O pior já passou. Entramos em campo com um plano muito
simples: a estratégia seria carregar heroicamente sobre as hordas adversárias, atravessando
um Rio Grande de dificuldades, adversidades e outras coisas terminadas em ades, tentando não ceder à falta de
sorte dos deuses, à má sina, e a uma ou outra miopia do senhor do apito, bradando-se,
no final, pela utilização das novas tecnologias tipo vídeo árbitro e por aí
fora.
O problema foi que o adversário numa desconcentração
infantil (pensando que o Slimani já por ali não andava) acabou por sofrer um
golo logo no início, por intervenção do Dost que andou a ver vídeos do
Argelino. A partir daí surgiu um dilema: o que fazer com uma vantagem tão
madrugadora? Seguir o guião da cavalgada heróica? Ter uma atitude pragmática de
resguardo e apostar em contra golpes? O tu
queres ver que ainda vamos ganhar isto?, atravessou aquelas cabecinhas enquanto
o rival se reorganizava sem problemas de maior.
Uma primeira parte de cacetada e de futebol trauliteiro deve
ter dado para os enviados especiais do mundo do futebol se entreterem observar
as moças distribuídas pelas bancadas. Desses
primeiros 45 minutos recordo apenas as duas cervejas e os dois bolinhos de
bacalhau que enfiei no bucho. Para a história nem um remate enquadrado com a
baliza. De ambas as partes, entenda-se. Um bom jogo.
Na segunda parte as nossas pilhas duraram 15 minutos, mais
coisa menos coisa, coincidindo a sua extrema-unção com o golo adversário.
Alguns terão pensado que o guião da cavalgada heróica contra tudo e contra
todos iria a voltar a animar as hostes, mas para animar qualquer coisa é
preciso talento, ritmo e pernas. E isso não se faz por decreto.
Falta tanta coisa que nem sei como (re)começar. Uma defesa
eternamente remendada, com uns laterais bons para variadíssimas modalidades,
nas quais o futebol, infelizmente, não se inclui. Um segundo avançado que é
sempre o segundo… a chegar à bola. O Alan Ruiz é craque mas daqueles para
brilhar no Belenenses ou no saudoso Estrela da Amadora. O rapaz anda por ali
perdido, nem sequer é uma questão de intensidade, mas mesmo de jeito para o
futebol de alta competição. É claro que substituí-lo pelo outro Ruiz, este ano,
não muda nada. O outro Ruiz é o jogador mais triste do mundo, retirando esse
título ao nosso querido Montero, e sofre de uma doença bipolar que se manifesta
ao ano. Um ano joga bem, depois deprime, o ano seguinte não sabe em que rua se
encontra o seu futebol. Não temos mais avançados, nem segundos, nem primeiros para
substituir o Dost se necessário for. Temos que ir à luta com o chuta(va)
chuta(va), e quando um jogador como o Podence entra até parece o Cristiano
Ronaldo, comparado com alguns dos seus colegas.
Salvam-se o capitão Adrien, um mouro de trabalho, o Gelson e
o Dost. O William fica ali entretido no meio-termo, entre a falsa lentidão, e
a falsa rapidez. O mais curioso é que, do outro lado, O Tondela, essa grande equipa,
lá se foi aguentando estoicamente, dando até a impressão de que podia ganhar um
jogo sem interferência divina.
Que crónica tão gira. Pena se ter esquecido do essencial: o tributo de Artur Soares Dias. Acho que 3 penalties flagrantes que ficaram por marcar contra o clube cujo vice foi apanhado a depositar dinheiro na conta de um arbitro justificava essa honrosa menção. Afinal andaram meses e meses a falar de dois supostos penalties na Luz...
ResponderEliminarNem quando ganham conseguem ter um minimo de classe.
EliminarImpressionante
Não se aproveita nada mesmo...pobres de espírito.
EliminarAqui não temos cartilha que nos valha...sai tudo de forma insustentavelmente leve...
EliminarOlha "cromo" Markovic: Quanto ao Artur Soares Dias e às alegadas, pelo universo benfiquista, Grandes penalidades não assinaladas recordo-te: A favor do Benfica ficou uma grande penalidade por assinalar (Bruno César carrega e desequilibra Lindelof que está no ar para cabecear). Os outros lances que os facciosos reclamam incluindo alguns da "imprensa especializada" como passíveis de grande penalidade são:
Eliminar1º - Uma quase grande penalidade por entrada imprudente com contacto de Schelotto, insuficiente para derrubar Grimaldo, que só se deixou cair (e o árbitro viu isso) depois de perceber que já não chegaria à bola.
