que a Torre dos Clérigos para o Schalke 04 nos ganhar). Ou, se calhar, é. É mais uma frustração a somar a tantas outras. Quem não está preparado para isto e muito mais não pode ser do Sporting.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A verdade desportiva movimenta-se ao contrário do azeite

No jogo contra o Benfica, o Belenenses não pode contar com o Miguel Rosa e o Deyverson, os seus dois principais jogadores. Com este tipo de contratos – formais ou informais – o Benfica sai beneficiado duas vezes. Sai beneficiado porque assegura que o Belenenses joga sempre desfalcado contra si (de outra forma, ou os jogadores jogariam ou, então, o Belenenses teria desde o início da época contratado outros jogadores em vez destes dois). Sai beneficiado porque reforça o Belenenses para os jogos contra os seus principais rivais, o Sporting e o Porto.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Escorregar e não cair: o equilíbrio possível contra o Boavista

A primeira meia hora foi para acertar com o sintético. Escorrega um, escorrega outro, até se lesionar o Nani. O Slimani falha um golo cantado, daqueles que nunca falha. O Jorge Sousa foi logo avisando ao que vinha com um dos amarelos mais ridículos do campeonato mostrado ao Montero.

O Marco Silva no intervalo deve ter dado ordens para passarem a jogar em modo de futebol de salão. Bola passada para o pé e mais nada. Deu ordens também ao William Carvalho para se deixar de brincadeiras e tapar o meio-campo todo.

Depois, foi Carrillo uma vez, Carrillo outra vez e mais Carrillo para finalizar. Marcou o primeiro, para desbloquear o jogo, e deu dois de bandeja ao Mané e ao João Mário. Pelo caminho fomos brindados com passes absolutamente notáveis do Montero. Só que o rapaz, no momento de marcar, prefere sempre a nota artística em vez de a meter lá dentro. O Mundo não é perfeito.

Como os jogadores do Boavista não faziam um remate à baliza, resolvemos fazê-lo por eles. Mesmo assim, prefiro o autogolo do Jefferson contra o Maribor. Neste, do Jonathan, faltou convicção. Se temos que marcar sempre um autogolo pelo lateral esquerdo, então devemos escolher aquele que o faz da forma mais competente.


(Falta uma nota para o Paulo Oliveira. Por princípio, desconfio sempre dos negócios que fazemos com o Guimarães. O rapaz parecia-me um buraco. Pouco a pouco, começa a dar alguma tranquilidade aquela defesa)

As vantagens das duplas (continuação)



Ontem
Fernando Gomes, ex-presidente da Câmara do Porto, e António Guterres, ex-primeiro-ministro, visitaram o Sr. Sócrates em Évora.

Hoje
«Barbas e Máximo tentam visitar Sócrates Os conhecidos adeptos do Benfica foram até à prisão de Évora deixar "saudações benfiquistas" e entregar um cachecol e uma camisola do clube ao ex-primeiro-ministro.»



Próximos dias
Presumivelmente, seguir-se-ão o Egas e o Becas, Laurel e Hardy, Batman e Robin, Zé Carioca e Nestor e, a finalizar, o Capuchinho Vermelho e o Lobo Mau.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Benefícios às pinguinhas

Revi os principais lances do jogo do Porto contra o Rio Ave. O resultado é enganador. O jogo só se resolveu nos últimos minutos. Pelo caminho ficaram por marcar dois penalties escandalosos a favor do Rio Ave; um dos golos do Porto foi precedido de falta; houve cartões por mostrar à farta.

Temos inveja, mas não queremos ser beneficiados assim. À bruta não nos parece bem. Podia ser de forma mais suave. Um benefício aqui e outro ali, sobretudo nos jogos que estão encalhados. Como se vê, somos modestos a pedir.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Os dois avançados

Temos defendido que na maior parte dos jogos em casa se deve jogar com dois avançados. Não se trata de uma tática standard, independente dos adversários. Implica preparação da equipa para jogar assim. Pressupõe uma maior pressão na saída de bola do adversário, com a defesa mais posicionada sobre a linha do meio campo. Agora, isso é trabalho de treinador, que não somos.

A principal vantagem desta tática não é sobre o modelo de jogo do Sporting. É o efeito que gera sobre o modelo de jogo do adversário. Os adversários quando vêm a Alvalade jogam em função do modelo de jogo do Sporting. Não apresentam um modelo independente daquelas que forem as opções táticas do Sporting.

