domingo, 31 de outubro de 2010

Vamos voltar ao início

Parafraseando um antigo “spot” publicitário, apetece dizer que “há sempre um Sporting desconhecido que espera por nós”. Em cada jogo, muda a táctica, mudam os jogadores, trocam-se as posições entre eles e, por vezes, acerta-se.

Sabíamos que o Valdês não é extremo ou médio ala. Não sabíamos é que pode ser um excelente dez. Sabíamos que o Nuno André Coelho e o Polga são dois meninos. Não sabíamos é que o Torsiglieri pode ser uma excelente opção para emparelhar com o Carriço: tem cara de homem, entra com força sobre os adversários nas antecipações (é verdade que tem um pé direito completamente “cego”, parecendo, por vezes, ir tropeçar na bola quando ela lhe vem para esse pé; mas, quando não se tem cão, caça-se com gato ou, neste caso, com o Torsiglieri).

Quanto ao jogo (contra o Leiria), ficámos a dever a nós próprios uma goleada ou, antes, ao Postiga. Sem o Postiga e mesmo com dez, hoje, não escapavam. Sabíamos que ele não marcava golos (neste campeonato, após nove jornadas, ainda não marcou um único golo). Sabíamos que ele atrapalhava os colegas. Não sabíamos é que não só os atrapalhava como evitava que os seus remates se transformassem em golos. Toda a gente continua a dizer que ele está em grande forma, que isto e que aquilo e quem somos nós para dizer o contrário.

O João Ferreira é um amigo. Sabíamos isso dos telefonemas. Sabíamos isso, se mais não fosse, pela arbitragem da Super-taça. Não vá o Benfica perder na próxima jornada e o Sporting ganhar e passar à frente, tratou de fazer uma arbitragem preventiva. Como ninguém tem vergonha na cara, vai continuar a apitar jogos por aí, num relvado perto de si.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

His name is…

… Abel. O Abel é um excelente rapaz. Basta olhar-lhe para a cara. Simpatizamos logo com ele. É o genro que todos nós escolheríamos. Imaginamo-nos, com ele, a lavar o carro ao sábado ou a passear ao domingo de fato de treino de tactel no shopping.

O que não o imaginamos é como herói do nosso clube. Podia ser um herói improvável. Acontece, às vezes. Por exemplo, o Acosta tinha cara de um responsável funcionário de meia-idade das finanças e não deixou de ser um dos meus heróis por isso. Mas o Acosta marcava golos (sobretudo quando o Secretário se distraia). O Abel não é assim.

O Abel é um jogador mediano, mas esforçado, que, por uma série de coincidências e de alinhamentos dos astros, acabou no Sporting (até chegou a ser convocado para os treinos da selecção). Ele próprio sabe isso. Ele próprio não aspiraria nesta altura a muito mais do que regressar às origens no seu querido Penafiel, onde se reformaria do futebol e abriria uma loja de material desportivo. Talvez viesse a ser, quem sabe, treinador do Paredes, do Lousada ou assim.

Mas não. O Abel, hoje, é um dos jogadores mais importantes do nosso Sporting. Marca as bolas paradas. Marcou, no último jogo, um golo decisivo contra o último classificado. Este estatuto do Abel é a mais sublime ironia do nosso Sporting actual. Representa, na perfeição, o buraco em que nos metemos.

domingo, 24 de outubro de 2010

Hoje foi melhor

Estive tentado a dizer que “hoje gostei”. As expectativas não são muitas e cada vez mais nos contentamos com pouco. Mas hoje, de facto, foi um pouco melhor do que o costume.

Ganhámos e isso é bom em si mesmo. Ganhámos de forma esforçada e sem dar grande descanso ao adversário, que, na última meia hora, não conseguiu sair do seu meio campo. Nesse período, pressionámos, recuperámos bolas sobre bolas e, mais em força do que em jeito, lá fomos criando lances que nos teriam permitido descansar um pouco mais cedo.

Gostei de alguns jogadores. O Patrício comportou-se como um guarda-redes de clube grande. A bola pouca vezes lhe chegou mas quando tal aconteceu esteve muito bem. Fez três defesas decisivas. O Torsiglieri pareceu um jogador interessante. É agressivo sobre a bola. Pressiona bem os adversários, não os deixando dominar a bola e segurá-la no ataque. Mais importante do que isso, é o único defesa que tem cara de poucos amigos.

Quanto aos restantes, não há muito a dizer. Temos a originalidade do Abel a marcar as bolas paradas e a sua transformação em goleador de último recurso. O João Pereira continua com a mesma determinação do costume. Merecia ter marcado aquela que foi ao poste. O André Santos lá continua abnegado e trapalhão. Um pouco mais clarividente esteve o Maniche. O Postiga prossegue a sua saga no Campeonato. Continua sem marcar um golo apesar de estarmos praticamente a meio da primeira volta. É verdade que teve algum azar. Mas tanto azar ao fim de tantos anos tem outro nome.

