domingo, 19 de junho de 2016

A grande ilusão

Tenho evitado escrever sobre a selecção dos possíveis seleccionáveis da equipa de futebol sénior que representa Portugal no Europeu de França. Não é fácil, atendendo às inúmeras possibilidades que o tema coloca ao dispor do nosso divertimento. Nem vale a pena assinalar o folclore forçado que assinala a partida para uma nova competição, envolto num unanimismo colado com muita saliva e à força de muito engraxamento de chuteiras. Basta olhar de fora com discernimento para perceber que tudo não passa de uma ilusão à Luís de Matos cujas vozes ficam por conta do Fernando Pereira.

Quanto ao resto, e em abono da verdade, não é fácil ganhar à selecção portuguesa, da mesma forma que não é fácil perder com a selecção portuguesa. Basta alguma organização, concentração e pernas para que vos quero, para conseguir enervar os jogadores e desmontar a estratégia portuguesa baseada no vamos assustá-los com o Ronaldo e ameaçá-los com o ai vai ele Sanches não tarda a entrar e aí é que vão ser elas.

Quando começam os jogos a bola não bate certo com a programação futeboleira televisiva nem com as elaborações dos comentadores a soldo das agências de propaganda, nem sequer com qualquer ideia que tenha hipoteticamente germinado na cabeça do Fernando Santos. Apenas as camisolas são da mesma cor, tudo o resto é feito por encomenda ou ao sabor do momento. Na dúvida passa-se ao Cristiano. O Cristiano na dúvida passa a si próprio e anda por ali a estragar talento.

Ainda ontem (dia de jogo, note-se) um dos jornais desportivos cá do burgo fazia capa com o Sr. Mendes a aconchegar o menino Cristiano, o que é bem demonstrativo da importância do senhor na causa de todos nós, e igualmente bem demonstrativo da insignificância da bola a correr à flor da relva, como diria o Gabriel Alves. No meio disto tudo faz-se uma selecção do seleccionador que (supostamente) deve seleccionar os seleccionáveis devidamente assinalados por quem de direito. Os donos disto tudo vão marcando as tendências da moda. Quem somos nós para os contestar.

Ontem podíamos (e devíamos) ter ganho. Agora vamos ganhar à Hungria no limite do fora-de-jogo. Depois que venham as grandes selecções, aquelas que atacam e nos deixam espaços, de preferência, claro, a Inglaterra. Até os comemos, vão ver.

Nota: Grande vitória, em futsal (sem espinhas), sobre um Benfica trauliteiro quanto baste. Mais um campeonato, num grande exemplo de dedicação e glória. 


6 comentários:

  1. Não há hipótese de naturalizar o Teo?
    É que ele tinha marcado, sem querer, aquele golo que o Ronaldo falhou à boca da baliza.

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    1. Com o Teo os adversários ficariam perdidos. A estratégia do Fernando Santos seria perfeita.

      SL

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  2. Grande texto e grande naco de prosa GP!
    Apenas acrescentaria que tudo seroa mais fácil se jogasse o meio campo do Sporting. Pelo menos estão habituados a jogar juntos:)
    Mas outros valores se levantam. Nada de novo.

    Abraço

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    1. caro amigo,

      Obrigado pela cortesia.
      Jogamos todos juntos em cada directo televisivo. Não se pode exigir mais...

      Abraço

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  3. mto bom mesmo:))
    "na dúvida passa-se ao Cristiano. O Cristiano na dúvida passa a si próprio e anda por ali a estragar talento", entre outro...

    SL

    Leão de Leiria

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    1. Caro Leão,

      Na dúvida são onze contra onze e ganhámos nós. Diz o Fernando Santos. Quem somos nós para duvidar.

      Venha a Inglaterra.

      SL

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