quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Contas à moda do Porto

A equipa do Porto perdeu quatro a um contra o Lask Linz da Capital do Móvel. Por sua vez, a equipa de arbitragem ganhou dois a zero ao Lask Linz da Capital do Móvel. O resultado consolidado foi de três a dois a favor do Lask Linz da Capital do Móvel. Como é possível tal coisa? O resultado da equipa de arbitragem são números irracionais. Não se está em falar de número enquanto representação e de irracional enquanto exercício ilógico, absurdo, nada disso. Não, não se está em nenhum momento a afirmar que a equipa de arbitragem efetua representações irracionais. As representações são racionais, os números é que são irracionais ou números decimais, infinitos e não-periódicos. 

A equipa do Benfica perdeu três a zero contra o Lask Linz do Porto. O Jorge Jesus queixou-se de os jogadores do Boavista terem na primeira parte acertado trinta vezes nas canelas dos do Benfica. Fui consultar as estatísticas. Não vem nada sobre pontapés nas canelas, mas admito como boa a informação ou não soubéssemos nós, sportinguistas, o que a casa gasta, mas vem sobre pontapés à baliza. O Boavista fez onze e o Benfica um. Em quarenta e cinco minutos os do Boavista enfiaram cerca de quarenta pontapés, ora à baliza ora nas canelas, enquanto os do Benfica pouco ou nada, nem de uns nem de outros. 

Dito isto, o que é que une o Benfica e o Porto? O facto de jogarem contra o Lask Linz, dirão aqueles que tiveram a santa paciência de ler até aqui. Não, nada disso: o que une é que cada um à sua maneira desbaratou mais de cem milhões de euros para fazer este lindo serviço [peço desculpa pelo recurso a conceitos económico-financeiros pouco próprios, quando devia referir resultados líquidos transitados, investimento e amortizações, passivos e ativos e coiso e tal]. 

O Sporting enfiou quatro batatas no Lask Linz de Tondela. O Rúben Amorim cumpriu condição necessária e suficiente para se fazer um bom jogo. Condição necessária, ao assegurar que o adversário não jogasse a ponta de um corno e não tivesse uma oportunidade de golo para amostra; condição suficiente, porque a equipa marcou quatro golos, embora o jogo devesse ter sido de muda aos cinco acaba aos dez. A tática foi um primor: um 3x4x3, que se desdobra num 5x2x3, num 5x4x1, num 3x2x5 ou em várias combinações e arranjos cujo somatório de jogadores de campo não ultrapasse os dez. Há quem diga que tudo se deve à inclusão de um ponta-de-lança. Seria uma explicação plausível se o Sporar fosse um ponta-de-lança. O Sporar não é um mas dois, apresenta a capacidade de desmarcação para as laterais de um Wolfswinkel e a acutilância na finalização digna de um Krpan. 

Mas é de contas que se deve falar. Os jogadores do Sporting fizeram catorze faltas e levaram três amarelos, enquanto os do Tondela fizeram vinte e levaram dois. Em Guimarães espera-nos o Artur Soares Dias ou o Fábio Veríssimo que se segue. Enquanto não jogamos, sempre podemos comparar os pontos fortes e pontos fracos do plantel do Sporting relativamente aos dos rivais Benfica e Porto, como há dias li algures. O do Sporting tem mais pontos: mais um do que o do Benfica e mais seis do que o Porto. Há sportinguistas que dizem que se trata de pontos fracos. Não sei, sei é que são pontos e isso basta. 

9 comentários:

  1. "O desaire do Benfica no Bessa deixou o Sporting isolado na liderança da Liga. Será a equipa de Rúben Amorim candidata ao título? «Nem pouco mais ou menos», atirou Manuel José, sustentando que, para isso, «era preciso que o Benfica falhasse completamente, era preciso que o Porto falhasse completamente também, porque têm muito mais argumentos.»
    «Costuma-se dizer que a alegria na casa dos pobres dura sempre pouco tempo», observou, ressalvando, contudo, que «em futebol tudo é possível.»"
    Manuel José. Treinador. Este acha que são pontos fracos. Ou pobres !

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    1. Meu caro,

      Em Portugal, os campeonatos não são decididos dentro do campo mas pelo Manuel José e outros que tais em programas de televisão. Nem sei bem a razão de se jogarem tantos jogos se basta pedir ao Manuel José ou outro assim para decidir o campeonato.

      SL

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    2. Meus amigos
      Tem razão o homem. Quem sabe, não fosse a subserviência inerente à sua condição de assalariado da estação que lhe paga, se não teria especificado e dissertado sobre a gama de "argumentos" que referiu. Conhecimento de causa decerto que o tem.

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    3. Meu caro,

      O Manuel José de vez em quando sempre se vai descaindo, mas nunca conta as histórias até ao fim. É evidente que ele sabe do que fala. Mas o que ele sabe em detalhe sabemos nós pelos resultados. Nada de novo, portanto.

      SL

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  2. Rui Monteiro
    Crónica hilariante! Mas voltemos às coisas sérias. No ano passado no Bessa, só o Bruno Fernandes levou 13 vezes nas canelas e 6 de um só jogador. O Bruno Fernandes fez duas faltas. Conclusão: o caceteiro do Boavista continuou em campo, o Bruno Fernandes foi expulso. No dia seguinte, apelidaram-nos de calimeros do costume.Agora o Jesus diz aqueles disparates, só superados pela sua contratação pelo Bruno de Carvalho, e ninguém diz nada. Parece que o benfica perdeu por causa das 31 faltas, sendo, segundo Jesus, 20 delas nos primeiros 30 minutos. Portanto, teve meia hora para virar o jogo, apesar de só sofrer dez faltas e o benfica ter feito outras tantas nesse período. Mas estas análises não cabem na massa encefálica do treinador falhado Manuel José.
    Um Abraço.

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    1. Meu caro,

      O Jorge Jesus falou da necessidade dos árbitros condicionarem os adversários com amarelos. Ora, é assim que se ganham ou perdem campeonatos. Nós sabemos muito bem o que é ter adversários a dar pau o jogo todo e os nosso a levar amarelos.

      Ele pode estar contente. Se fosse connosco, levávamos as trinta biqueiradas e ainda tínhamos um Bruno Fernandes ou um Coates expulso. Fala de barriga cheia!

      Um abraço

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  3. Meu caro Rui, você é um génio!

    Obrigado pelas gargalhadas e o sorriso final com que fico depois de ler as suas crónicas.

    Um abraço,

    Salgas

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    1. Meu caro Salgas,

      Obrigado. Estamos cá para isso. Se não nos rirmos, a vida é um pesadelo e o Sporting ainda mais.

      Um abraço

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  4. Caro Manuel Matias,

    Não fale em lesmas ou começamos a lembrar-nos do Jesé ou do Alan Ruiz. Quanto ao Manuel José, convive bem como todos como ele convivem com a realidade de o jogo não se decidir em campo com a bola e os jogadores. Se falássemos sempre em bola e jogadores, perceberíamos que se trata de um jogo e num jogo qualquer um pode vencer.

    SL

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