Os comentários foram magníficos. É sempre bom podemos continuar a ouvir o Manha. Gostei daquela em que o lateral esquerdo do Rio Ave, depois de ter um amarelo, fez uma falta sobre o Abel (com mão à mistura) que poderia ter originado a sua expulsão. Comentário imediato: “o Sporting também não se pode queixar pois já fez mais faltas que o Rio Ave”. Percebem a relação entre o toucinho e a velocidade? Não percebem pois não?! Foi mais ou menos assim que fiquei após esse comentário. Também fiquei surpreendido (ou não) por a TVI não ter dado a repetição de um lance em que se reclamou penalty após centro do Valdés.

sábado, 23 de outubro de 2010

Boas novas do Império do Mal: Continuam os síntomas de stress pós-traumático pelo Título da época passada

O preço da fama e, também, de alguns excessos está a dificultar o regresso à realidade dos jogadores do Benfica resgatados do poço sem fundo pelo Título da época passada.

O central David Luíz, um dos jogadores que estiveram retidos mais de três anos no açougue, perdão, na enfermaria da Luz, e que aparentava estar muito bem durante a época passada quando imitava na perfeição Freddy Kruger na forma como laminava os seus adversários, foi hoje internado com uma crise de ansiedade por não conseguir imitar o penteado e, sobretudo, os famosos pelos de peito do músico -ícone dos anos 70 Tom Jones. O argentino Pablito Aymar contou, também, à reportagem do ILdL que vive agora stressado pelo constante assédio da imprensa “lampiã” lisboeta (em busca de frases de auto-motivação do tipo “O Arouca levou que contar: O Benfica saiu do buraco e, agora, o céu é o nosso limite”), confessando mesmo que a sua vida no poço sem fundo era bem mais tranquila.

Por seu lado, de acordo com “A Bola”, o Capataz Luisão terá informado, uma vez mais, a Direcção do Benfica que está a ponderar sair do clube já em Dezembro, desta vez, por ter recebido um convite para interpretar o papel do simpático ogre Shrek já no próximo filme daquela saga. Há, ainda, jogadores que não conseguem dormir bem e acordam sobressaltados, imaginando que, desta vez, a ajuda do Ricardo Costa de serviço e da APAF, poderá não chegar a tempo de evitar o retorno da sua carreira ao poço sem fundo onde se encontrava.

Entretanto, o implacável profeta Jesus, que orientou o resgate dos jogadores do Benfica durante a época passada, pregou-lhes, logo após o flop de Lyon, um severíssimo sermão: “Vigiai e treinai, para que não entreis nem um poucochinho em tentação; o espírito está muita forte, mas a carne é uma treta... Em verdade vos digo, há ainda muita frango para virar, mas muita poucochinhos para saltear. Desta vez, perdoo-vos, pois vocês não sabem o que fazem - por exemplo, vocês os três, vaiam à bola! Subem! Façam um quadrado.

Porque fala o Mestre por parábolas? Porque a vós é dado conhecer os mistérios do forno interno do clube, mas a eles lá fora não é dado. Porque aquele que tem, se lhes dá, mas aquele que não tem, até aquilo que tenha lhe será tirado. Por isso falo por parábolas; porque vendo, não vêem, e ouvindo, não ouvem e nem entendem. Ouvindo, ouvireis, mas não entendereis. E vendo, vereis, mas não percebereis”.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A insustentável leveza de Postiga

O título deste “post” esteve para ser o deste “blog”. O Júlio Pereira que, parecendo que não, é um sportinguista a sério, não permitiu esta brincadeira. Mas, de facto, existe uma insustentável leveza na forma de jogar do Postiga. Joga em “souplesse”, como que saltitando de nenúfar em nenúfar, desmarcando-se incessantemente para aqui e para ali de cabelos ao vento e nunca se aproximando da baliza. Quando calha estar próximo dela e tem oportunidade de marcar golo, quase sempre lhe sai uma rosca ou um cabeceamento desamparado para as nuvens. No fundo, é um típico avançado à Nuno Gomes, gosta de jogar de costas para a baliza porque de frente para ela nota-se mais a falta de jeito.

Mas começa a existir algo de misterioso no desempenho mais recente do Postiga. Vai no terceiro jogo consecutivo a marcar golos e não me consigo lembrar de todos os que marcou esta época (seguramente mais do que nas três últimas). Este mistério precisa de análise séria e rigorosa. Muitos dos grandes cientistas e outros pensadores que viveram entre o século XVIII e o século XX, de Adam Smith e Ricardo a Lavoisier e Darwin, de Marx e Durkheim a Max Weber e Pareto, de Humboldt e Planck a Poincaré e Einstein, confrontaram-se com desafios desta magnitude. Espero estar à altura deste passado.

