sábado, 23 de janeiro de 2021

Campeão de Inverno de futebol, campeão de futebol de Inverno, campeão de “curling” e campeão do Festival Internacional de Monte-Carlo

Num país meridional é muito mais difícil determinar um campeão de Inverno de futebol do que um campeão de futebol de Inverno, do Inverno do nosso habitual descontentamento, situação agravada pelo contexto de alterações climáticas. Atribuí-lo no polo aquático com as regras do futebol, parece uma ideia, se não boa, pelo menos uma ideia como qualquer outra, como atribuir o título de Campeão de Inverno. Em período de confinamento tanto se vê um jogo assim como uma disputa à vassourada entre as seleções da Dinamarca e da Alemanha em “curling”, desde que as regras sejam as do futebol 

Mas, lá está, à chuva ou ao sol, os artistas são sempre os mesmos. Falta sobre o Jovane, seguida de recuperação de bola pelo Jovane, seguida de calcadela e de nova falta sobre Jovane e amarelo para o Jovane. Bem, depois, depois foi extraordinário. Nem se fala da necessidade do Sequeira arrancar pela raiz o Tiago Tomás duas vezes para ver um amarelo ou do Fransérgio abrir o sobrolho ao Tiago Tomás e se marcar falta de Tiago Tomás. As coisas ainda não estavam a correr suficientemente bem e vai um vermelho para o Carvalhal e outro para o Rúben Amorim. Do polo aquático passou-se ao circo em menos de um fósforo porque, lá está, o que conta são os artistas e se os artistas são de circo então é circo que se tem de ver, embora prefira “curling” ou polo aquático ou, sei lá, futebol de Inverno.

Estava-se nestas habilidades, com trapézio, arame, leões ou cavalos amestrados, quando o Ali Elmusrati tentou um homicídio em direto. O Palhinha saiu vivo, o árbitro desejou-lhe um futuro mais feliz e marcou falta, falta de sangue, admite-se. Com ou sem sangue à mistura, o Gonçalo Inácio bateu longo o livre, a defesa do Braga ficou à espera que a bola ficasse presa na água, o Porro, um jogador anfíbio contratado esta época, isolou-se e rematou cruzado para o primeiro e único golo.

Sabendo de ciência certa que não acabava com onze jogadores em campo, o Rúben Amorim substituiu Jovane por Nuno Santos ao intervalo para adiar o inevitável. Jogar em inferioridade numérica com onze jogadores estamos habituados, jogar em inferioridade com menos jogadores também acontece mas é menos frequente e a equipa está menos rotinada. Aguentou-se até ao último minuto, que afinal não era o último, nem o último do último, nem o último do último do último e houve Coates e houve onde vai um, vão todos. Nem sempre se sabe bem para onde se vai, mas sempre se sabe que se vai com menos um ou dois jogadores para o próximo jogo, por doença com doença, por doença sem doença ou por que sim, por que tem de ser, por que enquanto o urso não se constipar o circo tem hora marcada.  

19 comentários:

  1. Nos jogos do Sporting o MVP é sempre o árbitro...para os adversários.

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    1. Meu caro,

      O árbitro foi o melhor em campo mesmo vencendo o Sporting. É difícil fazer melhor ou pior, conforme os pontos de vista.

      SL

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  2. Se não estou em erro, o vermelho directo ao Amorim, que rende 2 jogos de suspensão, retiram-no do banco frente ao Marítimo e ao... Benfica.

    Acho que o vermelho ao Pote é segundo amarelo, portanto, só castiga 1 jogo. Acho que não me engano.

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    1. Meu caro,

      Sporting com 22 faltas, para 6 amarelos e 1 vermelho. Braga com 24 faltas para dois amarelos. Estamos esclarecidos.

      Não deu para perder este jogo mas pode ser que dê para perder os próximos. Eles continuam a tentar como se não houvesse amanhã.

      Quanto às suspensões, ainda vamos ver. O Taremi ia arrancando um tendão ao Otamendi e levou um jogo. O Pedro Gonçalves como é de uma violência atroz, ainda leva mais.

      SL

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  3. Informo com veemência que o digníssimo tribunal jornaleiro já fez saber que pitões do Musrati no Palhinha não é falta.
    Fez tb saber a Liga que são totalmente injustas as críticas ao relvado: a informação constante no Borda d'água é "Abril, águas mil"; nunca se mencionou Janeiro, esta chuva era completamente imprevisível. Acrescentou ainda a Liga que para o ano o relvado estará irrepreensível, um ano é mais do que tempo de planeamento e não falhará nada.
    :)

    O circo dos castigos segue dentro de momentos.

    SPOOOOORTING!

