quinta-feira, 13 de junho de 2013

Espiral recessiva

O Sporting está num enorme processo de desalavancagem, como agora se costuma dizer. Tem que fazer mais com muito menos.

O problema não é fazer mais. Na época passada fez-se tão pouco que muito dificilmente não se fará mais e melhor. O problema é se se fará o suficiente face às expetativas. Por muito que nos conformemos, as expetativas nunca serão poucas. O Sporting não é o Paços de Ferreira. As expetativas são fundamentais para a realização do negócio: em parte são autorrealizáveis e, sem elas, não se mobilizam os adeptos. Quais são as expetativas razoáveis? São suficientes para gerar receitas aceitáveis?

Aqui entra o problema do quanto menos é possível. Pode, deve, ser menos. Mas também deve ser suficiente para se cumprirem expectativas razoáveis. É neste balanço que está o problema. E este balanço é tanto mais problemático quando se pretende reduzir drasticamente o endividamento. É preciso reestruturar. Mas reestruturar para reduzir custos pode gerar no curto prazo mais encargos (com indemnizações).

Reduzir custos no futuro implica uma política salarial e de contratações alinhada com esse objetivo. O recurso à formação justifica-se exatamente por essa razão. Mas o recurso à formação não está isenta de riscos e problemas também. Ou vamos fazendo contratos de longa duração com os mais jovens, numa política tão extensiva quanto possível: o que implica enfiar uns tantos barretes por cada jovem que se conseguir promover à equipa principal. Esta política pode ser cara. Ou, então, como hoje, vamos gerindo à vista e descobrimos, tarde demais, que não renovámos contratos com a antecedência devida. Descobrimos que o barato não é tão barato assim.

Como procurámos demonstrar, esta coisa do deve e do haver tem muito que se lhe diga. Não são só os custos que dependem das receitas. As receitas também dependem dos custos. A variável crítica é o tempo. Fazer tudo isto numa época pode ser catastrófico. Deve ser feito ao longo de várias épocas, com base numa política desportiva coerente e persistente. A questão é se dispomos desse tempo. Quanto tempo é que os adeptos vão dar ao atual Presidente? E os credores? O tempo vai depender dos resultados, como sempre.

5 comentários:

  1. Caro Rui
    Lendo a sua acutilante e lúcida análise resta-me apenas uma duvida: está mesmo a falar só do Sporting ou também de Portugal?
    Quando afirma que a «variável crítica é o tempo» penso nos prazos da troika. Acho que também o país não aguenta estas ditas reformas feitas apressadamente, se as queriam e querem fazer «deve ser feito ao longo de várias épocas (décadas)». Tal como o Sporting, também nós cidadãos deste país podemos perguntar quanto mais tempo é que vamos dar ao Presidente e ao resto da cambada?
    Parabéns e desculpe-me a extrapolação.
    Ab

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    1. Meu caro,

      O Sporting é uma bela metáfora do país. Hoje ouvimos coisas e lemos exatamente iguais às que outros ouviram e leram no período entre as duas guerras mundiais. As dívidas de guerra e o padrão-ouro criaram as condições para a segunda guerra. Não sou eu que o digo. Muitos o disserem. Um deles chamava-se Keynes. Não foi por acaso que após a II Guerra se fez o acordo de Bretton Woods, para além do Plano Marshal e, em 1953, o perdão da dívida à Alemanha, processo também liderado por uma troika (EUA, Reino Unido e França).

      SL

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  2. Anteriormente estávamos habituados aos lampiões, todos os anos, tentarem levar-nos técnicos, jogadores/atletas no Andebol, Futsal, e até da formação de Futebol e outras modalidades. Agora depois de BC querer mostrar que tem tomates, temos os da fruta, do café com leite e dos chocolatinhos para dormir a atacarem tudo o que mexe em Alvalade. Sabemos por experiência que tudo o que levarem para as camadas jovens nada singra pois falta-lhes Know-how . Para os seniores a história é diferente, qualquer porteiro ou segurança como treinador corre o risco de ser campeão. Porque será?

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    1. Meu caro,

      O Porto também nos livrou de alguns pés-de-chumbo muito jeitosos. Levou-nos o Morato, o Costinha, o Peixe e, mais recentemente, o Izmailov (este mais do estilo cabeça de chumbo). Temos mais alguns. Eles que os venham buscar.

      SL

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  3. Há tanta gente boa a morrer por aí, e infelismente não se veêm noticias boas a dizer que o fulano "notavel" lambuças apoiante da escroque dos croquetes "faleceu devido a um AVC de croquete envenenado" como por exemplo essa coisa a que chamam ROC, ou o puiqueno godo, ou o vendido do PPC ou essa merda do Carlos Babosa dos reboques, ou.....tanto filho da puta que manda recadinhos pelos pasquins...é fodido, é muita fodido, tanta gente boa que anda a morrer e no entanto esses "abortos" continuam entre nós.
    É por essas e por outras que eu deixei de ser católico! Agora apenas sou devoto ao Satanás, o unico que não me vem com estórias da carochinha

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