A questão que precisa de ser confirmada ou infirmada é: O Postiga está possuído? Seguir-se-á um longo processo experimental antes de chegar a uma conclusão definitiva. Irei dando notícias.

Quanto ao jogo de hoje (ontem) contra o Gent, cada vez me convenço mais que estes resultados também deviam contar para o Campeonato Nacional, ou lá como é que isso se chama. É que não podemos andar a arrecadar pontos para a UEFA que vão beneficiar os clubes que apostam tudo na prova interna. O Benfica para evitar isso decidiu não ganhar jogos na Liga dos Campeões, não fosse vir a beneficiar o Porto, o Sporting ou o Braga na próxima época.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

“Se não pudermos vencer no relvado, vamos vencer no mercado…”

- Burocratas! Esses tipos da Liga não passam de uns funcionários públicos, uns tangas de alpaca, enfim, isso, vocês sabem o que eu quero dizer... Epa, é este o triste “state of art” do futebol português. Mas, se não os pudermos vencer no relvado, vamos vencê-los no mercado. É que aí, meus amigos, aí eu sinto-me como peixe dentro do escabeche, ou lá o que é … - declarou confiante o Presidente, enquanto arquivava o ofício da Liga informando sobre a rejeição da Candidatura ao Título de Campeão 2010/2011 da Liga.

- Mas, como? Em que é que está a pensar, Presidente? – questionou surpreendido o Director de Futebol.

- Aaaah, meu amigo, bem, aah, neste momento, bem, neste momento, não me ocorre nada. Mas, long, long, time ago, depois de ter lido aquele genial e oportuno livro do João Sendeiro “Como vencer nos mercados”, tive uma ideia inspiradora. Sim, vá lá, vá lá, peço-vos um pouco de contenção, estou mesmo a falar a sério. Dizia eu, então, que tive uma visão inspiradora: criar um fundo compósito de jogadores que valorizasse apenas as suas melhores características. Como "time is funny", logo no início da época, dei orientações ao nosso Director Financeiro para criar esse fundo compósito integrando a velocidade do Djaló, a capacidade técnica do Postiga e a combatividade do Grimi.

E, meus amigos, a partir de agora, é sempre a abrir! A mão invisível dos mercados empurra-nos para o sucesso! Foi difícil suportar tantas críticas injustas, mas ainda bem que nunca desisti de acreditar na minha máxima preferida do Manual de Emprendedorismo para Tótos: “Falhe logo… para que possa ter sucesso mais cedo. Não se preocupe com os erros; só tem que estar certo uma vez!”. Enfim, veni, vidi, vici, como cantavam os Da Vinci, ou lá quem era… – delirou, eufórico, o Presidente.

- Aaah, huuum, Presidente, aham, receio não ter… boas notícias… - murmurou o Director Financeiro. A CMVM informou-nos, na semana passada, que recusou a criação do fundo proposto pelo Presidente devido aos seus elevados níveis de toxicidade potencial. Afinal, perguntam eles, quem se arrisca a ficar, depois, com a técnica de recepção de bola do Djaló, com a eficácia de concretização do Postiga, ou com a coordenação motora do Grimi? Enfim, confesso que ainda não conseguimos encontrar uma boa resposta para isto…

- Epa, não pode ser! Estou farto disto! Basta! – disse o Presidente, furibundo, enquanto dava um murro na mesa. De seguida, sentiu uma forte dor no antebraço, derrubou o candeeiro da mesinha de cabeceira e… acordou estremunhado: Ufa – suspirou - ainda bem que... tudo não passava de um pesadelo…

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

É oficial: Liga arquiva Candidatura do Sporting ao Título de Campeão 2010/2011…

O ILdL, em mais um rigoroso exclusivo, transcreve de seguida – após depuração de grande parte dos erros do documento original – o ofício remetido pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional à Presidência da Sporting SAD, informando, logo depois do final da 1ª Jornada, sobre o arquivamento da Candidatura da Sporting SAD ao Título de Campeão 2010/2011 da Liga.