Jogando assim, os adversários vêm a Alvalade para sofrer. Recuam e metem-se dentro de área desde o início. Não tentam o contra-ataque nem nada de semelhante. A maior parte das vezes, o que pretendem é ver-se livre da bola o mais depressa possível. Em nenhum momento, pretendem dividir o jogo.

É preferível começar assim do que acabar assim, como vimos acontecer nos últimos anos por diversas vezes e nesta época também (como contra o Paços de Ferreira, Arouca e Belenenses). Os adversários entram condicionados e para perder por poucos. Só foi pena que contra o Setúbal não tenhamos ganhado, como devíamos, por uns seis. Se tivesse acontecido, as outras equipas já ficavam a saber com o que é que contavam.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O Cantinho do Morais

A blogosfera e as redes sociais em geral não são locais recomendáveis. Constituem uma outra forma de “reality show”, em que cada um de nós tende a expor o pior de si próprio. Na blogosfera futebolística as coisas tendem a ser um pouco piores ainda.

Procuramos escrever por desfastio. Nem sempre somos compreendidos. As exceções confirmam a regra. Mas é pelas exceções que vale a pena continuar.

O Cantinho do Morais, que não conheço, é uma dessas, bem como o Leoninamente. Leio com agrado o (pouco) que vai escrevendo. É do Sporting todo. Não se dá com fações. Não confunde o presente com o clube e a sua história. Entusiasma-se sem transigir. É alguém com quem vamos gerando cumplicidades. Tê-lo como leitor seria, só por si, um privilégio. Ainda o é mais quando sabemos o quanto nos apreciam naquelas bandas também.

sábado, 29 de novembro de 2014

O contributo do Setúbal para o fim de um mito urbano

Há um mito urbano muito alimentado pelos comentadores do costume: se se jogar com dois avançados a equipa fica desequilibrada e adversários, como o Setúbal, podem aproveitar para fazer transições perigosas; essas transições são potenciadas por jogadores com maior mobilidade e rápidos.

É um mito que não resiste a qualquer evidência empírica como a de hoje. Quando se joga com dois avançados, a equipa adversária acantona-se na sua área (expressão digna do melhor Gabriel Alves) e tem como único objetivo ver-se livre da bola e suspirar de alívio enquanto ela não regressa uma e outra vez. Jogando com os tais avançados rápidos nestes moldes - e, portanto, sem o grandalhão do costume a avançado para tentar atrapalhar os centrais – nem uma bola conseguem ganhar na frente. Mais, em equipas como estas, os jogadores ou são rápidos ou sabem jogar à bola. Nunca acumulam as duas competências.

Dito isto, aos cinco minutos podíamos estar a ganhar por três a zero. Aos vinte podiam estar seis a zero. Acabámos por ganhar por três a zero, com golos só na segunda parte. Isto para dizer que o resultado certo só podia ser um múltiplo de três. Não é um daqueles jogos em que se possa dizer que merecemos ganhar por cinco ou seis. É um jogo em que só se pode dizer que merecemos ganhar por seis ou nove, por exemplo.

É pena que esta tática não tenha sido tentada mais cedo. Talvez não tivéssemos perdido os pontos que perdemos em casa. Como costumo dizer, na maior parte dos jogos em casa, não jogar com dois avançados é dar descanso e moral à equipa adversária.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O Nani, o meu colega Manel, o Slimani, o Benfica e a geografia do futebol

Nos últimos tempos não tenho tido tempo para nada, muito menos para ver futebol. Só ontem é que revi o jogo do Sporting contra o Maribor.

Não tenho uma opinião formada sobre o golo do Nani. Parece uma peladinha das que jogava na escola. Na minha escola, como em todas as escolas, havia pelo menos um miúdo que pegava na bola fintava os outros todos e marcava os golos. Estas jogadas repetiam-se um sem número de vezes, com muitos de nós a fazermos de figurantes. Na minha escola, o Manel passava os jogos todos nisto. O Nani fez-me lembrar, por um momento, o Manel. Só espero que os outros jogadores não se sintam como eu me sentia.

Mas o golo do Nani não foi o que mais gostei. Gostei muito, mas mesmo muito, do golo do Slimani. Aquilo é que é um golo a sério. Bola meia morta na área e, de repente, está lá dentro, sem o guarda-redes ter tempo sequer para perceber como ela entrou.

