quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os malucos e os que parecem malucos

Os meus companheiros de blogue são de um sportinguismo doentio. O Sérgio Barroso compra a Gamebox todos os anos. Convence mais uns amigos para comprarem também. Ao fim de dois jogos, jura a si mesmo que nunca mais se vai deixar enganar. Continua durante a época toda a ir ver jogos. Se encontrarem em Alvalade um tipo que procura enganar a idade com um leão de peluche às cavalitas a chorar, é ele.

É conflituoso. Passa imediatamente à violência em qualquer discussão futebolística. É imbatível no corpo a corpo. Usa e abusa de golpes baixos para defender o Sporting. À conta disso é detestado no trabalho. Não faz amigos porque ninguém o está para aturar.

O Júlio Pereira é um conhecedor profundo do Sporting, da sua história e de todas as suas equipas de futebol (não interessando se se trata de iniciador, juvenis ou veteranos) e é doente.

Conta, como se se tivesse passado ontem, uma falta do Capitão-Mor da CUF sobre o nosso Dinis na época de 1971/72 que o árbitro não marcou e que era penalty. Recorda-nos, logo a seguir, que o gatuno do árbitro foi o que marcou um penalty inventado a favor do Benfica num jogo contra o Oriental.

Conhece a história de qualquer jogador que tenha passado pelo Sporting. Lembra-se dele dos iniciados, dos treinos ou de quando marcou um lançamento de linha lateral na única vez que jogou a titular.

Não é tão violento como o Sérgio Barroso, mas é igualmente contundente no corpo a corpo. Arrebenta em duas penadas qualquer benfiquista que queira discutir com ele. Ao terceiro argumento, qualquer benfiquista pede tréguas e foge à desfilada. Os portistas são mais duros, mas o Júlio Pereira nunca desiste sem os levar ao tapete. Se não vai com uma chave de braços ou outra técnica, vai ao pontapé e biqueirada.

Eu sou o contrário do Júlio Pereira e do Sérgio Barroso. Hoje, quando alguém me diz que o Sporting está de rastos, corrijo-o logo. Explico-lhe educadamente que o adjectivo está desfasado no tempo. De rastos estávamos há duas épocas atrás. Agora não existimos. Se ele insistir na picardia, passo-me de imediato para o adversário. Começo a elogiar o Benfica ou o Porto, conforme os casos, e as suas histórias. Se continuar a insistir, faço uma contagem de protecção.

Pois bem, estes meus dois amigos não só são preguiçosos, e quase nada escrevem neste blogue, como se tentam passar por intelectuais. O último livro que qualquer um deles deve ter lido foi a edição comemorativa do título de 1999/2000 lançada pelo Diário de Notícias. Eu, pelo contrário, sou uma amante de Proust, li toda obra de Dostoiveski, alguns livros mais que uma vez. No entanto, para compensar a preguiça dos meus amigos e a sua soberba, tenho que escrever patetices todos os dias como se fosse um fanático.

Tenho família, sou considerado no trabalho, tenho amigos e, portanto, exijo respeito. Isto assim não pode continuar.

5 comentários:

  1. Pronto, pronto, logo à noite lá terei que interromper a leitura das Selecções do Reader`s Digest, em particular, aquele interessante artigo sobre as aplicações práticas da filosofia pós-estruturalista de Derrida.

    Para o futuro proponho uma escala semanal tipo 3-2-2 quando ficamos em casa e 2-3-2 quando estamos fora. Se não resultar, chamamos os tipos do FIM, perdão do FMI. Depois de tratar das finanças e da justiça portuguesas, estarão, por certo, mais preparados para pôr a mim e ao Sérgio na ordem.

    Um abraço

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  2. Caros leitores,

    O Sérgio Barroso e o Júlio Pereira não são só meus amigos, são ums tipos bestiais. Aliás, não somos assim tão diferentes; com a pequena diferença de eu gerar uma atração irresistível do sexo feminino.

    Isto é para os espicaçar a escreverem mais. Escrevem muito bem e com muita graça.

    SL

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  3. Depois de ler este texto, digo: isto está a animar e para durar. Cá estamos para colaborar. Força.
    SL
    José C.Ribeiro

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