domingo, 19 de janeiro de 2020

Tapar a minha angústia com uma peneira


Meus amigos, continuamos em franca recuperação… dos nossos valores, formas de estar e espírito sportinguistas. Apesar de estarmos, no final da primeira volta, a dezanove pontos do primeiro lugar, doze do segundo, atrás do Famalicão e com o Braga a morder-nos os calcanhares, ninguém parece preocupado, aceita-se com naturalidade e razoabilidade e maturidade esta sina perdedora. A única preocupação razoável são as claques, as nossas, bem entendido. Terá Frederico falado sobre o assunto (respeitosamente) com Vieira na tribuna? Não é de crer que o tenha aborrecido com essa ou outras minudências.

O mais interessante é a passividade amorfa dos adeptos durante e depois dos jogos. Antes também. Voltamos à lengalenga da cultura desportiva, como se na indústria do futebol e quejandos alguém se preocupasse realmente com isso. Não se trata de ganhar a todo o custo mas sim de competir a todo o custo. São coisas deferentes. É preciso que os jogadores e o treinador percebam o que é competir com o Leão rompante ao peito.

Veja-se de soslaio este jogo com o nosso grande rival. Desta feita não foi a grande vitória moral como contra o Porto (já agora, o Braga não foi lá ganhar?), não, foi aceitação da superioridade do plantel, da equipa, dos jogadores (já agora, e da direção também, não?), dos roupeiros, dos olheiros, e do orçamento do rival, como se isso ganhasse jogos. Se isso ganhasse jogos tínhamos ganho ao Tondela, ao Gil Vicente, ao gigantesco Alverca, e por aí fora. Para ganhar é preciso conhecer o adversário, as suas qualidades e fraquezas, conhecer bem a nossa equipa e tentar surpreender. Competir é isso. Depois logo se vê.

Vivemos à sombra do ataque à Academia. Serve para tudo. Ninguém anda preocupado porque ninguém é responsabilizado. As claques servem como peneira (efémera) para tapar o sol e a minha angústia. Quanto ao resto, aconselha-se os jogadores e equipa técnica do Sporting a darem uma vista de olhos ao jogo da seleção de andebol contra a Suécia. Quando competimos olhos nos olhos também podemos ganhar. A qualquer um.

6 comentários:

  1. As "claques", ou melhor, algumas claques que se comportam como gangues da curva sul são, neste momento, o único seguro de vida desta direcção. Se é para tratar a sério, será com identificações, sanções disciplinares e interdição de frequência de recintos do clube.

    O resto é uma incompetência destrutiva, uma subserviência humilhante e um silêncio ensurdecedor.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu caro,

      Separar o trigo do joio não deve ser assim tão difícil. O resto fica dito por si e muito bem.

      SL

      Eliminar
  2. "Veja-se de soslaio este jogo com o nosso grande rival. Desta feita não foi a grande vitória moral como contra o Porto (já agora, o Braga não foi lá ganhar?), não, foi aceitação da superioridade do plantel, da equipa, dos jogadores (já agora, e da direção também, não?), dos roupeiros, dos olheiros, e do orçamento do rival, como se isso ganhasse jogos. Se isso ganhasse jogos tínhamos ganho ao Tondela, ao Gil Vicente, ao gigantesco Alverca, e por aí fora. Para ganhar é preciso conhecer o adversário, as suas qualidades e fraquezas, conhecer bem a nossa equipa e tentar surpreender. Competir é isso. Depois logo se vê."
    Há muito tempo gastamos mais e ganhamos menos...Parabéns!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado meu caro.

      A agenda parece que não dá para mais. O trabalho invisível é isso mesmo: invisível. Está tudo planeado.

      SL

      Eliminar
  3. Depois de ir fazer mais duas reuniões da Tupperware a Londres e Manchester, nada melhor que umas tochas mandadas do topo sul (estejam quietos, pf, vocês são o seguro de vida do homem) e umas declarações do Pedro Proença iguais a tantas outras que já ouvimos ao longo dos anos, para o nosso Paladino recuperar o ânimo.

    Dizem que que houve para aí um jogo também. Deve ter corrido bem porque não vejo ninguém com azia. Goleámos certamente.
    Agora só falta tirar os marginais do topo sul para podermos todos fazer piqueniques com a família em Alvalade e apreciarmos o fino recorte técnico do futebol idealizado por mister Emanuel Ferro, sustentado na qualidade dos protagonistas que a estrutura lhe proporcionou. Sem os tirar de lá, resta-nos o regaetton do Jesé.

    Relativamente à reunião da tupperware, devem-lhe ter dito estão interessadas mas têm que falar com o marido primeiro. Valha-nos o padrinho do puto de Manchester que diz que nos fica com o material se não o conseguirmos vender. Não esquecer que esse padrinho, de quem gostamos de falar a toda a gente, afinal de contas é rico e está no estrangeiro, ás vezes parece que não tem muita paciência para nós e ainda estamos à espera do cheque que ele prometeu para comprar uns ténis novos ao miúdo no Verão passado. Vamos ver o que as clientes nos dizem e se conseguimos falar com o padrinho. É certo que o plástico não apodrece como as maçãs mas fica deformado com o calor (ou com o frio, como no caso de um pino muito promissor que pedimos emprestado a uns tipos de Leste há uns meses) e dizem que o dinheiro dava muito jeito para umas obras que temos que fazer este ano.

    Neste clube muitas vezes só se “cai na real” quando se bate no fundo. Seja um 7º lugar ou um conflito aberto com o s jogadores e/ou um ataque à Academia. Até lá, basta mandar umas bocas ao vizinho do lado ou repetir periodicamente a expressão “aposta na formação” e o pessoal vai andando mais ou menos arregimentado.
    Desta vez nem estar a 19 pontos do primeiro parece ter qualquer efeito. Tudo amorfo e a repetir o que a cartilha manda cá para fora (não sejamos inocentes, fazemos o mesmo que os outros. Se com a mesma eficácia ou se com tantos aliados na imprensa, é outra conversa). Começa a ser doloroso ver isto …

    ResponderEliminar