O Benfica perdeu e não só foi eliminado da Liga dos Campões como ficou excluído da Liga Europa. A comunicação social apressou-se a informar-nos que o Benfica joga melhor cá dentro do que lá fora. O Benfica joga sempre o mesmo. As regras do jogo é que variam com a latitude e a longitude.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

As Ilusões da Champions

Sob qualquer perspectiva possível devemos concluir fizemos uma boa Champions. Jogámos quase sempre bem, ganhámos os jogos em casa contra quem era exigível ganhar e só não ganhámos fora o jogo que era suposto ganharmos devido aos divertidos malabarismos da dupla bucha e estica. Só não empatámos fora contra o nosso adversário "directo" devido a um par de incríveis ilusionistas Russos patrocinados pela Gazprom.   

A tudo isto se acrescentam boas exibições e muitos golos, e uma razoável prestação  naquele jogo que nos mostrou que a Champions para nós não é real, é uma ilusão. E é por causa desse jogo que continuo a achar que o melhor seria ficar em terceiro e seguir para a Liga Europa. A nossa Champions já está feita, e aquele jogo mostrou que a diferença para as 8/9 melhores equipas é tão grande que pensar que podemos fazer melhor que isto na Champions é pura ilusão.

domingo, 23 de novembro de 2014

Mais futsal no nosso futebol

Não gosto muito de futsal. Para mim, os jogos são demasiado táctivos e, por isso, aborrecidos. No entanto, hoje, não deixei de ver o jogo do Sporting contra o Inter Movistar. Ganhámos com muito mérito, um jogo muito difícil, e assegurámos o apuramento para a “final four” da Taça de Campeões da UEFA em futsal.

Nesta modalidade, o Sporting dispõe de todas as características que levam ao sucesso. Uma organização que cria boas condições de trabalho. Um treinador competente e que sabe organizar a sua equipa. Jogadores de qualidade técnica mas que, sobretudo, sabem seguir as orientações do seu treinador. Um público entusiasta que apoia a sua equipa sem quebrantos.

Este exemplo devia ser reproduzido em todos os contextos desportivos. Este jogo devia ser visto e revisto por todos os jogadores das restantes modalidades, nomeadamente do futebol.

sábado, 22 de novembro de 2014

Ficamos a aguardar pelo resultado do Porto

Não vi a primeira parte. Pelo que ouvi na rádio, enquanto conduzia para casa, não perdi grande coisa. Na segunda parte estivemos bem. Nunca chegaremos a saber se estivemos mesmo bem ou se, simplesmente, o Espinho estava a entrar em coma.

Gostei da atitude. Um jogo, qualquer jogo, é para jogar do princípio ao fim sempre da mesma forma. Marcámos cinco, mas podíamos ter marcado mais. O Espinho pedia tréguas insistentemente nos últimos vinte minutos.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O Nani disse o óbvio e o Bruno de Carvalho fez o óbvio

O Nani disse o óbvio. Se o Manchester United, que lhe paga cinco milhões de euros por ano, quiser que ele regresse, ele regressa. Se quiser que ele faça a volta ao Mundo em balão em oitenta dias, ele faz. Não existe qualquer relação disso com o que disse ou não disse o Bruno de Carvalho, porque se o mandarem ficar, ele fica, que remédio.

Aliás, não sei bem o que disse o Bruno de Carvalho. O que sei é que, no local onde trabalho ou em qualquer organização que se preze, quando se perde por três a zero a jogar daquela forma com o Guimarães que nos cabe em sorte, ninguém tem dúvidas que alguém acabará por nos chamar para informar que uma brincadeira daquelas não é para repetir. A diferença é que ninguém se lembra do Facebook para isso.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Não podemos ser esquisitos



Grande aborrecimento. “Secante”, como dizem os meus fregueses. El Greco pode até (ainda) não ter nada a ver com isto, mas jogamos à moda da Grécia, para não dizer à Paços de Ferreira, com onze atrás da linha da bola à espera de qualquer coisa que já não o Espirito Santo, o Bom.  No fim, ganhámos à benfica, sem jogar um cú marcamos um golo em cima da hora. Assim, ainda vamos ser campeões!
De qualquer modo não podemos ser esquisitos. Afinal, no espírito da teoria do “senador” Lobo Xavier de que «não podemos ser esquisitos com o dinheiro», falava ele acerca dos vistos gold, também nós não podemos ser esquisitos. Com o dinheiro, com as exibições, os jogadores, o selecionador ou o resto da malta: gestores, governantes, ministros, presidentes, enfim, as elites e os outros todos. Não podemos ser esquisitos. Muito menos quando ganhamos.

Nota: A estreia de Adrien na seleção A foi para mim uma sensação ambígua: feliz por ele, triste pela injustiça de só agora ter tido essa oportunidade quando já lá jogaram grandes pernetas, mais ou menos polivalentes. Vá lá, para ele, não foi uma homenagem póstuma.