“Relativamente ao assunto em epígrafe, vimos por este meio informar, para os efeitos tidos por convenientes, que a Candidatura da Sporting SAD ao Título de Campeão 2010/2011 da Liga, apresentada por essa entidade no início da corrente época, não reúne condições de admissibilidade, atentos os motivos a seguir expostos:

1. Capacidade da Direcção Técnica e Desportiva. A apreciação efectuada pelos Serviços da Liga aos Curricula Vitae da Direcção Técnico-Desportiva proposta pelo Sporting SAD na presente Candidatura, evidencia parâmetros de inaptidão muito próximos do nível vermelho da Escala “CCA - Couceiro-Carlão-Agatão”. De igual modo, a projecção realizada, através da aplicação prospectiva do princípio de Peter, à carreira dos membros da referida Direcção Técnico-desportiva, aponta para um limiar de evolução futura situado algures entre os graus "Xavelhas" e "Bom Sucesso", ou seja, pouco acima do nível “Campas” da Escala de “Aselha Modificada” dos comentadores desportivos.

2. Capacidade Financeira e de Gestão. A análise efectuada sobre os recentes exercícios de antecipação de receitas televisivas, sobre os investimentos no plantel futebolístico realizados na corrente Presidência da Sporting SAD e sobre as suas orientações prioritárias de gestão, evidencia parâmetros que convergem rapidamente para níveis de insustentabilidade históricos - de acordo com os dados mais recentes, o grau de ridículo supera mesmo o nível 100 “Bigodes”. Merece referência neste âmbito a inelegibilidade de parte significativa das operações de investimento realizadas desde Janeiro de 2010, em particular, no caso dos (in)activos Sinama Pongolle e Marco Torsiglieri. As projecções apontam, também, para a possibilidade da gestão da Sporting SAD vir a provocar, a breve trecho, o fenómeno tecnicamente conhecido como “poço sem fundo”, perspectivando-se que o Presidente, o Director Desportivo e a Equipa Técnica venham, em simultâneo, a refugiar-se na “mina” de Alvalade, recusando ser resgatados até alguém lhes oferecer uma Playstation, um Smoking e, já agora, uma… simpática indemnização.

3. Comunicação Institucional. Os serviços da Liga identificam neste parâmetro aparentes avanços em relação à época transacta – decorrentes, em larga medida, da estratégia de mutismo entretanto adoptada pelo Presidente da Sporting SAD; porém, esses avanços revelam-se insuficientes para atingir o patamar mínimo de admissibilidade da presente Candidatura. Com efeito, a Sporting SAD continua a não conseguir recorrer: (i) a esquemas do tipo ALD - Aluguer de Lampiões Desesperados, visando, em espaços de grande exposição mediática, promover a sistemática desestabilização dos principais clubes rivais, enquanto são branqueados erros internos e/ou as tradicionais arbitragens favoráveis à simpática agremiação de Carnide; (ii) a técnicas de persuasão, doces ou musculadas, semelhantes às praticadas com grande sucesso sobre os escassos autóctones sobreviventes da comunicação social desportiva da Cidade Inbicta. Para além disso, a Sporting SAD deverá também assegurar no futuro uma preparação mais profissional da comunicação dos representantes leoninos nos “Painéis” futebolísticos semanais e/ou mesmo ao seu Treinador e jogadores no final dos jogos, promovendo a sua prévia e ortodoxa “catequização” com as necessárias orações de sapiência desportivas e/ou jurídicas (por exemplo, recordando lances ou situações equiparáveis ocorridas nesse jogo ou em jogos ou épocas anteriores, ou com clubes rivais, ou pedindo a repetição de lances que não fazem parte dos resumos principais, etc).

4. Parcerias. Por fim, a Candidatura ao Título de Campeão da Liga submetida pela Sporting SAD não evidencia os níveis mínimos de amarração institucional, continuando, tal como nas últimas décadas, a não apresentar as Cartas de Parceria & Conforto: (i) da APAF e Conselho de Arbitragem, acompanhadas das correspondentes Declarações de compromisso, onde devem constar, de forma expressa e quantificada, os principais indicadores de realização e de resultados (por exemplo, penalties, expulsões, foras de jogo); (ii) dos órgãos disciplinares da Liga, mencionando, de igual modo, os seus principais compromissos em matéria de decisões favoráveis (por exemplo, número e período de suspensão de jogadores da entidade promotora e dos seus principais rivais).

Neste contexto e verificando-se o incumprimento dos requisitos de admissibilidade anteriormente enunciados, os serviços da Liga deliberam rejeitar a Candidatura da Sporting SAD ao Título de Campeão 2010/2011 da Liga, devolvendo-a, assim, para efeitos de digestão e arquivo, à competente Presidência da Sporting SAD.

Com os mais ínfimos protestos de estima e consideração,

(Impressão digital Ilegível)”



To be Continued...

sábado, 16 de outubro de 2010

Nada de novo na “linha de água”

Não basta ser-se do Sporting, nos tempos que correm, para se passar uma tarde de Sábado a assistir ao jogo com o Estoril. É preciso ser-se maluco. Maluco do Sporting, neste caso (duas características que, cada vez mais, se complementam muito bem).

