sexta-feira, 27 de setembro de 2019

A Fórmula

Sou um leitor compulsivo de badanas de livros, porventura só ultrapassado pelo Professor Marcelo. Não havia mal nenhum nisso se não se desse o caso de ser também um comprador compulsivo de livros. Há dias, numa livraria, esbarrei na badana de “A Fórmula”, de Albert-László Barabási, físico, investigador de ciência de redes e professor na Northeastern University. 

Ontem, acabei de ler o livro. O livro procura explicar as razões para que certas pessoas sejam bem-sucedidas e outras não. O sucesso nem sempre está relacionado com cada um e o seu desempenho, mas com a forma como a coletividade o perceciona. Sempre que o desempenho não pode ser medido, o sucesso resulta das redes onde cada um se insere. Sendo o desempenho limitado por definição, o sucesso pode ser ilimitado. Para se ter uma carreira de sucesso é necessário sucesso prévio e aptidão. O sucesso de uma equipa exige diversidade e equilíbrio, mas um único membro obterá o reconhecimento do coletivo. Ser-se bem-sucedido não depende da idade: não se é mais criativo quando se é mais jovem, é-se mais produtivo e ao sê-lo é mais provável o reconhecimento dessa criatividade e do desempenho e sucesso subsequentes. 

Ontem, vi o jogo do Sporting contra o Rio Ave para a Taça de Liga. Não sei qual a relação de “A Fórmula” com o Sporting e, muito menos, com o resultado ou se tem sequer qualquer relação, mas não deixa de merecer reflexão. Espero que o Silas a esteja fazer, seja ela qual for.

17 comentários:

  1. O insucesso não resulta, apenas, das fórmulas que os treinadores possam usar. Há cerca de um ano, o Presidente Varandas despediu Peseiro porque entendeu que o colectivo não gostava da sua fórmula. Então, Varandas disse que ia preparar a época actual. Como agora, despediu o treinador sem ter já outro apalavrado. Tiago Fernandes foi a jogo e a sua fórmula foi não mexer muito na fórmula de Peseiro e assim não deslumbrou mas também não comprometeu. Veio então Keizer, esse desconhecido, que apresentou nova fórmula que, pareceu, ao princípio, ser revolucionária mas cedo se percebeu que o efeito da fórmula holandesa era efémero. Varandas insiste na fórmula de Keizer, afinal venceu 2 Taças e muda-lhe os ingredientes (os jogadores) e cada vez que mexe, reduz ou melhor, piora os efeitos positivos da fórmula Keizer. No entanto, Varandas, como grande supervisor das fórmulas, diz que não está preocupado e altera, novamente, os ingredientes, recorrendo a genéricos. Aí as coisas pioram e o colectivo já só consegue ver os efeitos negativos da fórmula Keizer. Varandas despede Keizer e aposta em Leonel Pontes, esse velho conhecido, cujas fórmulas nunca resultaram em lado nenhum. Leonel, ao contrário do que tinha feito o Tiago, decide mudar tudo ou quase (manteve a confiança em Coates). Leonel acredita que, desta vez, a sua fórmula irá resultar. Acresce que o Presidente diz que Leonel não tem prazo. Mas claro, as fórmulas de Leonel nunca resultaram e com alguns ingredientes fora do prazo de validade, ainda resultaram menos. Foi o desastre total. Agora e ao que parece, Varandas, o Grande Mestres das Fórmulas, vai apostar num novo formulador, o Super Genérico Silas, que quase foi um grande jogador e quase já foi um grande treinador sem jogadores e com um presidente habilidoso (sim o gajo da fórmula PT na SAD de Belém). O colectivo vai apoiar Silas ao mesmo tempo que critica e barafusta contra Varandas, o Grande Fornulador.

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    1. Meu caro,

      Somos um clube cheio de fórmulas mágicas. O problema é que somos dirigidos por aprendizes de feiticeiros.

      SL

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  2. TOUJOURS VERT , UMA MANEIRA SUAVE E BEM DISPOSTA DE COMENTAR O MAIS MERDOSO PRESIDENTE DE SEMPRE DO SCP .um bom guião para um filme do mr.bean .

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    1. Meu caro,

      Não é capaz de criticar o Presidente sem o desqualificar. É que ao desqualificá-lo desqualifica os seus consórcios que o elegeram e desqualifica-se a si. O Varandas pode ter muitos defeitos mas ainda não anda à pancada com os sócios. Talvez porque não os desqualifique.

      SL

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  3. Caro Rui Monteiro,

    O Nobel da Economia, Kanehman (curiosamente um psicólogo) também traz algumas perspectivas sobre sucesso e talento e acaso, no seu "Rápido e devagar - 2 formas de pensar".

    Vamos ver qual delas adopta Silas, e se o acaso trará aquilo de que o seu clube necessita - vitórias.

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    1. Meu caro,

      Sou um grande apreciador do Kahneman e do seu amigo de sempre Tversky, que não recebeu o Nobel por ter entretanto falecido.

