sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Argumentista precisa-se



O Sporting é quase um mau policial. Ainda a introdução não acabou e nós já sabemos o resultado final. Nesse tipo de narrativa, tal como nos jogos do Sporting, os bons não são completamente bons e os maus também não são completamente maus. Assim, enquanto se desenrola a história, e as personagens vão revelando as suas virtudes e os seus podres, nós vamos procurando perceber quem é de facto o “mau” e quem é o “bom”.  Não deixa de haver nos nossos jogos, tal como nesse tipo de literatura, aqueles que não vacilam e são sempre maus. Infelizmente, são mais raros ou inexistentes os que são sempre bons, mas  isso já é mais uma coisa para o estilo comics americano, dos super-heróis (literatura mais em voga noutras bandas da segunda circular) mesmo assim é comum aparecer nas nossas histórias S. Patrício, o santo de qualquer bom ou mau detective.

O enredo pode complicar-se multiplicando o número de bons e de maus, como acontece nos nossos jogos, mas no cerne da história existirá sempre uma força da autoridade que, por estupidez, excesso de zelo ou até maldade,  tudo fará para dificultar a vida ao estoico e desalinhado detective.  Ao longo da história normalmente esse  herói vacila entre o bem e o mal, entre a vitória e a derrota, recebe e dá uns murros, uma ou outra  bala de raspão. Se tiver sorte até pode ir um pouco mais além do que o beijo de soslaio da beldade de serviço e conseguir mesmo fazer abanar as redes. Mas, por maiores que sejam os sofrimentos e as contrariedades nessas histórias,  no fim, o detective  vence. 

No Sporting não. Daí o quase. Na nossa história há pouco suspense, perdemos sempre, ou quase.No Sporting/policial há sempre uma bala assassina que na última página mata qualquer candidato a herói. Bom ou mau, ali pela página 90, o nosso herói vai levar com um balázio bem entre os olhos, ou uma bala de ricochete, até mesmo uma infeção numa unha. Seja lá como for, vai morrer. Se em termos literários até não seria desinteressante a novidade de matar o herói no fim, mesmo tendo a desvantagem de impossibilitar a continuidade da série (o que é mau em termos comerciais e editoriais), em termos desportivos começa a ser muito aborrecido saber sempre o fim e recomeçar todas as histórias  com um novo herói e um novo vilão mas sabendo sempre como vai acabar a história. Ora porra. Mudem lá de argumento se fazem favor.

7 comentários:

  1. Meu caro,

    Acabei de chegar de um jantar muito bem regado e animado. Falámos do futuro, como se ele ainda pudesse ser pensado. De vez em quando,ainda pode haver sanidade. Não vi o jogo. Vi o resumo. Não precisava de o ver. Só precisava de saber o resultado e ler este "post".

    Pode haver futuro, isso é que importa. Se há futuro, então, também há futuro para o Sporting. O argumentista arranja-se. Proponho, assim de cabeça, o Leonardo Padura, o Henning Mankel ou o Robert Wilson.

    Um abraço

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  2. Dizer o quê? O mister avisou que tinhamos de jogar a 200%. QUantos jogadores o fizeram? 1, durante a sgunda parte. Tido como jogador burro, conseguiu sozinho enganar meia dúzia de belgas e colocar uma bola tão redonda que mesmo o bébé chorão não conseguiu dar-lhe outro destino que não as redes.
    Capel saiu com aplausos e mereceu não estar em campo quando a equipa se acagaçou e deu o jogo ao adversário que poderia ter marcado um par de vezes. Porque o mister também não deu 200%, foi cagão ao apelar ao Gelson e ingénuo ao colocar o miúdo de nome estranho algures na nossa área a ver as bolas.
    Questão enigmática: André Martins, Ismailov, Rinaudo e Carrillo não são titulares de caras numa equipa que não ganha há não sei quantos anos? Deixemos os miúdos de lado e pensemos apenas nos pares Elias / Schaars e Rinaudo / Ismailov. Alguém tem dúvidas?
    E por aí fora...
    Viola ou Carrillo?
    O absurdo:
    Rojo ou Carriço?
    Cédric ou Carriço?
    Ínsua ou Carriço?
    A loucura:
    Onde anda o Pereirinha?

    Moral da história. Estamos quse a ganhar um jogo, cheira-me que ainda este mês. Decorre da teoria do caos, não de qualquer razão futebolística porque, aparentemente, continuamos sem treinador.

    PS - ainda estive para abrir um Cabeça de Burro, mas felizmente fiquei-me por uma modesto Alandra e só bebi dois copitos. A coisa já nem dá para beber até morrer...

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  3. o pereirinha foi operado e está a recuperar

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  4. Excelente post. Vou ver o próximo jogo com outros olhos, parece que até já estou desejoso que chegue, coisa que não acontecia há algum tempo...

    Venha um bom vinho e venham de lá os vilões e heróis. O nosso detective está pronto para mais umas balas. E eu também.

    SL,
    João

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  5. Penso que necessitamos de escritores mais clássicos, para se relembrar os aspectos básicos, talvez Agatha Cristie, John Le Carré ou Georges Simenon. Se preferem um mais up to date, aconselho opção pelo Reino Unido e por Peter Robinson.

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  6. para o caso é mesmo melhor o produto nacional...
    Morte no Estádio (ASA de Bolso). Francisco José Viegas

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  7. "Temos que fazer com que os adversários nem sequer acreditem que seja possível algo positivo" -- hoje não consigo deixar de associar esta grande frase de Nuno Dias ao RPatrício. Grande, Enorme!

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