domingo, 5 de setembro de 2010

Momentos Únicos: “Bala”, o “Quatro Estrelas” Genial!



Em Dezembro de 1990, Sousa Cintra, sempre genuíno, anuncia que pretende contratar mais um ponta de lança, nas suas palavras simples, um “quatro estrelas para ser suplente de... Fernando Gomes”, ex-capitão do FC Porto, então a actuar no Sporting.

Perante a desconfiança geral, lá apareceu mais um búlgaro, vindo de um clube com o “promissor” nome de Etar Tarnovo. Porém, afinal, nem era ponta de lança, nem era quatro estrelas. Era, simplesmente, Krassimir Balakov, porventura, o futebolista mais genial que tive o prazer de ver actuar ao vivo no Sporting Clube de Portugal.

“Bala” nunca foi campeão com a camisola do Sporting (apenas ganhou uma Taça de Portugal no seu jogo de despedida), apesar de ter jogado em equipas inesquecíveis, onde actuavam, por exemplo, Luís Figo, Paulo Sousa, Capucho, Cherbakov, Juskowiak, Naybet, Stan Valckx, ou Marco Aurélio.

Há, claro, diversas razões para essa equipa notável não ter sido campeã. Vivia-se, então, a época dourada dos “chitos do sistema”, onde, como chegou a afirmar publicamente o insuspeito José Silvano, ex-árbitro de Vila Real, Alvalade era o estádio português mais fácil para um árbitro dirigir um jogo de futebol, devido à grande distância existente entre o relvado e o público… O dirigismo ao nível federativo, também não ajudava: quem não se lembra da decisão da justiça desportiva portuguesa – posteriormente anulada pela UEFA - de repetir um Benfica – Sporting que os leões haviam vencido por 2-1 (aliás, com um extraordinário golo de Balakov) – sim, essa mesmo, a célebre “Taça Jesus Costa”, assim baptizada por Luís Figo no seu jogo de despedida do Sporting? Carlos Queiroz, que iniciou nessa fase a sua “brilhante” carreira como responsável máximo nos escalões séniores do futebol profissional (recheada de insucessos "épicos", de fartas megalomanias e de... lautas indemnizações), é outra das explicações para essa quase ausência de títulos, chegando a protagonizar diversas “ciumeiras” públicas com Balakov, pois, na sua douta concepção, apenas poderia haver uma única prima dona no Sporting: ele próprio, o Professor. Por fim, Sousa Cintra que, ao ver ruir a sua Presidência e, tanto quanto me recordo, para recuperar algum dinheiro que na altura teria investido directamente no Sporting, acaba por vender Balakov (então com 28 anos) ao Estugarda a “preços de saldo”.

Para quem gosta de estatísticas, Balakov fez, nos cinco anos em que actuou no Sporting, 168 jogos e marcou 59 golos pelo Sporting – o que é notável para um jogador que… não era ponta de lança (tomara, aliás, termos actualmente um segundo ponta de lança com estas estatísticas…). Mas, mais importante para quem gosta verdadeiramente de futebol, há momentos mágicos que, por muitos anos que viva, jamais esquecerei. Aquele golo no Bonfim, passando por tudo e por todos que surgiram à sua frente. Aquela “chapelada” ao Michel Preud’homme na Luz no tal 2-1 que há pouco referi. Aquele míssil que “fuzilou” Silvino logo nos segundos iniciais de um Sporting – Benfica. Aqueles livres teleguiados com força e precisão mortais. Aqueles cruzamentos ou passes em profundidade genialmente simples e letais. Que saudades!

Por tudo isso, nunca esqueceremos o genial Krassimir Balakov. “Благодаря, Балъков” (Obrigado, Balakov)!

3 comentários:

  1. Concordo que foi talvez o mais genial atleta que vi em Alvalade. Um pé esquerdo mágico...

    SL

    PS - Blog adicionado no Visconde de Alvalade.

    ResponderEliminar
  2. Amigos,

    Se não vim cá foi por ter estado sem net.
    Nem quero imaginar que vão reduzir a produção por terem terminado as férias.
    OK... eu sou paciente e espero pelos fins de semana para vos ler, sejam as romagens de saudade sejam as crónicas com piada.

    Abraços

    ResponderEliminar
  3. Foi um privilégio imenso ter podido ver o grande Bala10v actuar de leão ao peito.
    Nunca esqueci a tristeza que senti quando saiu do Sporting.

    ResponderEliminar