2º - Um lance de ombro a ombro de William e Rafa, disputa perfeitamente normal não fosse o ombro de Rafa estar ao nível do antebraço de William (culpa de quem?) com Rafa tentando ainda desviar a bola, a projectar-se em "carrinho"para a frente. Aliás exactamente igual, por não ser falta, ocorreu quando no último quarto de hora, Brian Ruiz teve à entrada da área do Benfica uma recepção orientada com o peito tentando esgueirar-se para a área sendo impedido de finalizar pela carga de ombro de Luisão, tendo ainda Ruiz projectado o pé esquerdo para a frente tentando desviar a bola de Ederson. Tal como Rafa fizera relativamente a Patrício.
Agora o cromo Markovic não viu:
1º - a falta inexistente sobre Sálvio (Allan Ruiz corta a bola com o pé esquerdo antes do contacto) que permite ao Benfica marcar o seu golo.
2º - A não exibição a Ederson de nenhum cartão na sequência da G.P. que cometeu (amarelo por imprudência, ou vermelho por anular uma prometedora jogada de golo eminente).
3º - Uma falta perigosa a 1 metro da área do Benfica, em posição frontal, por derrube a Adrian, que ficou por marcar e o respectivo cartão por mostrar.
4º - O atropelamento e derrube claro de Nelson Semedo a Podence, que lhe ganhara a frente e flectia perigosamente em velocidade para a área, que ficou por marcar e o respectivo cartão por mostrar.
4º - Dualidade de critérios relativamente a faltas com graves prejuízos para o Sporting sobretudo no último quarto de hora, à semelhança dos árbitros que trazem uma "agenda".
Sabe Markovic, ou lá que merda é você, antes de mais, não podemos sofrer de cegueira facciosa, tal como a maioria da "imprensa especializada" "vermelha", que pretende sobretudo lavar e branquear o que se passou na 1ª volta na Luz.
O "O tu queres ver que ainda vamos ganhar isto?" é mesmo o principal problema desta equipa. De tanto que correu mal ao longo da época, com todos os jogos importantes a correram mal e terminarem 1-2, parece que já tudo desconfia da própria sombra. Mesmo quando a coisa de repente corre bem a desconfiança não vai embora. Oh Junho, chega depressa e limpa aquelas cabecinhas bem limpinhas no Verão.
ResponderEliminarMeu Caro,
EliminarNão sei se o Verão será de céu limpo. Mas ainda faltam alguns jogos para honrar a camisola.
SL
...o melhor da jornada é sempre aqui....e o Rui Monteiro? confesso que tenho saudades das suas crónicas... apesar de o Gabriel Pedro estar a grande nível..
ResponderEliminarAbraço
Meu Caro,
EliminarObrigado. Aqui a equipa também precisa de alguma rotação. A época é longa...
SL
Caro Gabriel,
ResponderEliminarConcordo com a sua análise. Há algum tempo que não víamos um Benfica a jogar tanto em Alvalade. Nós conseguimos passar uma boa parte do jogo a suspirar pelo Marvin e a outra a depositar esperanças em Brian Ruiz e Podence. Acho que isto diz tudo.
Sem golos do Dost e com golos do Messi acho que estão reunidas as condições para a rapaziada começar a ir de férias. Nota-se que precisam, coitados.
SL
Caro João,
EliminarO jogo foi demasiado fraco até para efabulações. Acho que nos aguarda mais um defeso de um trimestre, com consequências absolutamente imprevisíveis. Diz que é o mercado.
Mas lá que precisamos de férias disto tudo, lá isso precisamos...
SL
SL
Depositar esperanças em Bryan Ruiz é o mesmo que esperar outro milagre em Fátima, e além do mais joão apesar de o Benfica não ter tido nenhuma oportunidade de marcar, nem de rematar, pelo menos foi mais sólido e colectivo do que no ano passado em que ganhou na única vez que lá chegou...
EliminarMeu Caro,
EliminarPara terminar esta época, só nos restam as visões místicas... os milagres estão além das nossas possibilidades...
SL
Excelente ilustração do ultimo derby. Obrigado Gabriel Pedro, sempre que posso por aqui para colocar a leitura em dia, os teus textos e os do Rui Monteiro são sempre de leitura obrigatória. Obrigado aos dois.
ResponderEliminarObrigado e volte sempre!
ResponderEliminarSabe o que faz falta, caro Gabriel?
ResponderEliminarO grande Teo, a qualquer momento viria uma bola cheia de efeitos made in ezekiel schelotto e eles transformaria em golo, com os inevitáveis três ressaltos e um avé Maria pelo meio.
Falta essa parte vá, da cagada, que tivemos em alguns momentos da época passada.
E esse je ne sais quoi genético-místico -paranormal só mesmo alguns têm.
Um abraço
Meu Caro,
EliminarConfesso que dou por mim, em determinados momentos, a ter saudades do Teo. A sua imprevisibilidade temperava o jogo de outra forma. Mas não deixa de ser sintomático da nossa decadência ter saudades do Teo. Não?
SL
Somos adeptos de um clube que nada ganha há mais de uma dezena de anos.
EliminarHá algo mais charmosamente decadente que isto?
Venha o Teo, um símbolo do nosso amor perversamente perfeito.