segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Todos pela Amazónia


(...) para seu espanto, percebia que, na verdade, não eram dadas ordens nenhumas e que o príncipe Bagration apenas fazia de conta que tudo o que era feito por necessidade, por acaso ou por vontade deste ou daquele comandante acontecia, se não por ordem dele, pelo menos de acordo com as suas intenções. 

Guerra e Paz, Lev Tolstói 

Estivesse eu com o bom humor em alta e faria referência ao hat-trick do Coates, mas deixo isso para a imprensa desportiva sempre atenta ao Sporting quando as coisas correm de feição. O Coates, já o disse aqui, ainda está de férias, e culpa tem quem o mete a jogar fora dos areais.

Posto isto, temos que abordar o tema referente à família Pinaceae, a dos pinheiros. Neste caso, não se trata (ainda) do avançado que um antigo treinador do Sporting queria como referência estática atacante, não, mas do Sr.Pinheiro, ilustre dignatário da arbitragem que nos foi oferecida este sábado passado.

Três pontapés de grande penalidade em Alvalade? Acho pouco. Ficou a faltar um sobre o Raphinha, mas esse, como o seu autor vai a caminho do Rennes relançar a carreira, o árbitro achou por bem não ver. Mais uma vez o VAR tinha ido ao BAR. É claro que o segundo penálti assinalado contra o Sporting é digno de um devaneio místico, apenas compreendido à luz de um consumo exacerbado de substâncias psicotrópicas, muito comuns em rituais perpetrados por algumas tribos indígenas, nomeadamente em festivais de música e em cangostas do Gerês.

Todavia, as visões místicas muito em voga em jogos do Sporting, não explicam tudo. Não explicam – embora o consumo de algumas dessas substâncias nos pudesse ajudar artificialmente em alguns momentos – o facto de, mais uma vez, a equipa dar a sensação que se tenha conhecido no dia anterior numa discoteca e marcado uma peladinha para as 19 h de sábado. Tudo ressacado obviamente.

O problema não é apenas a defesa, embora o Coates esteja ao nível do meu sobrinho que fez agora um ano, em termos de corridas de gatas. Qualquer treinador adversário percebe que este Sporting, entre linhas, depois das linhas, ao lado das linhas, seja em transições seja em memorandos para o mestre Fernandes, não sabe com que linhas (estejam elas onde estiverem) se cose. A minha avó era costureira, sei do que falo.

Sabe o treinador adversário, mas não sabe o nosso. Não sabe, mesmo depois de um estágio de quase um ano em pipas do melhor carvalho português. Não gostará da pinga? Gosta, mas não é especialista. Talvez fosse um bom funcionário público que em tempos treinou o Ajax jovem nas horas vagas e que, faltando melhor, treinou o Ajax menos jovem durante quinze dias. Depois foi para o Médio Oriente. O Rui Vitória tem por lá grande sucesso, tudo é possível.

Agora, é preciso ter olho para escolher um bom funcionário público exilado no Médio Oriente. Foi isso que fizemos. Não queremos cá especialistas. A começar pelos dirigentes. 

Todos pela Amazónia. Todos pelo Sporting.

10 comentários:

  1. Julgo que na Amazónia não há Pinus , eu atirava o de Alvalade às piranhas!
    SL

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  2. Mais um grande texto caríssimo,

    Mas corre o risco de desactualizar-se depressa. Parece que o Sporting sangra jogadores no ultimo dia de mercado. Ainda bem que tínhamos tudo planeado.

    Nota: pode ser que ainda vá o treinador e leve o presidente para médico da sua futura equipa, ou repartição pública;)

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    1. Obrigado meu caro,

      A sangria estava planeada, não tenho dúvidas. O planeamento do plano da sangria segue o curso do vento dos cofres. Talvez ainda vá o Paulinho por 50 milhões.

      Concursos para funcionários públicos não devem faltar dada a proximidade das eleições, médicos inclusive.

      Abraço

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  3. Muito boa crónica.Parabéns!
    Temos que jogar mais e melhor para vencer os Pinheiros... Azevedos...e outros mestres do apito

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    1. Obrigado meu caro,

      Mas a floresta tem que se lhe diga. Não faltam por aí as espécies infestantes como as Acácias. Temos que olhar para a limpeza do nosso quintal.

      SL

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  4. o baleiras , deixa-te de balelas . has-de suspirar pelo Bruno de Carvalho ….

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    1. Meu caro,

      As balelas crescem em todo o lado. São infestantes.Precisamos é de bons cuidadores.

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  5. O Pinheiro de Alvalade é concerteza um pinheiro bravo, ou seja, não tem valor nenhum e pode ser pasto de fogueira, à vontade pois os Greens desse mundo fora e muito menos os de Alvalade, não esboçariam qualquer protesto. Mas os Firemen,isto é, os Reds viriam logo apagar o fogo pois um talento do apito como o Pinheiro tem que ser protegido a qualquer custo. Já o talento holandês não foi protegido e foi prontamente imolado mas ardeu como um Senhor. Agora vamos ver quem será o próximo a arder, desconfio que seja o novo treinador, há quem avance com umas teorias mirambolantes que asseguram que o provisório Pontes se transformará em definitivo, assim como o viaduto de Alcântara, mas eu, que não disponho dessas fontes de alto gabarito, apenas ouço os Brazes, Dias e Cia, quando digo novo, refiro-me ao próximo, o que virá depois do Pontes.

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  6. Meu Caro,

    Como diria Sá de Miranda: que farei quando tudo arde?

    SL

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