terça-feira, 13 de março de 2018

Bas Dost, chutar a pensar e pensar em chutar

Não dispomos de uma estratégia de jogo. Dispomos, isso sim, de uma estratégia de sobrevivência. Sempre que possível, jogam os bons. Na sua ausência, jogam os assim-assim. Quando nem os assim-assim conseguem jogar, jogam os que nem assim-assim são. Depois do Coentrão e do Acuña, o Bruno César deixou-nos hoje, paz à sua alma, e entrou o Lumor. O Piccini não recuperou e o Ristovsky está com as costas empanadas, tendo de jogar o Battaglia. Não jogando o Battaglia e o Bruno Fernandes no meio-campo, entrou o Misic. O Montero jogou na frente apoiado pelo Bryan Ruiz, a fazer de Bruno Fernandes, e o Rúben Ribeiro encostou à direita a fazer de Acuña ou de Bryan Ruiz. Os resultados não parecem muito diferentes e as exibições também não.

Os bons, os assim-assim e os que nem assim-assim são, depois de uma lavagem ao cérebro de Jorge Jesus, começam a ficar todos iguais e a forma coletiva de jogar é muito semelhante, joguem uns ou outros. A bola é passada e repassada até chegar ao Gelson Martins. Nessa altura, o jogo acelera e o rapaz desembesta como se não houvesse amanhã até passar a bola a um colega de equipa. Esse colega pára para pensar e, quase sempre, decide que a jogada deve recomeçar, porque sim ou porque perdeu oportunidade. A primeira parte foi isto e mais o Nuno André Coelho que ainda nos quis fazer o favor de deixar em jogo, num primeiro momento, o Montero e, num segundo, o Gelson Martins. O Montero parou para pensar e não chutou, o Gelson Martins chutou sem pensar. Mesmo que o resultado seja o mesmo, prefiro os jogadores que chutam e não pensam aos que pensam e não chutam.

Só depois de entrar o Bas Dost quase e meio da segunda parte é que passámos a dispor de uma avançado que chuta e pensa de forma articulada no tempo. Na primeira oportunidade, depois de um cruzamento do Battaglia tirou as medidas à baliza. Na segunda, ainda antes de o Rúben Ribeiro saber o que ia fazer já ele o sabia e desmarcou-se para a encostar ao segundo poste no meio de três adversários. Na terceira, o Battaglia fez de Slimani e só precisou de fazer um passe para a baliza. O Chaves esteve sempre na expetativa até se ver a perder. Carregou na parte final do jogo e nós tivemos as dificuldades habituais de controlar o jogo com posse de bola. Levámos com o “penalty” da ordem. Há mais fita do que falta, mas o Coates não precisava de ter metido o braço. Como o jogo acabou pouco depois, de certa forma até se pode afirmar que ganhámos folgadamente.

Acabada esta jornada, importa enterrar os mortos e tratar dos feridos que quinta-feira há mais. Os que se conseguirem deslocar pelos seus próprios meios, embarcam para Plzeň. Pelas minhas contas, ainda temos onze para esse jogo. Os que sobreviverem regressam de imediato e se algum dos feridos se recompuser pode ser que se arranjem onze jogadores outra vez para se jogar no domingo contra o Rio Ave. Pelos vistos não se podem adiar jogos sempre que a seleção se pretenda preparar para uma peladinha qualquer.

6 comentários:

  1. Viva,
    o Jesus diz que não tem tempo para treinar... mas já agora... se ele tiver um bocadinho que seja, será que dá para treinar lances de contra-ataque e lances de superioridde númerica na área adversária... é de arrancar as unhas assistir a um contra-ataque do sporting...o que leva a bola não quer a bola, os que estão desmarcados não querem a bola... o que pode chutar não sabe chutar...enfim... talvez fazerem um estágio com uma equipa de segunda ou uma sessão num psicólogo ou hipnotizador...
    Saudações Leoninas

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu caro,

      O contra-ataque é contra-natura para nós. Queremos é rodar a bola a passo. Nisso é que somos brilhantes.Até que chega a um momento que passamos a modo de desespero e aí passa a valer tudo, mesmo o Coates a ponta-de-lança.

      SL

      Eliminar
  2. Ontem o engraçado é que toda a gente estava à espera de Dost na segunda parte, até o treinador do Chaves. Resultou.. em relação aos assim - assim e os não assim - assim , desde que jogue o Rui Patrício, os centrais, Battaglia. William, Gelson e Dost eles entram no jogo. Extraordinário lance de Rúben Ribeiro, se tivesse dado mais uma volta era o Garrincha; o defesa do Chaves ainda esta na centrifugadora.
    SL

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu caro,

      Desde que o Rui Patrício esteja lá e os centrais também, as coisas aguentam-se até se chegar à fase de desespero em que se espera que uma bola seja enviada 20 cm acima da defesa para o Bas Dost encostar.

      SL

      Eliminar
  3. Grande mestre da tática...
    Utilizando o que aprendeu no basquete todos correm e lançam ao cesto
    A bola gira até confundir o adversário
    E no final chamamos o gajo mais alto para afundar...
    Já tem tudo mais de 25 anos de plágios :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro António,

      Ou tudo se conclui num "alley oop" do Bas Dost ou então nada feito. Só com os bloqueios não se vai lá.

      Um abraço

      Eliminar