Numa música dos Mão Morta, banda de Braga, podemos escutar
no refrão: tenho uma ideia, tenho uma ideia, vamos fugir. Talvez este refrão
assente como uma luva sonora na alma sportinguista da atualidade. Mas fugir
para onde? É uma boa questão.
Ter uma ideia não basta. Muito menos se for apenas uma. Já
aqui escrevi que até eu sou capaz de ter duas ou mesmo três ideias numa semana.
Ou até num espaço de tempo mais curto. Sem grande esforço. Jorge Jesus tinha
uma ideia de jogo. Tinha igualmente um compartimento muito reservado no seu cérebro
onde se idolatrava essa ideia, com velinhas e tudo. A sua ideia aos poucos transformou-se
num ícone, e como todos os ícones, com velinhas e incenso à mistura,
ultrapassou o próprio criador pela esquerda. Isto começou ainda no Benfica e
passou por osmose para o Sporting. Na primeira época (lembro-me bem) aquilo
quase que resultava por KO técnico, não fosse a fanfarronice do costume, desta
vez não acompanhada pela máquina de propaganda bem oleada do Benfica, nem
toupeiras que lhe valessem. Em Alvalade os animais são outros e nem sequer
precisamos de inimigos. Bom, essa ideia que cristalizou num ícone foi depois o
que se viu e continua a ver agora no ninho do Urubu.
Peseiro não tem bem uma ideia, faz uma pequena ideia de ter tido
(algures no tempo) uma ideia aqui, outra ali, sendo que ambas não
germinaram. Peseiro quase que ganhou uma vez. Mesmo sem ideias. Assim
continuou. E agora verificamos que, às vezes, não fazer uma pequena ideia das
coisas pelo menos não confunde os outros. Principalmente os jogadores. Sousa
Cintra confunde-se com Sousa Cintra e isso diz tudo.
Quando o Keizer veio tinha uma ideia (talvez atá mais do que
uma), não fazendo, no entanto, a mais pequena ideia de onde se ia meter. Talvez
por isso lá foi ganhando despreocupadamente. Assim que as coisas (com alguma naturalidade
diga-se) esmoreceram, leia-se, alguns resultados, Keiser caiu no erro de se
aculturar rapidamente em vez de se adaptar. Keizer até tinha a ventura de não
conhecer a língua, de não saber quem eram o Varandas, o Pinto, o Vieira, o Rui
Santos, os emails, as toupeiras e os beija mãos. Teve aí uma oportunidade única
de se estampar com grande pompa e circunstância e assim ficar nas nossas memórias
à imagem de outros que se estamparam em grande sem nada ganhar, ficando para
sempre nos nossos corações.
Mas não, Keizer, escutando vozes vindo não se sabe bem de
onde, vozes melífluas, Keiser aculturou-se rapidamente, começou nele a medrar
uma outra ideia, algo que se ouvia por aí em nome do pragmatismo, algo plantado
para o agarrar à mediocridade de um jogo que entre nós se joga em todo o lado,
inclusive no campo. Keiser perdeu-se nesse emaranhado de vozes difusas, perdendo-se
com ele a identidade da equipa. A ideia nova não difere das velhas que todos
conhecemos. Keizer foi aceite. Quase todos aplaudiram.
No defeso não se defendeu, não falou, não percebeu que nada
estava a acontecer e que ninguém sabia, nem ninguém sabe ainda, como o plantel
vai estar no final de Agosto. Keizer quando falou, disse que Vietto e Bruno não
fazem sentido em campo. Que sobre Matteus Pereira o melhor é falarem com o diretor.
Que devíamos jogar melhor. Não sei se keizer reparou que ninguém falou sobre
ele, sobre o seu trabalho, que ninguém aparecia na fotografia a seu lado.
Keizer nisso ainda não é tuga o suficiente. Ainda não percebeu. Mas já dever
ter uma pequena ideia.
Que grande texto, meu caro
ResponderEliminarSubscrevo, mas não posso deixar de salientar que apesar de tudo deveríamos estar a fazer melhor com Keizer. Agora sobre a estrutura já não me apraz dizer nada, aquilo está em negação e em desorientação. Nada de novo, portanto.
Abraço
Obrigado mau caro,
EliminarNão sei sei o Keizer ainda vai a tempo. Espero que sim. A estrutura lá terá as suas ideias.
abraço
Muito bom! Parabéns1
ResponderEliminarE nós também já temos uma pequena ideia do que nos vai acontecer...SL
Obrigado meu caro,
EliminarNós continuamos a acarditar. Eles sabem disso. Essa é a razão de ser disto tudo.
Sl
Caro Gabriel,
ResponderEliminarnem sempre estamos de acordo, mas os seus textos são um balsamo na bloga e não só. Vale sempre a pena cá vir
Sl
Meu caro,
Eliminaràs vezes nem eu estou de acordo comigo. Obrigado pela visita.
SL
Caro Gabriel Pedro,
ResponderEliminarPor certo que ainda se lembra do Demiral que tem o nome dum medicamento que eu confundi com outro porque alguém (um médico não militar) pensou que eu vivia em permanente jetlag sem estar completamente errado! Já vivi nos USA, já estive no México e no Japão e é verdade que me custava e ainda custa recuperar as minhas horas normais (CET). Fiz todas essas viagens de avião já que de barco nem precisaria da RTPi para ter enjoos. Espero que nada tenha a ver com o Sporting mas tenho seguido nos últimos dias uma série na RTPi que se chama "Solteira e boa rapariga" com a Carla (filha do Moniz) e que me começa a interessar! Agora até leio primeiro as legendas para ver se o que dizem os actores em Português está correcto! Melhor dizendo não ando lá muito bem! Ontem troquei a Carla pelo Liverpool-Chelsea e espero que a FPF vá buscar a árbitra francesa para o próximo Belenenses-Benfica já que ela tem uma preferência pelos azuis! Neste caso eu também!
Quanto às ideias do Keizer não tenho nem ideia!
Mas sei que a Terra não sendo exactamente redonda (esférica) é mesmo muito chata!
SL
Meu caro,
EliminarNão sei se há medicamento que nos valha. Não faço ideia. É aborrecido, mas ainda há quem acredite que a terra é o centro do universo.
SL
SL
Não faço a mínima ideia de qual é a ideia do Keizer, neste momento, ora coloca o Dost, ora põe o Phellype gordo. A propósito deste último, lembrei-me agora que, em tempos, tivemos um PL, também gordo, que veio do Braga, já me esqueci do seu nome pois todos os jogadores que vêm do Braga fracassam no Sporting. Voltando ao Keizer, acho que ele está perdido, sem ideias, entalado pela estrutura que, parece, também não ter ideias. Keizer e a estrutura do futebol do Sporting devem treinar ao jogo da apanha ou da apanhada. Claro que já se sabe quem primeiro vai ser apanhado, é o Keizer obviamente e ele, com ideias ou sem elas, já deve ter percebido isso.
ResponderEliminarMeu Caro,
EliminarEle faz uma pequena ideia da ideia geral, ela própria descendente de uma outra ideia perdida nos tempos. A ideia é empurrar para a frente com a barriga até não existirem mais ideias a não ser a nossa de não levar nada disto minimamente a sério.
Sl