quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Futebol crónico

 

Os menos atentos poderão não ter notado, mas a suposta mudança no futebol português (assim considerado) obedece(u) a uma quimera: a da mudança (deixem passar). Talvez aqui nos fiquemos por um termo muito em voga: mutação. Note-se que no mundo exterior nada realmente se alterou: três clubes eternamente pré-falidos, dois deles acostumados a dividir o substancial do bolo nas últimas décadas, habituam-se (que remédio) agora a conviver a três na mutação creditada aos olhos de todos. A juventude tem disto: desfaçatez.

Sucede que o presidente do Benfica faz parte do ciclo anterior do qual fazia parte sem fazer, quero dizer, fazia parte das coisas boas, de bibelô noutras menos apresentáveis e, de distraído, (impreparado, diz ele) nas restantes. Mutação no Porto, apenas em caso de desfalecimento das virtudes, sempre enaltecidas pelas suas peculiares formas de aproximação ao outro, como ficou provado recentemente com a possibilidade de uma equipa de arbitragem ter acesso em loop a imagens transmitidas por um ecrã, gentilmente disponibilizado pela organização do jogo. Pressão! - dizem uns. Como? Diria, sem exagerar, tentativa de coação, por muito menos, se pena em alguns calabouços contemporâneos. Mudam-se os tempos, mudam-se os métodos.

Sejamos audazes: se o Sporting se mantivesse na penumbra de um ou outro título a cada século, afilhado de condescendências e paternalismos (o habitual nestes casos, como se sabe) e nada disto perturbaria a ordem pública. Talvez se mudassem os antigos almoços dos leitões para outras pastagens, mais trendy, continuando a saborear-se uma ou outra contenda, uma ou outra visita ao museu de cera dos processos nunca concluídos em tribunal, nada mais.

Assim, como tivemos o prazer de assistir neste fim-de-semana, brada-se (mais uma vez) por esse enigmático futebol português, eternamente (pelos vistos) doente e adiado. Aos ecrãs misteriosos juntam-se as promessas de rebentamento e outras sevícias dignas da modernidade imaculada desse tal futebol português, cronicamente adiado (deixem passar).  E ninguém se importa de arranjar um lugar à mesa, pois não?

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