terça-feira, 17 de maio de 2022

Para o ano há mais

 

O ano acabou bem com o Rui Monteiro a ter de ir ao VAR por suposta entrada a pés juntos ao Covid. Ou vice-versa. As imagens não eram conclusivas. Felizmente a Covid estava em fora de jogo por alguns centímetros. A grande penalidade não foi assinalada para espanto de alguns, mais incautos.

O ano acabou bem para o Braga, conformado. Um quarto lugar apenas faz sentido se o Benfica for o terceiro. Caso tivesse o Sporting ficado em terceiro havia lugar para o VAR e alguns comunicados.

O ano acabou bem com o jornal A Bola e outros órgãos oficiosos a fazerem a apologia do Seixal e da formação benfiquista, inventar para quê, com tantos pontos de distância a ferida obrigava a uma pequena sutura, parecendo estarmos perante o Sporting Lisboa e Benfica. A mudança de paradigma na luz, que decerto surpreenderia Thomas S. Kuhn, é muito conforme as luzes que vão aparecendo nos sonhos ou em algumas visões noturnas, isto se ninguém ligar o quadro elétrico ou o sistema de irrigação.

O ano acabou bem para o Porto, sagrando-se campeão de futebol, embora atravessado pelo pseudo tabu do agora anjinho Conceição, e após uma ultrajante perseguição de que terá sido alvo este clube reconhecido pelo seu fair play desportivo e alimentar, onde a fruta se revela um elemento preponderante para o seu sistema digestivo.

O ano apenas acabou mal para o Sporting. Assim parece. Amorim foi o único a dizer que foi um ano negativo, pese embora a ocorrência de um pequeno milagre (sem componente religiosa) mais uma vez realizado. O Sporting fez o mesmo número de pontos do ano anterior e isto com grande parte do ano a jogar com o Paulinho como grande recuperador de jogo e o Pote com a cabeça no final do arco-íris. E com dois títulos a tiracolo. Finalmente, o segundo lugar parece-nos o primeiro dos últimos. E com alguns milhões a compor o ramalhete. Talvez para o ano o Vinagre se transforme em vinho do bom. Entre outros. Para o ano há mais.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Zaragatoas e ideias comichosas

Há poucas coisas que me mexem com as ideias. A zaragatoa é uma delas. Intromete-se nas narinas, avança, insistente, inconveniente, até fazer cócegas no hipotálamo e se instalar uma comichão de tal magnitude que nos veem as lágrimas aos olhos, de riso ou de choro, conforme as ideias importunadas. Assim se mudam as ideias (em sentido literal). A conclusão do teste, positivo ou negativo, é a simples confirmação da maior ou menor volubilidade das ideias. Sim, nem sempre somos de ideias feitas, também mudamos de ideias.

Nos últimos dias mudei de ideias. Circunstâncias da vida, obrigaram-me a fazer o teste da Covid-19. Até vi estrelas, tal foi o número de ideias (feitas) sobressaltadas. Tinha a ideia do Pepe a enfiar um pero no Coates no jogo Sporting x Porto da primeira volta, em Alvalade, sem “penalty”, nem expulsão. Tinha a ideia da expulsão do Coates após falta do Taremi seguida do seu habitual mortal encarpado no jogo da segunda volta, no Dragão. Tinha a ideia que o Sporting podia ter mais quatro pontos e o Porto menos dois. Tinha a ideia que podiam (e deviam) ter acabado com os mesmos pontos, com o Sporting campeão. 

Tinha, mas já não tenho. Tratava-se de ideias erradas, muito erradas. A zaragatoa fez-me ver estrelas ou a (sua) luz, pelo menos. A zaragatoa e as inúmeras explicações dos últimos dias. O Porto bateu o recorde de pontuação do campeonato, é a melhor equipa portuguesa de todos os tempos. O Sporting fez tantos pontos quantos os da época passada, quando foi campeão, e foi a segunda melhor equipa atrás da melhor equipa portuguesa de todos os tempos. Os portistas estão orgulhosos e nós também.

[A zaragatoa mexeu-me com as ideias, é um facto, mas não, não conseguiu mudá-las, o teste deu negativo.]