quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Keizer: uma boa escolha

Contrariamente a muito boa gente, continuo a considerar que o Marcel Keizer foi uma boa escolha. Por defeito de ofício, começo sempre por analisar resultados e só depois é que passo à sua explicação. A época passada tinha tudo para ser um desastre. Com o Peseiro, a profecia tinha tudo para se cumprir. Não eram só as suas qualidades técnicas e táticas como treinador, das quais desconfio e muito, face aos resultados ao longo da sua carreira e, em particular, nos tempos mais recentes, no Porto ou no Guimarães. Era pela completa desconfiança no seu trabalho, que ia dos jogadores até aos porteiros de Alvalade. 

O Marcel Keizer era uma incógnita mas uma incógnita holandesa, sempre superior a uma incógnita portuguesa, por definição. Para além de dispor do benefício da dúvida, coisa que ninguém se lembraria de conceder ao Peseiro, começou por ser uma lufada de ar fresco e deu-nos ânimo. Depois tudo começou a piorar mas ainda ganhou duas taças. Uma época condenada ao desatino acabou por ser bastante razoável para o padrão do Sporting. 

Como costuma dizer o Pedro Azevedo, do Castigo Máximo, a gestão comprou tempo. O problema é que parece não ter feito grande coisa com ele, não resolvendo os problemas que tinha para resolver e não planeando adequadamente a época nas atuais circunstâncias (sobretudo, económico-financeiras). A equipa não dava mostras de evoluir e os jogadores pareciam não acreditar. Um treinador é sempre primeiro despedido pelos jogadores e só depois pela direção. O tempo que se ganhou esgotou-se e assim o tempo de Marcel Keizer também. Nada de novo. O Paulo Bento fez um feito destes mas em maior. Com umas equipas horríveis, ganhou quatro anos à direção, até passar de “forever” a “never” em menos de um fósforo. 

Como no futuro todo o passado nos parece melhor e como no futuro ninguém se lembrará como se jogava tão mal e se lembrará dos resultados e das duas taças, estamos condenados a acabar por ter saudades dele. Nada de novo, mais uma vez.

5 comentários:

  1. Discordo. Vir a ter saudades do Keiser só se pode sustentar em demagogia pura ou pura ignorância. A memória existe. O "antes"(principalmente este) e o "depois" a Keiser vão estar tatuados no futebol, não só do SCPortugal mas do Português, durante muito, muito tempo. Para não dizer para sempre...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu caro,

      Porventura sou mais velho e penso diferente. Daqui a dez ou vinte anos o que se recordará será o assalto a Alcochete, o caos no Sporting, a destituição do anterior presidente e, quando se esperava que o clube se extinguisse, na época seguinte conseguimos salvar-nos com duas taças e o treinador era um holandês. A história é escrita no futuro por referência ao passado e não no presente ou no futuro próximo. Por isso é que vamos ter saudades. É da vida!

      SL

      Eliminar
  2. Respostas
    1. Meu caro,

      Toda a glória é transitória assim como a desgraça. Costumo chamar a isto a famosa convergência para a média.

      SL

      Eliminar
  3. Treinadores'
    Dou por mim a pensar nos treinadores do tempo dos violinos e Cia. Ouço falar em Candido de Oliveira? Mas com aquele plantel qualquer treinador ganhava os campeonatos, como o Benfica década de 60/70, ate tiveram um ingles que dizia aos jogadores 4x3x3, cada um ao seu, pelo menos essa era a tradução que Artur Jorge fazia.
    Ainda recentemete Ronaldo disse que no Real Madrid a tática não era muito importante. Até eu ganhava o campeonato portugues se tivesse Cristiano.
    Este plantel do Sporting não dá para muito mais. Tem faltado carcanhois para comprar os jogadores certos. Varandas livrou-se de entulho domtempode BC e da CG e ja tem o seu.
    Chegou a hora de avançar com os 3/4 jogadores da formação.
    SL

    jOÃO bALAIA

    ResponderEliminar