domingo, 12 de agosto de 2018

A Lei de Murphy de pernas para o ar ou a vitória do bem sobre o mal

Vamos fazer um suponhamos. Vamos supor que esta época se iniciava nestes termos com o Jorge Jesus a treinador. Com jogadores a chegarem a conta-gotas, com outros que não se sabe se vão definitivamente ou se voltam. Com o Jéfferson a lateral esquerdo e sem o William Carvalho ou um substituto como o Petrovic. Com uma Direção em gestão à espera de outra que nunca mais se elege nem a malta almoça. Teríamos desculpas, muitas desculpas. Teríamos “bullying” permanente sobre os jogadores e sobre a Direção.

Este jogo era para correr mal. O Sporting vive uma combinação có(s)mica de azares e trapalhadas que só a Lei de Murphy de pernas para o ar é que nos podia valer: se alguma coisa puder correr bem, correrá. Tudo o que podia correr mal, correu, mas tudo o que podia correr bem, correu também. O bem ganhou ao mal.

Ganhou o bem e o Peseiro, que revelou a habitual sagacidade de um treinador português: se queres ganhar um jogo encanzinado em Moreira de Cónegos, mete dois extremos rápidos, tira duas lesmas e borrifa-te para a ideia de jogo que possas, ou pensas, ter. É esta intuição simples que o Jorge Jesus perdeu no seu labirinto de táticas e opções inextrincáveis. Não lembraria àquela cachimónia de risco ao meio retirar um jogador com o estatuto do Nani e meter um miúdo como o Jovane Cabral. Não lembraria, antes de mais, porque o Jovane Cabral nesta altura estaria dispensado. Se, por falta de alternativas, não estivesse, nem para o banco iria. Como na época passada, seriam adaptados o Misic ou o Wendel.

Ganhámos nós também. Ganhámos três pontos onde na época passada tínhamos período dois. Ganhámos com o regresso do Bruno Fernandes e do Bas Dost. É uma delícia voltar a ver jogar o Bruno Fernandes, mesmo, como hoje, quando o tem de fazer contra o resto do mundo. É uma delícia começar a ver o Bas Dost a devolver, ponto por ponto, os pontos que uns anormais lhe agrafaram na cabeça (marcou um “hat-trick” que só não valeu porque o VAR estava convenientemente desligado). 


(O Nelson Évora é Campeão Europeu. Ganhou o único título ao ar livre que lhe faltava. Foi do Benfica. É do Sporting. É um grande atleta. É um grande português)

9 comentários:

  1. Primeiro, os parabéns ao nosso Campeão Europeu - que o foi uma outra vez, ao dar a mão ao seu principal adversário, caído na caixa de areia. Um pequeno gesto, um grande Campeão.

    No futebol, cumprimos, ponto final. "Só" 40% de posse de bola? Pois foi -mas foi uma vitória.
    Uma nota para Jovane, porque há mais de um ano que venho dizendo que, é mais jogador de o Gelson com a mesma idade: corajoso a ir para cima de quem o marca, boa finta, noção de "p´rá baliza é que é o caminho!" -e p´ra lá corre, sem medo. Gosto do atrevimento -aprender como e quando chutar, vem já a seguir, confiem no que vos digo.

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    1. Meu caro,

      O Nelson Évora é um grande atleta e devemos respeitá-lo por isso, independentemente do clube. É um grande português.

      Nunca tinha visto jogar o Jovane Cabral. Gostei do que vi. Não sei se vai ser um craque. O futuro dirá. Agora, tem a escola do Sporting. Desinibido, confiante e a arriscar. à vezes é precisa esta irreverência para se virarem do avesso os jogos. É isto que o Jorge Jesus não parecebe.

      SL

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  2. Não, ele é do Benfica e benfiquista, mas é o Sporting que lhe paga os elevados salários. A verdade acima de tudo.

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    1. Ser-se lampião é, de facto, um mistério...um lampião pensa mesmo que acredita que quer a verdade acima de tudo. É inacreditável ...

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  3. "Não lembraria, antes de mais, porque o Jovane Cabral nesta altura estaria dispensado"

    Da mesma forma que JJ dispensou Gelson? Ou da mesma forma que durante 1ª e 2ª época chamou Matheus ao 11? Já sei é da mesma forma que o ano passado em jogos como o de Oleiros, levou e fez jogar Jovane? Porra...esta mania de bater no homem de forma a esconder o quão fraco é tacticamente Peseiro já começa a meter nojo.

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    1. Isto é o Sporting, rapaz! Já devias estar habituado. Seja como for não é preciso enojares-te assim com tanta facilidade.
      E, já agora, de q te serve tomares eventuais dores do JJ? e pra q te serve atacares o Peseiro como se fosses o único a saber o q ele vale?
      Bebe uma jola, fresquinha, que isso passa-te.

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    2. Muito de acordo com a resposta.

      O Jorge Jesus recebia 7 M€ por ano. Teve a possibilidade de gastar milhões e mais milhões para ter todos os Petrovics e Douglas que precisava. O Peseiro é um nabo, mas agora é o nosso nabo, com a vantagem de sair mais barato e não se queixar de ter de levar com os Petrovics e os Castaignos que o outro lhe deixou. Se fosse ao contrário, como é que seria?

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  4. Caro Rui,

    Ainda me custa acreditar que a equipa treinada pelo Peseiro tenha conseguido desafiar a Lei de Murphy desta maneira. Estava tudo a correr tão 'bem', a lesão do Viviano, o golo madrugador, o 'rigoroso' Tiago Martins, Petrovic a ser Petrovic, a bola no poste, na linha, na perna do GR, as bocas do Matheus...

    E de repente, quando menos se esperava um tipo que nem era para ir, sofre um penalty que noutros tempo não era e desbloqueia-se um jogo contra todas as expectativas!

    Para a semana há mais. Emoção e sofrimento parecem garantidos neste Sporting imprevisível.

    SL,

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    1. Caro João,

      Somos especialistas em derrotas improváveis. De vez em quando, também somos de vitórias improváveis. O guarda-redes que está dispensado faz um exibição de sonho. Um miúdo entra e parte a loiça toda. Os renegados explicam-nos porque razão queriam ficar, tornando mais simples compreender as razões que tinham quando se queriam ir embora.

      A arbitragem foi uma vergonha. Quero ver três jogadores do Benfica ou do Porto amarelados por protestos num jogo que não teve problema nenhum. O VAR está sempre do lado errado da Lua.

      Esta época vai ser muito complicada. Se perdêssemos ou empatássemos estávamos feitos. Assim respiramos mais uma semana. Depois, depois logo se vê.

      SL

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