quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Autarcas, economistas e quatrocentos e setenta e oito jogos sem sofrer golos

Eu e o Júlio Pereira estivemos num animado debate sobre competitividade e desenvolvimento local. Aquelas discussões onde se diz que os autarcas são as causas de todos os males da humanidade e os professores de economia dispõem dos conhecimentos necessários para se chegar ao Santo Graal do crescimento económico. Na dúvida, prefiro autarcas a professores de economia. Por boas ou más razões, os autarcas ainda sabem que existem pessoas.

A discussão nunca mais acabava e, à conta disso, perdemos o jogo contra o Marítimo. Como costumo dizer, o trabalho prejudica, em muito, o futebol. Mesmo assim, como o debate estava tão animado como um Estoril-Sporting apitado pelo Pedro Proença, acabámos por ir acompanhando o resultado. Exultámos com o golo do Carlos Mané. Se o Carlos Mané marca um golo, então nem tudo está perdido. Da exultação passámos para o espanto quando soubemos do golo Vítor Silva. Se o Carlos Mané marca e o Vítor Silva também, é porque somos fortes candidatos ao título.

Regressei a casa e revi o jogo. Isto diz bem da forma entediada como ainda me encontrava. O Carlos Mané fez um grande jogo nos primeiros trinta minutos. Dentro de uns anos temos outro para Bola de Ouro. Começa a ser enfadonho até. O Slimani estava com uma fome de bola e de golos que levava toda a gente ao desespero: os adeptos e os adversários. O William Carvalho é classe pura. Fiquei na dúvida se a defesa, em certas fases do jogo, estava a passar pelas brasas ou a testar o Marcelo. O Marcelo é que não estava com sono nenhum.

No final ganhámos três a zero. O Marítimo não merecia. A tão falada crise de golos marcados acabou (de golos validados pelos árbitros). Estamos ainda há quatrocentos e setenta e oito jogos sem sofrer nenhum.

6 comentários:

  1. Respostas
    1. Meu caro,

      Foi de propósito. É uma ironia. Só queria dizer que já não me lembro há quantos jogos não sofremos golos. Podia ser 478 como 12555.

      SL

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  2. «São rosas senhor, são rosas», neste caso são minutos. Certamente levado pelo entusiamo sonhador e empreendedor dos autarcas e pelas extrapolações metafisicas dos economistas o Rui Monteiro deixou-se ir.
    Foi um bom jogo para vermos a maior parte dos reservas a mostrarem serviço, outros nem por isso.
    Ab

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    1. Meu caro,

      478 ou 12555 é a mesma coisa. Ninguém nos mete um golo. Essa é que é essa.

      Um abraço

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  3. espero bem que não seja gralha, pq passei a última hora a tentar descodificar a piada dos "quatrocentos e setenta e oito jogos"

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    1. Meu caro,

      Ninguém nos mete golos. Se a defesa está a dormir, o guarda-redes vigia-lhes o sono. Se estão todos a dormir, o William Carvalho assegura que ninguém lhes perturba o sono.

      SL

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