domingo, 22 de julho de 2018

Com elevação


Ali, não se trata de criar um futuro novo, mas de restaurar o antigo.
                    William T. Vollmann

Restauro do futuro antigo, isto é, restaurar a ideia de futuro que era (supostamente) projectada no passado. Num determinado passado. Nada disto é paradoxal e rapidamente poderá ser transportado para a realidade temporal do Sporting. Uma realidade cujo espaço-tempo não se afigura de fácil determinação. Vejamos.

Observamos apresentações de jogadores que são ao mesmo tempo, representações e reapresentações. Neste caso o cenário é fundamental para não escavarmos demasiado a fundo. A coisa é-nos apresentada (e representada) em forma de presente, e de verdadeira dádiva (assim ouvi dizer), em suma, algo muito próximo do simulacro.

À boleia de entrevistas (com enviados especiais à Áustria, onde estagia a potencia futebolística do Al-Hilal) a Jorge Jesus, observamos uma verdadeira operação de cosmética do passado recente (para não dizer branqueamento), feita pelo próprio (o que até compreendemos dado o seu histórico), cavalgada pelos jornalistas, aproveitada por alguns sportinguistas, (candidatos, comentadores, outros), e sancionada por quase todos.

O homem afinal ganhou tudo o que havia para ganhar (não foi?), sempre terá defendido os jogadores (recordam-se da final do jogo de Madrid?), tendo igualmente projectado galacticamente jogadores, chegando-se ao descaramento de realçar o seu trabalho no nosso rival para justificar a pantomina televisiva que nos vai alimentado. A sua amizade profunda ao presidente de um rival (aliás bem representada em casos balofos de tribunal para Inglês ver) remete-nos (mais uma vez) para o simulacro.

Os que ainda há uns meses (e não eram poucos) discutiam o fraco desempenho futebolístico da equipa de futebol (tendo em conta a qualidade dos seus jogadores), a ausência de ideias e a aridez repetitiva de estratégias e tácticas, desmemoriaram-se, esfumaram-se, ou vestiram, convenientemente, a roupagem adequada ao momento.

Dos candidatos a candidatos, proto candidatos, ou sucedâneos, temos o bastante para uma peladinha aqui no bairro. Para melhor reportar a fogueira de vaidades (e outras formas de entretenimento) necessitaríamos da pena de um Tom Wolfe mais paciente e capaz. Compreende-se: o tempo de antena sobre o Sporting nunca foi tanto e tão conveniente aos nossos rivais. Só falta um dos nossos agora (mais) próximos rivais depositar a sua confiança num dos candidatos (ou mesmo forjar o seu), para o fogueira ser mais vistosa ainda. O que sobra em candidatos, falta em ideias. Nada de novo. Nem sequer os velhos de Alvalade a rondar a presa. Com elevação, como se impõe no Sporting.

7 comentários:

  1. O Sporting bem educado e manso está de volta...

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    1. O Sporting bem educado ganhou títulos nacionais e internacionais.

      Foi das maiores potencias desportivas europeias.

      O Sporting rude e arruaceiro ficou atrás.

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    2. Meus Caros,

      Não se trata apenas de boa educação.
      O certo é que no Sporting devíamos acrescentar uma nova modalidade: tiros no pé. Seríamos sempre campeões.

      SL

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  2. Como não concordar com tudo aquilo que aqui aponta, caro Gabriel Pedro.

    Fico com a sensação de que tudo isto é uma grande novela em que o autor adapta e altera o enredo consoante a resposta recebida dos sportinguistas.

    Tudo o que ficar bem na fotografia é bem recebido.Desapareceu o sentido crítico e não é algo que possamos imputar ao anterior presidente.

    Daquilo que observo, estamos mais interessados no desfilar de nomes que apoiam uma determinada lista que com o vazio de ideias que nos tem sido apresentado.

    Temos o mês de Agosto para exigir algo mais a quem se propôe a presidir o Clube. Depois não nos queixemos...

    SL

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    1. Meu Caro, obrigado.

      Vivemos num mundo de espectáculo. Mas os outros (os rivais também). Como escrevi acima: devíamos acrescentar uma nova modalidade: tiros no pé. Seríamos sempre campeões.

      SL

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  3. Viva,

    em relação ao primeiro parágrafo há algum que me suscita alguma confusão, de todos os jogadores que rescindiram, os que foram "criados" em alcochete são aqueles que foram categóricos em não voltar... uns assinaram à revelia do clube com outros clubes, outro partiu para um clube menor... os que não são da casa, acabaram por voltar....e esta hein?

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    1. Meu caro,

      Não há confusão nenhuma: alguns já estavam fora, nós é que não sabíamos. Os outros, se calhar, nunca estiveram, nós é que não sabíamos.
      De resto, a nossa formação nunca foi pródiga em forjar homens com "O" grande como diria o outro...

      SL

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