segunda-feira, 23 de outubro de 2017

A-gu-en-ta! A-gu-en-ta!

Nunca estamos preparados para ver um jogo do Sporting. Preparava-me para ver 45 minutos de engonha, sustentados numa tática marada do Jorge Jesus, seguidos de mais uns tantos minutos de nervoseira e de uma ponta final em modo de desespero com o Doumbia e o Bas Dost no ataque. Até cheguei a imaginar o ar displicente e de autossatisfação com o que os jogadores do Sporting iriam entrar em campo depois de quase terem conseguido qualquer coisa no jogo contra a Juventus.

O Jorge Jesus e os jogadores supreenderam-me. O Alan Ruiz apareceu mais rápido e mais baixo e com as trocas de posição com o Gelson Martins baralhou a defesa do Chaves. Ainda há pouco tempo atrás diria que colocar na mesma frase Alan Ruiz e trocas de posição seria impossível. Está-lhe a fazer bem a dieta. Mas tudo se resolveu porque o Bas Dost resolveu resolver, nas duas primeiras vezes que tocou na bola. Ainda aproveitou para molhar a sopa mais uma vez, fazer um passe notável para a desmarcação do Gelson Martins que originou o terceiro golo e assistir o Acuña para o quarto. Foi pena estar fora-de-jogo na assistência para o Doumbia se enrolar com a bola e metê-la lá dentro aos tropeções. Precisamos de um Teo e o Doumbia é o que mais se assemelha.

O golo do Chaves não devia contar. Há falta de “fair play” do seu jogador. Naquela altura, ninguém queria saber do jogo para nada, embora para quem não queria saber o Bruno César não tenha feito grande figura, contrariamente ao Mathieu que fez de conta que se quisesse podia cortar o lance mas, na dúvida, o que não queria era fazer “penalty”. É a experiência. Também ninguém me tira da cabeça que em condições normais, depois do dois a zero, teríamos deixado de jogar à espera que o jogo acabasse. Os restantes golos foram para embirrar com o árbitro..

Se os Jorge Jesus e os jogadores nos surpreendem por vezes, os árbitros, esses sim, nunca param de nos surpreender. Apreciei a forma como o árbitro foi conduzindo o jogo sem mostrar amarelos aos jogadores do Chaves, continuando a avisá-los que para a próxima é que era quando se ia na décima oitava falta. A coisa foi tão longe que admito que alguns deles tenham ficado aborrecidos, dado que têm uma reputação a defender que não é compatível com esta situação. Quem não viu o jogo ainda pode começar a pensar que são uns frouxos e deixar de os respeitar em campo. Foi bastante interessante ver mostrar o primeiro amarelo a um jogador do Chaves a acabar o jogo não por antijogo mas por querer jogar mais depressa (embora se tenha esquecido de o expulsar numa falta que fez logo a seguir). É o hábito ou a falta dele, mais propriamente.

Mas a parte mais deliciosa foi quando mesmo com o recurso às imagens continuou a ver o que ninguém viu, a simulação do Gelson Martins, e a não ver o que toda a gente viu, a falta e o “penalty” cometido pelo jogador do Chaves. Se bem percebi, o vídeo-árbitro (VAR) também viu o que havia para ver, o “penalty”, dado que de outro modo o jogo não teria sido interrompido. Imagino que o árbitro lhe deve ter dito: “A-gu-en-ta! A-gu-en-ta! Falta muito tempo e isto ainda pode virar”. Esta semana andaram quatro magistrados do Ministério Público, dois juízes de instrução e vinte e oito elementos da Polícia Judiciária, incluindo inspetores e peritos financeiros e contabilísticos e informáticos, à procura de umas coisas que o Benfica terá escondido. Não percebo a razão de tanto aparato e de se andar à procura de coisas que estarão escondidas quando basta ir aos estádios e ver o que lá se passa enquanto se bebe uma mini e se avia um pires de tremoços.

4 comentários:

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    1. Meu caro,

      Trata-se de uma ironia. Como é evidente, estava a referir-me ao Podence.

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  2. Caro Rui
    Brilhante texto como tem sido habitual.
    A Patagónia, como sempre suspeitei, é de facto retemperadora. Não dará para mandar para lá o Ruiz (I e II) o Iuri e o Jonathan?
    Abraço

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    1. Meu caro,

      Depois de vir da Patagónia fiquei outro. Mas não foi a Patagónia. Foi a primeira vez que estive a uns milhares de quilómetros da minha filha durante tanto tempo.

      Para todos os efeitos, não seria mau mandá-los para lá, sobretudo se não voltassem.

      Um abraço

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