quinta-feira, 4 de julho de 2019

Finalmente alguém nos explica a tática

Ontem, ao passear na Feira do Livro de Braga, tropecei numa pechincha do Vitorino Magalhães Godinho, um dos maiores historiadores portugueses do século XX. O livro custava três euros e ainda tinha um desconto de vinte por cento. A propósito de redes institucionais e organizacionais e das suas relações com a personalidade, o autor recorre a esta metáfora que se segue. 

“Numa equipa de futebol, as condutas são ditadas pelas posições em campo e pela definição das funções de cada jogador; mas é toda a personalidade dos jogadores que está em jogo; a amizade liga uns, a antipatia separa outros, acontece o ponta esquerda sentir que o avançado centro pretende ganhar os louros da jogada, e por isso passa a bola a outro não tão bem posicionado. Uns esforçar-se-ão no relvado por amor à camisola, outro precisa de brilhar para conseguir uma transferência milionária; há quem não acate bem a autoridade do treinador. Diríamos que na equipa há dois planos: o organizacional-social, que carateriza o coletivo, e o emocional, que é próprio do jogador; mas tal diversidade serve a unidade de objetivo – ganhar o jogo”. 

Anda uma pessoa anos a anos a ouvir o José Mota, o Petit, o Pepa, o Paulo Sérgio, o Fernando Santos, o Peseiro ou o Manuel José e acaba por descobrir que um historiador pode ser melhor treinador de futebol do que os treinadores de futebol. Pelo menos, descreve melhor a psicossociologia de qualquer equipa de futebol. 


Quem pretender compreender melhor a desterritorialização dos clubes e a sua transformação em marcas globais, encontra tudo muito bem explicado em: “A Era do Eu”. Simplesmente soberbo!

2 comentários:

  1. Se estiver a abusar do seu espaço, caro Rui Monteiro, não se iniba de não publicar o que vou escrever.
    Já deverá ter compreendido que gosto de rir e, talvez por isso, quase devoro a RTPi. Até há uma meia atrás aqui foi quinta feira e seria (mas não foi) o dia do Grande Área apresentado quase sempre por um tal ???? Fernandes com o Malheiro, o Postiga, o Pra(ahaha)tas e outros seres superiores do futebol lusitano. Tendo sido assim estive a ver o Jocker, programa que prefiro ao Preço Certo!
    Claro que não conheço o V.M.Godinho até porque leio muito pouco mas estou certo que, futebol à parte, ele saberia construir melhores perguntas para os concorrentes! Há algumas semanas a um concorrente portista foi perguntado quem era o "vale-tudo" e hoje a uma concorrente sportinguista foi perguntado qual das 4 palavras não fazia parte da insígnia do Sporting! O "piadoso" colocou a pergunta de forma a salientar a palavra "honra" como se tal faltasse ao Sporting! Perseverante como sou continuarei à espera que um dia se pergunte quem é o "Kadafi dos pneus".
    Tal pergunta é proibida por ser demasiado fácil, me dirá e eu aceito! Mas nem por isso deixa de rebaixar o nível da RTP, digo eu!

    Boa noite com SL

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  2. Falta só fazer o teste contrario que é pôr os treinadores a falar de História.

    Quem sabe isto não está tudo invertido e serem treinadores não foi simplesmente uma partida da vida. Estupidamente bem paga mas ainda assim….
    Pela parte que me toca não me choca nada dar-lhes uma nova oportunidade na vida, fornecer uma mini picareta e uma vassourinha e mandar uma boa parte deles para a Lourinhã procurar dinossauros.

    Também há a possibilidade de os “homens do Futebol” (como diz o Rui Santos sempre que a oportunidade se apresenta), serem um bocadinho pretenciosos e fazerem a coisa mais complicada do que realmente é.

    De qualquer forma, a primeira opção carece de verificação… há qualquer coisa de reconfortante na imagem de um Peseiro e um Paulo Sérgio a partir pedra na Lourinhã

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