domingo, 11 de fevereiro de 2018

Vídeo-árbitro de Ferrari Vermelho

Agradece-se que nos informem se veem inconveniente na nossa participação no campeonato nacional. Temos algum interesse nessa participação, mas não o suficiente para querermos incomodar alguém, muito menos os árbitros, os bandeirinhas, os vídeo-árbitros, a comissão de arbitragem, a Liga e a Federação Portuguesa de Futebol. Até por que não queremos que nenhum árbitro fique com tão má consciência que acabe por marcar “penalties” a nosso favor quando chutarmos contra a cabeça de um infeliz defesa que se atravesse no caminho.

Depois do primeiro golo do Benfica contra o Boavista e do terceiro contra o Aves, qualquer golo que venha a ser invalidado pelo vídeo-árbitro por ter sido antecedido de falta constitui um atentado à inteligência. Foi por essa razão que o golo do Porto na passada quarta-feira não foi anulado. Estranhamente, hoje, é-nos anulado um golo por uma suposta falta de Bruno Fernandes no início da jogada quando a bola voltou para o Feirense que continuou calmamente a atacar perdendo a bola três quartos de hora depois, dando origem ao contra-ataque do Sporting e ao golo do Doumbia. A fazer jurisprudência este lance, não nos espantaria nada que um dia destes nos anulassem um golo por falta efetuada num jogo anterior desta ou de outra época. Não satisfeitos, o árbitro e o vídeo-árbitro ainda fizeram de conta que um jogador do Feirense não se virou intencionalmente cortando um lance com o braço dentro da área. A consciência deste conjunto desvairado de aldrabices deu origem à marcação de um “penalty” a nosso favor depois de o Montero, em grande estilo, em vez de marcar golo ter procurado causar um traumatismo craniano num defesa do Feirense.

O jogo foi isto mais um ror de oportunidades de golo desperdiçadas, sobretudo na primeira parte. Rematámos cerca de trinta vezes, a maior parte dentro da área, e por nabice dos avançados e inspiração do guarda-redes a bola parecia não querer entrar. O Doumbia foi o que mais falhou, mas também é verdade que, pelo menos, estava no sítio certo para falhar. O Montero falha muito menos porque para falhar mais era necessário que jogasse, coisa que o maça imenso, dado que não veio para isso e agradece que o não incomodem.

Na segunda parte, estávamos preparados para o desespero. Quando o Doumbia tentou enfiar uma biqueirada na bola, acabando por lhe espirrar o taco e falhar mais um golo, um sportinguista maduro sabe que o pior está para acontecer. O pior não é o empate. O pior é um sarrafeiro da equipa adversária se lembrar de mandar um chutão para a baliza e acabar a marcar o golo de uma vida sem que o Rui Patrício tenha a mínima hipótese de defesa. O pior esteve para acontecer mas, desta vez, havia uma ínfima hipótese de o Rui Patrício defender o remate e quando assim é defende-o.

Passado este susto, o Jorge Jesus resolveu fazer mais uma brilhante demonstração da forma como vai gerindo o plantel. Não promove a rotação dos jogadores em jogos fáceis ou que ficam fáceis, preferindo lançar o Rafael Leão e o Lumor quando andavam mosquitos por cordas. Na primeira vez que tocaram na bola, os rapazes estiveram bem e, assim, não ficaram com a cabeça a prémio. A vontade, a força e a velocidade deles ajudou a empurrar o adversário para a área e, na sequência de um canto, depois de uma carambola, envolvendo um soco mal-amanhado do guarda-redes e a cara do Coates, o William Carvalho marcou o primeiro golo.

O estádio ficou em suspenso e a malta do café onde vi o jogo também. Ainda faltava jogar o vídeo-árbitro. Só que passou e nós resolvemos, de imediato, recuar e passar a defender com unhas e dentes, com o Battaglia em campo. Ainda apanhámos um ou outro susto, até o Bruno Fernandes desmarcar o Gelson Martins pela direita que, em desespero, depois de adiantar demasiado a bola acabou por a meter para o meio de uma confusão onde o Montero, vá-se lá saber como, a empurrou para a baliza a meias com os adversários. Ainda houve tempo para o Gelson Martins devolver a gentileza e deixar o Bruno Fernandes na cara do guarda-redes em condições de marcar um “penalty” de bola corrida. A paradinha saiu bem, mas o remate passou ao lado.

A parte melhor ainda foi a “flash interview” do Jorge Jesus. Começou com uma comparação entre o vídeo-árbitro e um Ferrari. As metáforas com Ferraris nunca lhe saíram bem. Não percebi se tinha voltado à indireta ao Rui Vitória, se era uma referência ao “twitter” parvo do Benfica ou se estava a referir-se a um Ferrari vermelho conduzido por um qualquer árbitro ou vídeo-árbitro. Também nos confidenciou que o Lumor lhe tinha dito hoje que considerava que ainda estava na primeira classe. Penso que o Jorge Jesus nos queria dizer que só o voltaremos a ver jogar daqui a uns anos quando o rapaz estiver no primeiro ano do ciclo; mas nunca sabemos bem em que língua é que o Jorge Jesus se entende com os jogadores.