O jogo, como sempre, foi mau. Fui-me pouco a pouco abstraindo dele. Pela cabeça passavam-me os mais variados trocadilhos com a expressão Linha (a célebre Linha do Estoril). E não foram só os antigos trocadilhos com o Cannigia e o seu gosto por um certo tipo de linhas. Brotavam-me da cabeça preciosidades como: “É preciso por esta gente na linha”; “O Postiga não (a)linha”; Ó linha minha gentil que te partiste tão cedo desta vida descontente…”.

Também me passaram pela cabeça certas lembranças. O início da carreira do Fernando Santos como treinador-engenheiro do Estoril. Quase tive saudades do tempo em que foi nosso treinador (foi nessa altura que contratámos o Polga). Mas depois lembrei-me do Custódio a trinco e passou-me. Não podia deixar de me lembrar do Carlos Manuel, quando, no Estoril, acabou a sua carreira de futebolista e iniciou a de treinador. Foi, sem sombra de dúvidas, o pior treinador de futebol que passou pelo Sporting. Foi o tempo em que o Agatão se fez passar, em Alvalade, por preparador físico. Tempos em que a nossa tendência para o suicídio se agudizava.

Quanto ao jogo, ganhámos (se acabarmos na Liga Orangina já sabemos como havemos de jogar fora de casa). Levámos o tradicional golo de bola parada como se estivéssemos a jogar uma peladinha de solteiros contra casados. O Liedson encarregou-se de, em meia dúzia de minutos depois de entrar, explicar porque é um dos melhores avançados do Campeonato Nacional. Provavelmente, o único que temos. O Postiga marcou mais um golo. Tudo nos acontece. Corremos o risco de não só sermos o clube onde o Postiga jogou três épocas completas consecutivas como aquele onde, depois disso, ainda lhe renovaram o contrato.

Enfim, nada de novo na “linha de água”…

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A Equipa A do Sporting (cont.)

A nossa Equipa A voltou a ganhar, agora contra a Islândia. Ganhar fora é sempre bom. Ganhar fora com o Postiga é um feito excepcional. Ganhar fora com um golo do Postiga é pura e simplesmente impossível. Estamos em presença de um fenómeno paranormal que precisa de ser seriamente investigado.

Com o Paulo Bento a treinar a Equipa B, ainda íamos a tempo de ficar em segundo no Campeonato, ganhar a Taça de Portugal, vencendo o Porto na final, e de perder a final da Taça da Liga contra o Benfica, com um penalty inventado por um Lucílio qualquer.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Equipa A do Sporting

Para nós, é sempre um gosto ver a Selecção Nacional jogar. É o Sporting na sua versão Equipa A, ainda para mais agora com o nosso melhor treinador dos últimos anos. Com a Equipa B não ganhamos ao Beira-Mar. Com a A ganhámos 3 a 1 à Dinamarca.

Percebe-se o critério de promover alguns jogadores da Equipa B à equipa principal, como é o caso do João Pereira. Já é muito estranha a promoção do Postiga. Mesmo assim, revelou muita inteligência no terceiro golo ao não atrapalhar os nossos dois melhores jogadores.

O problema é que, depois de Quarta-Feira e até ao final da época, só podemos ver a Equipa B. Por outro lado, com a Equipa B neste estado, como é que, dentro de poucos anos, vamos ter Equipa A? (*)


(*) Esta pergunta é um mero exercício de retórica. Todos sabemos que, nessa altura, vamos naturalizar o Hulk, o Falcão, o Cardozo, o Di Maria, e por aí fora, Esperem só um bocadinho… A minha filha está-me aqui a dizer ao lado que o Di Maria já não joga sequer no Benfica e que os outros não podem ser convocados para a nossa selecção porque jogam nas deles. Não me parecem grandes obstáculo, mas vou pensar um pouco melhor nisto.

sábado, 9 de outubro de 2010

Abram @l@s pró Noddy...!

Uma fonte anódina, ou lá o que é, gorducha e de bigode, que costuma realizar rondas noturnas ali para as bandas da Praça do Toural, fez chegar ao ILdL duas enigmáticas mensagens que terão sido interceptadas pela GNR de Ronfe, na noite da passada segunda feira, perto da Cidade Berço.

- Guim@rães, 22.00 horas. Hi, papa! Tass? Gost mt do PES [Pro Evolution Soccer] mara.do da Lig@ Sag.res q m dest pra PSP. Os Play.ers q m comprast xao bns. A op.com de contrl link do Pres da Lig@ tmb eh mt fix. Rs, rs, rs, rs. Mm axim, a mnha prfrida eh a fun.com de tl-com.ando dos @rbitrs – n mrca pnlties cntr nox e, qdo qerems, mrca pnlties a noxo favr ):-):-):-). A mm cois@ ns amrels e ns vermlhs B-). Cmo m avisast ixto soh n Run mt bm cntr o Bn.fica :-/. D res.to, Geni@l! LOLOLOL! Axim eh totil f@cil o pipol xegar ao 7 nvl da Lig@ com o max de ptos :-)))))). ROTFLOL.

