sábado, 19 de agosto de 2017

Vitória do treinador de bancada

Faltava jogo interior. Era o que todos diziam e entrava pelos olhos dentro. Era necessário colocar jogadores mais no meio e menos colados às linhas. A ideia de colocar os extremos colados às linhas dava origens a uns tantos encontrões com os laterais. O Bruno Fernandes é um excelente jogador de meio-campo mas não é segundo avançado. Mas o Jorge Jesus é que é o rei da tática e, por isso, estava-se hoje, contra o Guimarães, à espera de mais umas tantas adaptações com a possibilidade de chuparmos com a mosca morta do Alan Ruiz a titular.

Por uma vez, fez o óbvio. Trocou os extremos para os obrigar a jogar mais por dentro, ficando a linha para os laterais. O Bruno Fernandes jogou a médio, embora mais avançado. Esta tática tinha dois problemas. Os extremos ainda não estão completamente treinados a jogar assim, como se viu com o Gelson Martins, que andava sempre à procura do melhor pé, para rematar ou centrar, sem o encontrar. Os laterais não têm andamento para correrem para cima e para baixo. Enfim, era um 4x3x3 possível, como diria o Gabriel Alves ou outro do mesmo género.

Não se adaptando os jogadores à tática mas a tática aos jogadores a coisa correu bem. O Bas Dost, sem companhia, deixou de fazer “amorties” e tabelinhas e passou a empurrá-las lá para dentro que é que sabe fazer e faz bem. Não se viu muito mais do que isso mas é isso que está lá para fazer e é conveniente que não o incomodem com outras coisas. O Bruno Fernandes demonstrou que é um excelente médio. Já não me lembrava de um jogador do Sporting a marcar um golo com um remate de fora da área. Hoje vi um a marcar dois. Tendo o Bruno Fernandes por perto, o Adrien sempre faz menos asneiras, dado que não tem de fazer de intelectual da bola. A passo, o Coentrão aproveitou o espaço que estava descoberto porque não andava lá nenhum lateral a perseguir o nosso extremo.

Às vezes fazer o que é simples e o que é óbvio é o mais recomendável. Pode ser que o Jorge Jesus aprenda e nos dispense de umas tantas invenções e adaptações (e de basófias). Este modelo tem muito para evoluir e não sei se funciona em muitos dos jogos contra equipas mais fracas. Jogar com um só ponta-de-lança só serve para fazer cócegas à defesa contrária. Os extremos têm que ter mais golo nas botas. De outra forma, continuam a sair em drible para fora e ficam à procura do pé que não têm (não percebi por que é que o Gelson Martis não meteu pelo menos uma trivela à Quaresma). Têm de aprender a sair no drible por dentro e a saber passar e rematar nestas circunstâncias. Os laterais têm de ter pernas e para fazerem os corredores. Com o Coentrão dos velhos tempos, mesmo com o Piccini, o problema estava resolvido. O problema é que tanto ele como o Mathieu estão permanentemente a desatarraxar-se.

15 comentários:

  1. As vitórias são todas do treinador de bancada, já as derrotas são sempre do casmurro...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Cá para mim teimosos e casmurros são os que fazem sempre as mesmas críticas ao Jorge Jesus. O homem faz as alterações que acha que tem de fazer, não faz invenções, nem tem maus resultados de propósito.

      Já mete nojo tanta embirração. Estamos todos desejosos de ver o Sporting campeão, mas não se chega lá a criar um mau ambiente à nossa gente. Exigência sim, hostilidade não!

      Eliminar
    2. woooosh! (som do sarcasmo a passar ao lado do nosso amigo anónimo)

      Eliminar
    3. Meus caros,

      Por 7 M€ qualquer um de nós está disposto a isso e muito mais. Nas nossas profissões por muito menos aguentamos muito mais. Isto tudo, gastando-se milhões e milhões em contratações e salários.

      O JJ fez o óbvio, mas não deixou se tratar de uma invenção. Este sistema nunca foi posto em prática em nenhum jogo-treino nem nos quatro jogos oficiais. Só forçado pelas circunstâncias e pelas críticas é que, tendo a cabeça a prémio, resolveu colocar os jogadores a jogar nos sítios certos e evitou-nos o Alan Ruiz.

      Esperamos resultados. Esperamos ser campeões o resto é treta. Até agora, está a léguas do Leonardo Jardim, por exemplo. Gosto de ver os jogos. Gosto de ver os jogadores a jogar à bola. Os treinadores são para treinar bem os jogadores e não dizerem alarvidades.

      SL

      Eliminar
    4. Não estou nem a defender nem a atacar o casmurro... só constatei uma verdade universal dentro do futebol.... As vitorias estão sempre casas«das e as derrotas solteiras... Apenas isso

      Eliminar
    5. Meu caro,

      Tem razão. Se ara para o JJ o qualificativo era brando. Utilizaria seguramente outro.

      SL

      Eliminar
  2. Gelson Fernandes?! O homem fez algum mal a alguém? Gelson Martins!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mau caro,

      Tem toda a razão. Embora nos fizesse falta também uma mistura do Gelson Martins e do Bruno Fernandes.

      SL

      Eliminar
    2. O Gelson Fernandes já lá passou (tempo do Godinho) e deixou ZERO saudades...

      Eliminar
    3. Meu caro,

      Esse Gelson Fernandes ou parecido nem pensar.

      SL

      Eliminar
  3. Eleições, já! Jesus, despedido!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Excelente análise. JJ mudou muita coisa. Basicamente utilizou os melhores jogadores disponíveis e nas posições correctas. Bruno Fernandes jogou como médio e não como segundo avançado. E mostrou como pode ser importante para o jogo da equipa. Os extremos trocados forçaram o jogo interior e libertaram espaço para Coentrao e Piccini. Bataglia foi mais posicional e passou a bola em vez de a ir levar
      Os suplentes, em particular Iuri, tiveram tempo de jogo e ajudaram a equipa.
      O único disparate do dia de ontem foram as declarações de JJ sobre a liga dos campeões e a sua importância. Um disparate total. Espero que em Bucareste jogue a melhor equipa e essa é a que jogou em Guimarães.

      Eliminar
    2. Caro JG,

      O nosso problema é admitirmos que se deve esperar não sei quanto tempo para o treinador fazer o que entra pelos olhos dentro.

      SL

      Eliminar
  4. meu caro Rui Monteiro, é isso mesmo. Estamos dispostos para pagar principescamente a um treinador e ser ao mesmo tempo condescentes com as suas sucessivas asneiras. Quando ele faz bem, isto +e quando ele faz o que se espera de alguém pago para fazer o melhor, logo surgem os guardiões do templo a atirar pedras aos criticos. Quem adopta uma atitude crítica é sempre apelidado de anti-sportinguista pelos acríticos de serviço.
    Radica realmente nessa atitude a nossa incapacidade para mudarmos as coisas.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu caro,

      Somos demasiado condescendente para quem é pago principescamente para quem faz o que é suposto fazer (neste caso já vamos na terceira época). Nas nossas vidas e nas nossas profissões, não se tem o mesmo nível de tolerância.

      Não se é menos sportinguista por se ter opiniões diferentes. Aliás, quando estou a ver um jogo nada disto me vem à cabeça. Só quero ver bola e jogadores.

      SL

      Eliminar