domingo, 6 de fevereiro de 2011

No fim da linha

[Bem vendido ou mal vendido?]
Se o Sporting tivesse uma equipa competitiva a jogar para o título, Liedson era somente mais um suplente. Um “Pippo Inzaghi” muito melhor que o Nuno Gomes, o que também não é difícil. Nesse caso, vender um suplente por 2 milhões com um vencimento elevado e com trinta e pouco anos é sempre um bom negócio. Só que o Sporting não tem essa equipa, nem tão pouco tem outro avançado com idênticos níveis de eficácia (mesmo que cada vez mais baixos). Ou seja, o que num contexto de boa gestão era uma decisão acertada tornou-se, à luz dos factos, numa decisão errada. Mas quem responde por esta decisão? O desertor?

[Impensável]
A saída de Bettencourt em pleno período de transferências é imperdoável e de uma irresponsabilidade incompatível com a sua reconhecida competência enquanto gestor. As implicações da sua saída repentina são evidentes: acabou com a escassa credibilidade financeira do Sporting. Veja-se, por exemplo, que teve de ser o Marítimo a salvar a honra leonina no caso Kleber. Com a sua demissão colocou a SAD numa situação de total incapacidade para responder à perda de um jogador vital. Agradou aos do “quanto-pior-melhor” da dita “oposição”, satisfez o imaginário infantil das claques que pensam ter alguma influência nas decisões de gestão do Sporting, e deixa um clube à deriva e sem qualquer linha de comando durante o que resta deste mês e meio “decisivo”. Deste facto fica uma lição para os próximos candidatos: gerir o Sporting não implica somente ter boas competências de gestão financeira ou desportiva, implica saber resistir à pressão, ao insulto e à vulgaridade. Roquette não resistiu, Dia da Cunha não resistiu e Bettencourt também não. Diga-se, como reconhecimento, que os dois primeiros também nunca foram vulgares.

[Cadê os títulos?]
Liedson valeu pelos golos (cada vez menos) e pelo incansável empenho em campo. Mas para um juízo pleno não nos esqueçamos das cenas com Paulo Bento e com Sá Pinto e das prolongadas férias de Natal no Brasil. Foi o melhor avançado do Sporting num período que não ficará na história (se a história valorizar os grandes títulos). Ou seja, de uma forma muito realista, esteve ao nível de Cascavel e de Jorge Cadete. Acosta e Jardel foram outra coisa. Em limite, talvez não tenha tido sorte com os colegas.

[Paulo Sérgio? Forever!]
Não fosse a criação da Taça da Liga e a Liga Europa ter um formato menos competitivo até Dezembro do que a Taça UEFA e já Paulo Sérgio não treinava o Sporting. Era inevitável. Tal como Paulo Bento beneficiou do 2º lugar ter sido sobrevalorizado por permitir o acesso à Liga dos Campeões, Paul Sérgio tem tido a seu favor um contexto competitivo “facilitador”, ao mesmo tempo que lhe vão depauperando o plantel. E nisto, só conseguiu chegar a meados de Fevereiro ainda a treinar o Sporting porque está apoiado no pressuposto – totalmente remoto – de ainda poder ganhar alguma coisa. Mas aqui chegados, para que serve a velha “chicotada psicológica”? Aqui chegados, sem presidente e em período eleitoral, quem é que tem legitimidade para o demitir? Quem é que assume responsabilidade das contrapartidas financeiras de um despedimento? Quem é que assume a escolha de um treinador até Maio? E quem é o treinador que consegue mudar o rumo das coisas em cima dos acontecimentos? E que grande treinador vem treinar por apenas 2 meses? Amarrados que estamos a Paulo Sérgio, resta saber se os tais “melhores adeptos do Mundo”, conseguem ser “os mais inteligentes”. A ver por Sexta-Feira vai ser difícil. A desesperança e a frustração nunca foram condições propicias à lucidez.

2 comentários:

  1. Caro Sérgio Barroso
    Como sou habitual leitor deste blog li o seu post com muito atenção e digo-lhe estou totalmente de acordo com o seu teor. Estive em Alvalade na passada sexta-feira. O meu lugar é perto da claque Directivo XXI e observei como começou a vaia, com muita raiva, ao PS por aquela substituição aos 4 minutos do fim. desde do inicio da 2ª parte que ouvi gritos para ele PS fazer substituições. Compreendo que no ambiente de tensão e frustração, a lucidez fique prejudicada. Vi jovens revoltados e no fim a chorar pela vergonhosa exibição da equipa. Diziam: "não querem jogar" "andam a fazer um frete" e outras frases idênticas. De facto, as claques não resolvem nada, é verdade e, há noção disso no seu seio, mas não podem ficar inertes; é impossível "controlar" um vasto grupo de amantes do SCP em situações como aquela estamos a viver. Para terminar quero dizer-lhe que também há lugar para compreender as reacções. A parte emotiva sobrepõe-se à racional, nestas circunstancias. Mas é assim e será sempre. Bom post.
    SL
    Jose C. Ribeiro

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  2. Entrei aqui no blog que tem um nome tão apelativo e fiquei triste.....
    Triste por ver desconsiderar Liedson, ao nível dos 5 melhores de sempre do SCP, vê-lo a ser comparado a Cascavel e Cadete?????????? Com franqueza! É uma injustiça tremenda e não corresponde de todo à realidade!!! Comparar estes jogadores a Liedson é comparar a beira da estrada com a estrada da Beira...Nada a ver!!!!
    Manuel Fernandes coloca Liedson ao nível de Peyroteo, Jordão, yazalde, ele proprio e Jardel! E eu não podia estar mais de acordo......Haja verdade e bom senso!
    Rictemple

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