- Guim@rães, 22, 45 horas. OMG! Papa! Tou :,-( e = :-o. N conxegi paxar o nvl 7 :-( :-( :-(. Q Mega, ixto é mt chat… A fun.com de tl-com.ando dos @rbitrs, oh n tah on.line, oh tah com alg1 bug. Cont.nu@ a n mrcar pnlties cntr nox, mas jah n mrca pnlties a noxo favr qdo qerems :-(. E, img.in@, teh ns ex.pulsw o Fuxile. :-0. Tou bue >:-<< ! Axim n brinc +! Pds fzer 1s FAQs asap ao miguxo da Lig@ pra ver o q c paxa? E pdir ao hackr @bel pra fzer 1 query e dpois copy – paste da nov@ password? Obrgdo! Xau!

O ILdL, face ao evidente interesse público do conteúdo das mensagens, decidiu, então, reproduzi-las neste espaço, devolvendo-as e oferecendo “cookies”, um DVD do Noddy, ou o CD “Eu engoli um sapo” da Maria Armanda, a quem provar que as mesmas lhe pertencem. Também não conhecemos, até porque, manifestamente, nunca nos foi apresentado, o destinatário das mensagens – o “papá”, segundo alguns, ou “papa”, segundo outros. Neste caso, o simpático líder do comando clandestino das Brigadas Vermelhas do Norte juntou-se ao ILdL, oferecendo tabaco, sal grosso ou a sua colecção de DVDs dos Sopranos para o improvável caso de alguém conseguir apanhar, perdão, identificar o misterioso “papá” (ou “papa”). TIA – Thanks in Advance. Teh jah.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Procura-se dirigente de futebol para relacionamento sério!

Procura-se conspirador inveterado, fervoroso e com experiência golpista em movimentos revolucionários semelhante à de Machado Santos , teimoso e com o espírito combativo e a irreflectida coragem do Cavaleiro Negro dos Monty Python, tenaz e com a imoderada capacidade de resistência a pratos gourmet de Mahatma Gandhi.

Objectivo – Depor a Monarquia Liberal instalada no Reino de Alvalade, instaurando a República ou outra coisa qualquer e trocando o código de barras dos torniquetes do Estádio para evitar o regresso dos Vis Condes.

Requisitos Preferenciais - Aptidão e experiência comprovada na utilização dos seguintes métodos de desobediência civil:

- Greve de fome, recusando os petiscos e beberetes dos Camarotes VIP da Corte Leonina, ou, pelo menos, resistindo aos pimentos de Padrón ("unos pican y otros non") até o Monarca borregar;

- Greve sempre em pé, assistindo aos jogos da equipa de futebol de pé e sem beber café, não adormecendo, nem arredando pé, até que o Monarca saia pelo próprio pé;

- Parar em frente à porta 10-A e gritar a plenos pulmões a palavra “Forever” até o Monarca abdicar;

- Manifestações e marchas, levantando bem alto cartazes com fotografias do Tenente- Catástrofe Frank Drebin (sósia do Monarca) e clamando “Onde é que pára a Polícia?”, ou, em alternativa, “Querida, Encolhi o Clube…”;

- Em situações desesperadas, telefonar ao Monarca e aos membros da Corte Leonina e entoar o prelúdio nº 4 da op. 28 de Chopin - se mais nada resultar, cantar-lhes, então, afinadamente, o “Deixei tudo por ele, deixei, deixei, Deixei de ir ao cinema, deixei de ir ao futebol, Deixei de ir à praia, deixei de ver o sol...”.

O prelúdio do fim



O prelúdio nº4 da op.28 de Chopin é uma das peças mais tristes que me foi dado ouvir. Quem é que não se consegue emocionar com ela? Vêm-nos à cabeça todas as imagens do passado. Mas vêm-nos com uma sensação de perda. Vêm-nos como um caminho para o fim.

Este foi o meu estado de espírito ontem, depois do jogo com o Beira-Mar. A sensação de uma completa e absoluta perda. A sensação de caminharmos num plano cada vez mais inclinado.

Quando é que tudo isto começou? Quando é que tudo isto começou a acabar? Não foi ontem. Ontem foi quando vimos o fim. Não foi quando contratámos aquele rapaz que passa por nosso treinador. É uma irrelevância e, como irrelevância que é, mais cedo do que mais tarde será despedido. Não foi quando saiu o Paulo Bento. Muito menos com a entrada dele. Ele prolongou o “requiem”, mas a cerimónia estava em marcha.