      Há duas formas de pensar e cada uma é mobilizada nas circunstâncias mais adequadas. Mas a dimensão emocional leva a heurísticas, a enviesamentos. Por exemplo, leva os sportinguistas a considerar que o Coates é responsável por três penalties num jogo como se houvesse qualquer probabilidade de tal acontecer. Opto por pensar devagar e por isso procuro ser menos dados a enviesamentos cognitivos.

      SL

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  4. Vá lá que a malta ainda vai fazendo de conta que o problema é apenas intestino do Sporting!... Depois do clube resolver o problema desportivo do futebol virá o outro de sempre e aquele que cronicamente faz o Sporting viver em crise... Que é o de estar numa competição viciada. Como acredito em Silas, sei que os resultados irão melhorar, mas nunca darão para tirar os corruptos donos disto tudo dos lugares dos milhões da Champions. E, então, virão novas crises. E a lei do eterno retorno não findará. O roubo do campeonato de 2015-16 enfraqueceu o SCP e beneficiou o grémio que está por detrás destas convulsões todas. Enquanto os sportinguistas não se deixarem de rivalidades internas e apontarem as baterias para aqueles que nos enfraquecem há décadas não teremos paz. Todavia, sei que isto é impossível, porque muitos alegados adeptos leoninos fazem o jogo do adversário ou melhor dizendo, do inimigo. Dar ouvidos aos jornaleiros que vivem do sangue do Sporting é alimentar a nossa dor. Esses jornaleiros para serem sérios teriam que ir às causas mais profundas destas crises cíclicas do Sporting. E por que não vão? Será porque comem numa gamela escarlate?... E com isto não escamoteio a incompetência de muitos dirigentes verde e brancos. Mas os nossos inimigos também os têm e sempre tiveram, mas estão protegidos pelas bençãos de papas e padres. É aguardar, então, pelos próximos capítulos... Que serão uma repetição dos anteriores. Pois os pressupostos não mudaram. É, por isso, de aguardar por próximos presidentes e próximos treinadores para o clube. O que se demonstrou é que o problema do Sporting não ter sucesso no futebol não é por ter um presidente que fale muito ou pouco bem ou mal. Afinal, voltou a dizer-se, que é preciso um Sporting forte para o futebol tuga... Quando João Rocha alegadamente recusou um pedido de Pedroto, que teria a ver com missas... para ser treinador do clube decidiu o futuro funesto do futebol leonino... Quem quiser ganhar de forma cavalheiresca no futebol luso ganhará bola... Há muito que abandonei a ingenuidade de acreditar que as vitórias do Sporting no campeonato se prenderiam com ter os melhores jogadores e os melhores treinadores. No entanto, a mediocridade desta época é demais. Mas se os sportinguistas continuam a alimentar, de forma masoquista, a máquina que os consome, há décadas, não se podem queixar. Como o Sporting já se suicidou em termos futebolísticos, nesta época, o sistema agora já poderá dar umas treguazinhas... O sistema precisa de um Sportinguezinho para dar certa faxada à competição. Não interessa liquidar o Sporting de forma definitiva. A competição precisa do nome histórico do SCP. Ai, que saudades que eu já tinha da minha casinha de inocência... Quando ainda acreditava que se ganhava por mérito... Ai, Varandas, ai sportinguistas diferentes, com essa postura elegante nunca ganharão nada no pântano. Terão que sujar as mãos e usar de modos grosseiros. Andar de fisga a degladiar-se com inimigos apetrechados com mísseis da última geração não é uma luta muito equilibrada. Fico então a aguardar por novo processo eleitoral no clube. Será uma questão de tempo.

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    1. Há muito que jornalista do sistema dizem :"precisamos, o campeonato português precisa, de um Sporting Forte. Em 2015/16 Bruno de Carvalho fez-lhes a vontade, disseram : " forte....mas não tão forte assim!"

      Prontos, como dizem.
      Excelente post, mais um de Rui Monteiro.
      Notável comentário do caro consócio,Helder Mestre.
      SL

      João Balaia

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    2. Conclusão - O Sporting até à década de 60 era um clube dono disto tudo, visto ter mais títulos que o Benfica, e detinha um período hegemónico
      .
      Ainda ouvi falar de um tal Peyroteo, e os cinco violinos, mas afinal é esta a brilhante conclusão.

      Outra conclusão- o Sporting nas modalidades é o dono disto tudo.
      E como tem mais de 30 títulos europeus também é o dono da Europa toda

      Um notável ensaio sobre a vitimização.

      O Benfica há 20 anos estava numa situação igual ou pior, fez das tripas coração e encetou um caminho de recuperação gradual, tendo ganho 2 campeonatos em 18 anos, e depois da recuperação, a consolidação que o trouxe ao momento actual em que só quem não quer analisar os factos é que atribui o sucesso ao acaso, aos padres e missas, e mais umas quimeras que impedem o Sporting de ganhar mais vezes.