16 comentários:

  1. Meu caro desta vez posso contribuir com informações mais precisas:
    1) O golo foi anulado pois um primo do Doumbia tem um multa de estacionamento por pagar;
    2) Já foi contratada pela Liga um equipa de genealogistas que vai, com base até nos registos paroquiais, rever todos historial familiar dos jogadores antes de validar um golo.
    Espero ter ajudado, agora vou voltar para a maca que dizem que na minha idade não se pode brincar com o coração (como se antes se pudesse).
    Abraço

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    1. Caro Trindade,

      Este comentário merece um "post". Se não o escreve, escrevo-o eu.

      Um abraço,

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  2. Pois, em vez de ir ao estadio viu no café e assim fica mais facil para dizer mal do Jesus. Depois de um roubo de igreja ainda conseguem dizer mal do NOSSO treinador. Não há pachorra para esta gente. Irra!

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    1. Meu caro,

      É uma pena não vivermos todos em Lisboa. Os governos deste país têm-se esforçado mas ainda não foi possível. Havemos de conseguir. Nessa altura, temos de construir um estádio maior.

      Se me disser a sua direcção, tenho todo o gosto em ficar lá em casa, em vez de pagar balúrdios em hotel e mais taxa turística das inúmeras vezes que tenho de ir a Lisboa em trabalho.

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  3. !4 em campo + o Var mesmo assim o JJ começou o jogo com 9, uma falta de consideração para o Feirense.
    Esclarecido como sempre,parabéns
    ZéBaleiras

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    1. Meu caro,

      Mesmo assim valeu a pena. O Bryan Ruiz está a jogar melhor. Até já começou a falhar golos de principiante como de costume. Tínhamos saudades.

      SL

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  4. O que eu posso dizer é que assistir a um jogo do sporting é como assistir, num só jogo, aos melhores clássicos de cinema... temos drama (com finais de jogo em que ficamos com o coração na boca,) intriga (com VAR e outros padres a conspirarem), comédia (desde o 11 inicial a outras coisas engraçadas), sobrenatural (com guarda-redes que decidem defender tudo).... e por aí fora... por tudo isto é com grande interesse que espero sempre pelo próximo jogo do Sporting.
    Se bem que confesso, que com a idade, gostaria que os jogos de futebol do Sporting fossem apenas e só jogos de futebol onde apenas os argumentos do futebol e as forças do futebol decidam o resultado final.
    Saudações leoninas...

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    1. Meu caro,

      Também eu gostava de ver jogos do Sporting como se de simples jogos de futebol se tratasse. Assim, acabamos emocionalmente envolvidos como se estivéssemos a assistir ao um filme do Hitchcock.

      SL

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  5. Com a AG ao virar da esquina, um desaire ontem era a tempestade perfeita. So' se espanta com estas arbitragens quem nao sabe em que mundo vive.
    Contra tudo e contra todos, SPOOOORRRRTTTTIIINNNNGG

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    1. Meu caro,

      Não há coincidências. Depois de duas derrotas e de uma convulsão interna, o jogo de ontem era perfeito para acabar connosco. Sobrevivemos. Até quando é que não sabemos.

      SL

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  6. Jorge Jesus ontem esteve magnânimo. Não italianizou o nosso futebol. A malta correu, jogou, criou ocasiões e até marcou com visível incomodidade do VAR. Não se via nada assim desde à um tempão. Até meteu o Rafael Leão que na primeira vez que tocou na bola mostrou logo que na Academia tinha aprendido que a baliza ficava em frente e que o objectivo do futebol era a vitória. que se consegue com golos. Mostrou também saber que o caminho mais rápido para lá chegar faz-se a correr e a acelerar. À pala disso hoje já lhe chamaram, cem vezes pelo menos, um jogador vertical. Nos tempos antigos chamavam-lhe um bom avançado.
    Jesus depois do jogo explicou que o rapaz de futebol não percebe nada: É só bola, bola no pé e mais nada. Ele e a bola. Nem uma aproximaçãozita à tão famigerada "ideia de jogo". Vai com o tempo, esperamos nós que não seja o tempo passado na bancada.
    Entrou também o Lumor, o tal que segundo o míster o Sporting comprou porque não tinha dinheiro nem para os assim-assim. Os sócios do Sporting só não perceberam porque razão não entrou de início.
    Foi um bom jogo. Com um William imperial e um Patrício a salvar-nos da exposição excessiva ao VAR.
    Se tivesse-mos corrido metade, com a mesma alegria, contra o Porto talvez tivesse-mos ganho.
    Fica para a próxima.

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    1. Meu caro,

      A análise e a comunicação do Jorge Jesus é completamente auto-centrada. É tudo pensado e dito em função dele. Ao desvalorizar os jogadores, mais não visa do que se desresponsabilizar dos resultados futuros. Se não forem bons, a culpa não foi dele. Se forem, o mérito é todo dele pois os jogadores não são grandes espingardas.

      SL

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  7. "a fazer jurisprudência, ainda ....."
    O que voce lhes foi lembrar, ainda nos tiram o titulo de 2002.

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    1. Meu caro,

      Mesmo sem jurisprudência, não nos querem atribuir os títulos que ganhámos. Com jurisprudência somos apagados da história. Pelos vistos, o futebol começou com o D. João I e o D. Nuno Álvares Pereira e com o Benfica campeão.

      SL

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  8. tivéssemos feito as coisas bem não teríamos escrito "tivesse-mos".

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    1. Meu caro,

      Com muito mais coisas como estas, anda o Jorge Jesus a ganhar não sei quanto milhões por ano. Esqueça.

      SL

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