Quando é que nos conformámos? Quando é que desistimos? Quando é que aceitámos o fim?

domingo, 3 de outubro de 2010

O fabuloso fado do Benfica: Um exemplo de “Jornalismo Positivo” …

- “Fábio Fabuloso: Benfica vence com grande golo e excelente exibição do extremo” (A Bola, 26/9/10);
- “Benfica guarda jóias: Coentrão renova até 2016 e seguem-se David Luiz e Luisão” (A Bola, 28/9/10);
- “Há sempre uma primeira vez -Benfica nunca venceu na Alemanha mas Jorge Jesus ainda sonha: Estamos ao nível dos melhores” (A Bola, 29/9/10);
- “Kardec – A Nova Ameaça: Avançado é aposta forte de Jesus e deixa Sporting de Braga em sentido” (A Bola, 1/10/10);
- “A melhor dos últimos 30 anos : Cardozo tem a média de golos mais alta” (Record, 21/9/10);
- “Reyes sonha voltar à Luz (Record, 23/9/10);
- “Mourinho lembra estreia: Benfica é gigante” (Record, 21/9/10);
- “Jesus pensa em grande: Tenho direito a sonhar” (Record, 29/9/10)“;
- “Faz hoje 50 anos que as Águias arrancaram para a conquista da 1ª Taça dos Campeões” (Record, 29/9/10);
- “A hora do tango: Encarnados querem chegar hoje ao segundo lugar” (Record, 3/10/2010).

Estes são apenas alguns dos títulos principais mais recentes das capas dos jornais desportivos “A Bola” e “Record” dedicados ao actual… sétimo classificado da Liga Sagres e penúltimo colocado do Grupo B da Liga dos Campeões.

“Trata-se de bons exemplos do que é hoje designado por Jornalismo Positivo” – afirmaram os Directores daqueles diários desportivos lisboetas ao ILdL. Inspirados nos métodos mais tradicionais de propaganda, aqueles responsáveis identificam a simplificação como o seu eixo central de actuação: “Adoptar uma única ideia, um único símbolo – tudo o que vem do Benfica é bom. A partir desse dogma central, toda a propaganda gerada, perdão, todo o Jornalismo Positivo deve procurar ser popular, adaptando o seu nível ao menos instruído dos indivíduos aos quais se dirige. A capacidade receptiva da massa popular é limitada, a sua compreensão escassa e tem tendência a esquecer tudo com grande facilidade. Quanto maior a massa de população a convencer, menor será, então, o esforço mental a realizar. Estes são, pois, os princípios fundamentais deste nosso novo conceito de Jornalismo Positivo”.

“Mesmo quando o Benfica perde (vade retro, longe vá o agouro, toc, toc, toc – benzem-se os Directores), em vez de enfatizarmos os aspectos negativos da exibição encarnada, optamos por títulos lamechas do tipo “Triste Despertar” ou “Huntelaar trai Jesus: Treinador encarnado bem o queria no Verão” (A Bola e Record, respectivamente, após a derrota contra o Shalke). Ou, ainda, quando algum jogador do Glorioso se lesiona, procuramos ver a coisa sempre pelo lado positivo para continuar a mobilizar a massa adepta benfiquista. Por exemplo, n`”A Bola”, referimos na sexta-feira que “Cardozo pára apenas 3 semanas” e, logo no dia seguinte, colocamos como título de página inteira “Kardec – A Nova Ameaça: Avançado é aposta forte de Jesus e deixa Sporting de Braga em sentido”, informando ainda que Felipe, o guardião bracarense, já se deu mal em jogos anteriores contra o novel portento benfiquista”.

Segundo apurou o ILdL, este novo conceito de Jornalismo Positivo, desde sempre favorável ao Benfica no ADN d`”A Bola” e, mais recente, no caso do próprio Record, está a gerar grande preocupação nos principais editores do Jornal “O Benfica”. “Isto é concorrência desleal! – afirmou à nossa reportagem um dos responsáveis pelo Jornal da simpática agremiação de Carnide. “Temos muitas dificuldades em entrar no mercado, porque, infelizmente, os nossos jornalistas apenas conseguem atingir o grau 7 da Escala de “Barbas” de facciosismo benfiquista. “ Os jornalistas do Record já alcançam frequentemente o nível 8 e os d`”A Bola” chegam quase sempre ao patamar máximo”.