      Não sei porque é que isso não se passa nas modalidades, ou então tenho de dar razão a estes argumentos falaciosos e começar a pensar se não haverá "cashballs" desconhecidos.

      Um pouco mais de realismo e menos fantasia é o que precisam os adeptos do Sporting, que têm um clube corrupto, que no tempo de João Rocha tinha 6 campeonatos, e o Sporting 16, e agora já vão com 27 e o Sporting com 18.

      Acho que a culpa é do Benfica.

      É continuarem, o demónio encarnado também vai continuar.

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    3. Caro Hélder Mestre,

      Aí está uma intervenção sábia. Os sportinguistas não compreendem que nem sempre se tem as melhores equipas, os melhores jogadores, os melhores treinadores e os melhores presidente. Só que devia ser assim connosco e com os nossos adversários. Nos anos 80 e 90, se fosse treinador do Porto arriscava-me a ser campeão. No contexto atual, se fosse treinado do Benfica arriscava-me ao mesmo.

      SL

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    4. Caro João Balaia,

      Só se fossem estúpidos, e às vezes parecem, é que não queriam um Sporting como ele é. É preciso vender bilhetes, camisolas e direitos televisivos e para isso são necessários adversários que mobilizem os adeptos. É este negócios que também paga aos árbitros, aos empresários e a uma certa rapaziada que por aí anda. O que não querem é que o Sporting vença, mesmo quando tem a melhor equipa, os melhores jogadores e os melhores treinadores. Basta nos lembramos da época de 2015/2016 e do Rui Vitória.

      SL

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    5. Caro ChakraIndigo,

      Voltando à conversa anterior. Somos dados a enviesamentos. Mas uma coisa são os enviesamentos outra é o que se poderia designar como deficiência cognitiva programada. Só vejo jogos e pouco mais. Não tenho tempo para engolir balelas das comunicações e dos especialistas de coisa nenhuma que enxameiam as televisões. Depois de tudo o que se sabe, independentemente do Benfica ter sido levado a julgamento, ainda acredita no que diz? Só os do Porto é que eram malandros?

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    6. Caro Rui Monteiro,
      Há todo um mundo a separar corruptos de malandros.

      Se eu suspeitasse que o meu clube utiliza praticas corruptas provavelmente deixaria de fazer o que faço desde 1977, sentar-me no Estádio da Luz a ver o Benfica jogar.

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  5. Afinal, o presidente escarlate, fez um parêntessis no seu percurso de vida de chico-esperto, e resolveu ser sério na atividade mais corrupta que é o futebol português. Espere aí! Seguindo o seu raciocínio: afinal, as vitórias do Porto de P. da Costa foram todas imaculadas?! Claro, que o seu clube alicerça as vitórias no futebol na batota. Toda a gente o sabe... Até você. Acha possível um clube em apenas um jogo, e em casa, ter mais penáltis contra que o seu em 3 anos? Só isto diz bem sobre quem manda nos padres.

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  6. "Ser-se bem-sucedido não depende da idade: não se é mais criativo quando se é mais jovem, é-se mais produtivo e ao sê-lo é mais provável o reconhecimento dessa criatividade e do desempenho e sucesso subsequentes."

    como explica o facto de na música a inovação vir sempre de jovens? é viés meu ou a partir dos 30 já não se faz música inovadora? continua-se a fazer boa música, sem dúvida, mas não é o mesmo. As carreiras longas são uma excepção e mesmo nessas é possível ver a "decadência": U2, Madonna, Rolling Stones, etc.

    Curiosidade apenas, se tiver paciência para responder, melhor.

    Saudações leoninas.

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    1. Caro João,

      Excelente questão. Estava convencido do mesmo e o autor também. Vamos ver se consigo esclarecer esta aparente contradição com o senso comum.

      O autor desenvolve o seu trabalho no domínio da produção científica e, depois, generaliza as conclusões. É verdade que a probabilidade de se elaborar um artigo bem-sucedido é muito maior nos primeiros anos de carreira e, ao fim de vinte anos, cai a pique.

      No entanto, se se ordenar os artigos não pela idade do autor mas de forma ordinal (1º, 2º. 3º, etc) verifica-se que a probabilidade de o 1º, 2º ou 105º artigo ser bem-sucedido é exatamente o mesmo. O que acontece é que quando se é mais jovem é-se mais produtivo e quanto mais artigo se escreverem maior é a probabilidade de um deles ser bem-sucedido.

      Ainda há uma questão adicional: quanto mais novo se é maior é o número de anos que, em vida, se assiste ao seu impacto. O sucesso em vida é diferente depois de se morrer. Por exemplo, o artigo mais citado do Einstein não é sobre a teoria da relatividade, matéria que o ocupou no início da carreira, mas, no final da sua carreira, sobre um outro tema que abriu uma nova frente de investigação que se veio a revelar mais tarde como relevante depois de morrer.

      A questão tem pano para mangas, mas espero ter deixado o essencial.

      Um abraço

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