Depois de submeter o meu filhote João, logo desde os seus primeiros meses de vida, a sofisticados métodos de persuasão muito apreciados pela Stasi – como por exemplo, ouvir repetidamente durante seis horas de viagem o “Só eu sei porque não fico em casa” ou, de forma mais insinuante, o “Gosto de você, Leãozinho” - e de lhe oferecer os sucessivos kits anuais de equipamentos, pensei que o processo educativo se encontrava concluído com sucesso e que o petiz era, definitivamente, adepto do Sporting. Afinal, além da hipoteca, que mais pode um homem deixar ao seu filho nos dias de hoje, senão o clube de futebol?
Vivendo em Vila do Conde, não é fácil deslocar-me com frequência a Alvalade. Por isso, apenas no ano passado, coloquei a hipótese de levar o João – na altura com cinco anos - a assistir, pela primeira vez, a um jogo no nosso Estádio. O Braga, vindo de uma eliminação prematura na Liga Europa, parecia, à IIª Jornada do campeonato transacto, o cordeiro ideal para imolar nesta desejada cerimónia de imposição ao João do grau de “Aprendiz” da Ordem do Grande Leão Lusitano. Se bem o pensei,… mal fiz, pois, como se recordarão, perdemos 2-1 com os minhotos, que iniciaram aí o seu brilhante campeonato. No final do jogo e perante o meu desânimo, o filhote João olhou-me com os seus grandes olhos azuis e tentou animar-me: “Deixa lá, papá! O Braga também é Sporting…”
Porém, esse foi apenas o primeiro acto de uma época calamitosa como não se via há muitos e bons anos pelas bandas de Alvalade. Tanto assim foi que, no final da época, comecei a detectar no meu filhote alguns comportamentos desviantes muito preocupantes: “Ó papá, porque é que, entre os meninos da minha turma, eu sou o único do Sporting? Ó papá, tu gostas um bocadinho do Porto, não é – nos jogos contra o Benfica ou contra algumas equipas internacionais, puxas pelo Porto, não é, papá? Ó papá, tu também gostas do Sporting de Braga, não gostas? E o pior de tudo, “Ó papá, eu não gosto muito do Benfica, mas o Fábio Coentrão (também vila-condense e… ex-confesso sportinguista) é o melhor, ele contra o Brasil arrancava cá com uma velocidade, ninguém o parava, não é?”
O meu sinal de alarme disparou imediatamente e pensei levá-lo, de novo, a Alvalade no começo da actual época, reiniciando, assim, o laborioso processo educativo. Durante as férias, Brondby ou Marítimo, eram as hipóteses possíveis. Hesitei, hesitei…e, desta vez , não arrisquei. Ficarei, pois, a torcer por novo sorteio da Taça de Portugal contra o Pescadores ou o Mafra, que, este ano, perderam alguns jogadores importantes (como o temível chinês Zhang) e me parecem, neste momento, mais à altura deste difícil processo reeducativo…
tenho 52 , acho q sou lagarto desde q nasci de uma familia benfas, aza5r o deles, pq um lagarto e sempre o mais justo fiel e concordato e maneiro de todos os adeptos do pontape na bola
ResponderEliminarsaudações leoninas daqui do brasil
joao costa
Caro João Costa,
ResponderEliminarNa minha família, felizmente, são todos Sportinguistas, mas, mesmo assim, com o fardo dos maus resultados, não é fácil "catequizar" os membros mais jovens. De qualquer forma, concordo consigo que, sem dúvida, os adeptos do Sporting são geralmente os mais justos, fiéis e educados – o que, aliás, no ambiente pouco recomendável do futebol português, tem funcionado como uma desvantagem…
Saudações leoninas,