“Aliás, comparado com os jornalistas d`”A Bola”, o “Taxista Zé Manel” parece um lagarto dos sete costados” – refere, abespinhado, o mesmo responsável. “Por exemplo, o Aurélio Márcio d`”A Bola” chegou, inclusivamente, há uns bons anos atrás, a zurzir duramente o Jornal “O Benfica” por este se ter atrevido a lançar uma ou outra crítica velada à exibição encarnada após um jogo menos bem sucedido (salvo erro, derrota na Luz contra o Boavista), dizendo que tais referências negativas iriam contribuir para desestabilizar a equipa em vésperas de um confronto decisivo com a Roma numa pré-eliminatória da Taça dos Campeões Europeus” (n.d.r – OK, agora, caros leitores, por favor, verifiquem se estão bem sentados da cadeira: esta última parte é mesmo verdadeira…).

Entretanto, o IldL sabe que, pelo contrário, o Kremlin - que recentemente impôs normas que obrigam a rádio a divulgar pelo menos 50% de notícias positivas sobre a Rússia - está a acompanhar com grande interesse esta experiência da imprensa desportiva lisboeta. “Trata-se, na verdade, de uma boa prática de Jornalismo Positivo” – confirmou um alto responsável russo. “O modelo do Pravda encontra-se ultrapassado e estamos neste momento a envidar esforços no sentido de podermos vir a contar com Vítor Serpa, Alexandre Pais, ou Leonor Pinhão para, com todo o seu know how, ajudarem a transferir este excelente modelo de Jornalismo Positivo para a nossa Comunicação Social. Estamos convencidos que, com o seu apoio, o fanatismo, tornar-se-á, cada vez mais, o desporto da ignorância” – concluiu.

O Reinado de Bettencourt I e os Últimos Anos da Monarquia Portuguesa: Descubra as Diferenças

“O aspecto mais imediatamente visível do apodrecimento do sistema liberal monárquico nesses últimos 20 anos talvez fosse o da sua progressiva ingovernabilidade, o do crescente impasse das instituições. A “oligarquização” do sistema e os seus efeitos geravam o desprestígio da instituição monárquica, do rei, dos seus “aúlicos” e do pessoal político do regime, não só entre os grupos sociais dele excluídos, mas, também, de forma crescente, entre as “forças vivas”, os grupos dominantes. (…)

O Estado monárquico e a dinastia não demonstraram a capacidade de neutralizar o perigo republicano “caçando no seu campo”, isto, é, ensaiando uma auto-reforma do sistema, nem encontraram na sua base natural e normal de apoio, entre as classes possidentes, qualquer disposição efectiva de defender o statu quo. Também para elas, nas novas condições, aquela Monarquia liberal, instável e ineficiente não servia. Sem apoiarem explicitamente a conspiração republicana, as “forças vivas” vão seguramente deixar cair a Monarquia. Mais do que derrotada pela revolução lisboeta do "5 de Outubro”, a Monarquia vai render-se, à primeira oportunidade, na capital e nos arredores, entregando-se sem sequer esboçar a luta, por simples informação telegráfica, no resto do País. A fórmula monárquica do liberalismo esgotara-se”.

Fonte: História da República Portuguesa, 2009, Fernando Rosas

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Temos pinheiro!

Ganhámos e por 5-0. O nosso treinador estava esfusiante (após o terceiro golo até dava orientações para o campo). Estava perfeitamente convicto que aquilo é que era um 4-3-3 que se visse. Quais 4-4-2 clássico, 4-4-2 losango, 4-2-3-1, qual carapuça. O que estávamos era a precisar de um 4-3-3 com o Postiga a ponta de lança.

O Postiga jogou como quem diz: “se querem um pinheiro, então, aqui estou eu”; o que me fez lembrar uma antiga história do Sporting com o clube da minha terra, o Académico de Viseu. Corria a época de 1980-81, quando o Académico de Viseu, depois de despedir o treinador, foi jogar a Alvalade. Nesse jogo quem assumiu as funções de treinador foi o preparador físico, Idalino de Almeida. O Académico de Viseu ganhou por 1 a 0, com golo de Águas, um pequenote mas habilidoso extremo direito (hoje, Dr. Carlos Marta, Presidente da Câmara de Tondela).

Na euforia que se seguiu ao final do jogo, Idalino de Almeida, passeando em pleno relvado às cavalitas do Presidente do Académico de Viseu, o bem conhecido “Quim dos Colchões”, gritava: ”se precisam de um treinador, então, aqui estou eu”. Esta frase apareceu, ao outro dia, como título de “A Bola”.

É verdade que a história não acaba bem. Logo no jogo a seguir, em casa (no Estádio do Fontelo), o Académico de Viseu perdeu com o Belenenses por 2-1. O Belenenses tinha acabado de contratar um avançado brasileiro, cujo nome (Peribaldo) jamais posso esquecer, que no primeiro chuto que fez no campeonato (e, portanto, nesse jogo) marcou golo. O Idalino de Almeida foi despedido.

Estas histórias nunca têm um final feliz.