quinta-feira, 25 de abril de 2019

Bruno Fernandes, a inteligência nunca é defeito

Os melhores jogadores portugueses, regra geral, são transferidos muito novos para outras equipas de campeonatos mais competitivos. Encontrando-se numa fase muito precoce do seu percurso profissional e do desenvolvimento das suas capacidades desportivas e da sua personalidade, quase sempre o destino imediato é o banco ou a bancada, não se afirmando como titulares. O melhor dos melhores, Cristiano Ronaldo, andou uma época a aprender com o Alex Ferguson, no Manchester United. Muitos outros, não dispondo de treinadores que ensinem e tenham paciência, nem se chegam a afirmar nas equipas para as quais foram contratados. 

Bruno Fernandes confidenciou-nos que não tinha a certeza de estar preparado no final da época passada para jogar num desses campeonatos, necessitando de mais uma época intensa, com muitos jogos nacionais e internacionais, para se sentir confiante nas suas capacidades para enfrentar esse desafio. Podemos ver a inteligência do Bruno Fernandes em movimento todos os fins-de-semana. Tudo o que faz – um passe, uma finta, uma desmarcação, um remate – tem sempre o propósito de colocar a sua equipa mais próxima do objetivo do jogo: o golo. A essa inteligência soma uma personalidade vincada que lhe permite liderar, como capitão, os seus colegas de equipa dentro de campo e decidir por si a sua carreira. Comporta-se como o adulto que é: pensa pela sua cabeça, não se deixando levar pela propaganda mediáticas e os negócios que envolvem os clubes e empresários que têm em vista o curto prazo e não (toda) a carreira dos futebolistas. 

Não sabemos se a sua carreira continuará a ser bem-sucedida. Uma lesão, um treinador e as suas preferências táticas, um clube e as suas circunstâncias, podem-no impedir de se afirmar no contexto internacional como deseja e todos desejamos. Mas as condições pessoais estão reunidas para se afirmar como titular em muitas das boas equipas europeias. É importante que os jogadores, os clubes e os empresários reflitam bem sobre este exemplo. Muito jovens e sem a titularidade assumida nos seus clubes ao longo de algumas épocas, nem sempre os jogadores se encontram nas condições adequadas para jogarem com regularidade nas equipas que os contratam e nem todos conseguem, depois, dar um passo atrás para dar dois em frente. Sem a cupidez habitual, os clubes podem continuar a retirar benefícios financeiros das transferências, acrescentando-lhes os desportivos. Os empresários têm de decidir se representam os interesses dos jogadores ou os seus.

6 comentários:

  1. Os empresários só pensam em dinheiro, e realizado o mais rápido possivel.

    Infelizmente, muitos jogadores estão presos a esses empresários por clausulas que os "obrigam" a ser transferidos quando estes querem.

    Existe muito a fazer neste domínio, desde logo os empresários serem pagos pelo seu trabalho única e exclusivamente pelos jogadores, com limites instituídos, e que não passam por certas praticas habituais de agiotagem como os famigerados 10% dos rendimentos.

    Para que precisa um clube de empresário para transferir um jogador?
    Talvez para que a roda do dinheiro gire a maior velocidade?

    Cada clube defende o seu ponto de vista, e o empresário deveria limitar-se a defender os interesses do seu cliente, que é o jogador.

    Claro que há muito refugo para colocar, e então aí já é preciso alguém para convencer clubes, que são dirigidos por pessoas, e que, como o comum mortal, precisam de saber viver num mundo de milhões.

    Uma praga.

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    1. Meu caro,

      Aqui está uma boa discussão. Por este mundo fora existem muitas profissões agenciadas. Nos Estados Unidos é prática corrente em muitas profissões. Agora o agenciamento é pago pelo trabalhadores e não pelos empregadores. Quanto muito, os empregadores pagam a Head Hunters para a escolha de certos profissionais muitos especiais. Agora, não se envolvem milhões e milhões de euros com o serviços a serem pagos pelos empregadores em percentagem das transações efetuadas.

      Este sistema só serve para fazer rodar dinheiro de proveniência mais que duvidosa e com finalidade mais duvidosa ainda. Não é por acaso que são cada vez mais frequentes acusações por fraude fiscal e branqueamento de capitais.

      Enfim, bastava a FIFA e a UEFA determinarem que os custos de agenciamento deveriam ser pagos pelos jogadores e dentro de certos limites. Não o fazem porquê? Os clubes e as federações associadas não têm nenhum benefício com a situação tal como está. "Follow de money" é o que precisam de fazer as polícias e as entidades fiscais. O futebol não se auto-regula.

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    2. Tem muita razão, até porque, por exemplo, no futebol os head-hunters são os Aurélios Pereiras e os João Botos desta vida, no que toca a descoberta de talento ainda imberbe.

      Provavelmente até nem são pagos ao nível do que exigiria o seu saber.

      DEPOIS APARECEM OS PARASITAS DOS EMPRESÁRIOS, MUITAS VEZeS COM JOGADORES que lhe são entregues de forma cirúrgica aos seus "cuidados", para no futuro a roda do dinheiro girar e distribuir um pouco por todos.

      As chamadas parcerias estratégicas, por exemplo.

      Enfim, só não vê quem não quer.

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  2. Mas nao viram a noticia de que a FIFA está entre as dez organizações mais corruptas do mundo? Atenção: Ha Estados que preferem que haja uma zona cinzenta de branqueamento de capitais porque acabam por beneficiar com os que se tornam legais. É a caça à migalha... Viram o que disse o ministro da França sobre a transferência do Neymar? Foi directo: Quanto maior, mais o Estado ganha...
    Esperar que os empresários sejam mais do que isso (empresários) e que defendam os jogadores é mais "santo" que acreditar no Pai Natal. A opção é unica. Regulação a sério e verificação da legalidade a sério. E isso sim, pode-se fazer. O problema é que a mim já me parece que já não é mais a politica que comanda o futebol é o futebol que comanda a política... Os clubes passaram a ser os novos nomes da Igreja Universal do Reino de Deus. Vejam a emigração da política para o futebol em Portugal por exemplo... E o perigo aqui é que os créditos na política são tão poucos que me deixam a pensar se eu tenho mais disciplina de bancada com os meus colegas de clube do que com os meus colegas de partido... Por isso sim é preciso gritar até à exaustão que o futebol é política sim e por vezes da mais baixa... a idéia de um "mundo próprio" é cantiga para o boi dormir...

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  3. Só para finalizar: Por isso mesmo é que para mim a grande diferença de BF é, não so a sua capacidade técnica, mas a enorme elevação, para um miudo, com a forma como geriu a sua passagem pela tempestade sportinguista que se abateu sobre ele. Merece o nosso respeito e que sirva de exemplo para o que se chamam os valores sportinguistas

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    1. Meu caro,

      Está tudo nesta sua frase: "O problema é que a mim já me parece que já não é mais a politica que comanda o futebol é o futebol que comanda a política... Os clubes passaram a ser os novos nomes da Igreja Universal do Reino de Deus".

      SL

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