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    1. Meu caro,

      Esta malta não tem juízo. Não tem juízo e é cega. Então o rapaz do Braga não enfiou um biqueirada no Palhinha? E o outro também não abriu o sobrolho do Tiago Tomás? E, e, e, ...

      Tenho sentimentos mistos, bipolares. Há a parte da alegria momentânea da vitória e da azia do rapaz do Braga e do Sérgio Conceição. Há a parte que me diz que vamos ainda ser mais gamados, com jogadores castigados, doentes ou o raio a quatro.

      O relvado estava ótimo. Não percebo como é que em Inglaterra, com aquele clima, ainda jogam futebol. Com os nossos campos, já tinha passado para o polo aquático definitivamente.

      Abraço

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  4. Caro Rui Monteiro:
    Penso que deve ser Minhoto como eu. Embora com uma costela de Braga ( São Vítor ), o meu Avó paterno era natural desta freguesia, sou barcelense. Portanto Braga, para mim, ao contrário dos Vimarenses, não me é indiferente. Só que, Braga é dividida entre os braguistas - adeptos tipo Salvador - e o os Bracarense, homens da cultura e do progresso, que têm um olhar muito mais amplo sobre Braga e o Minho para além da Missa e do Futebol.
    Já o escritor Antero de Figueiredo, nos princípios do século XX, ainda o S.C. Braga não existia, fazia esta distinção entre os braguistas e os Bracarenses. Alguns indígenas de Braga ficaram ofendidos com o escritor e este, num célebre artigo no Primeiro de Janeiro lá veio, com paciência, explicar tal distinção. Depois de fazer uma resenha histórica dos grandes bracarenses, mesmo antes da fundação da nacionalidade, dizia que os braguistas, ao contrário destes, nem sequer deixaram destruir um logradouro da casa de um padre, para não passar a linha do Minho, que se estava a ser construída desde o Porto até Valença, pelo que a linha teve de ser desviada por outros concelhos.
    E quando vejo um trolha, presumível contumaz, a vociferar na sala de imprensa do Estádio de Leiria, fiquei, como barcelense, envergonhado.
    Agora, veja como ficaram os Bracarenses.
    Para quando é que este sujeito sai de cena?
    Um abraço.

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    1. Se o sujeito sair de cena mas a cena se mantiver, outro o substituirá. O casting vai sempre corresponder ao filme.
      Temos é que mudar de filme, é o que é.
      Mas proponho-lhe que force essa sua vergonha para vergonha alheia. Já que a não pode evitar, redirecione-a.

      SL

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    2. Meu caro,

      Sou viseense, filho de um minhoto, de Ponte da Barca. Andei por muitos lados. Há mais de de duas décadas que vivo em Braga, mas só há dois anos é que trabalho também em Braga.

      Nos últimos anos ganhei mais consciência sobre a cidade e o concelho. É uma pouco anacrónica, convivendo a modernidade com um certo provincianismo. Os mais novos começam a ser de facto mais do Braga do que do Benfica. Os mais velhos são mais do Benfica do que do Braga.

      Este Presidente talvez preste bom serviço ao clube e aos adeptos mais fanáticos. Mas, bolas, Braga é a terceira cidade do país. É preciso ter mais orgulho, ser mais bracarense como diz, ser mais bairrista e cosmopolita ao mesmo tempo.

      Um abraço

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  5. Dois dias depois a sua crónica continua actual. Sem tirar nem pôr. A dúvida que coloco :o que terá dito Pote ao árbitro?
    Acaba lá com esssa m,,da Tás cada vez mais lampião ou isto só acaba quando o clube do salvador empatar.
    Para compensar os gajos que nomeiam os árbitros escolheram o Fábio Veríssimo para amanhã. Quem acompanhará Pote na bancada contra os lampiões?
    SL

    João Balaia

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    1. Caro João,

      O jogo foi lamentável porque a arbitragem esteve abaixo de lamentável. A expulsão do Pote é de ir às lágrimas. No primeiro amarelo, o jogador do Braga faz falta sobre ele e ele cai, caindo sobre ele o adversário. Não marcar a falta sobre ele é absurdo, mas marcar a falta dele foi exatamente qual? O jogador do Braga ter caído para cima dele? O objetivo foi só dar a bola ao Braga para o Braga atacar. O amarelo veio por acréscimo.

      O vermelho direto resulta de um livre a favor do Braga, em que o árbitro deixa passar duas faltas seguidas descaradas de jogadores do Braga. Foram evidentes, à frente do nariz. O árbitro só não rematou para a nossa baliza, mas pouco faltou.

      Amanhã será mais do mesmo. Duvido que tenhamos defesa para o jogo contra o Benfica e o Palhinha há-de ir pelo mesmo caminho.

      SL

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  6. será que o varandilas não tem nada a dizer sobre esta ( mais uma )vergonhosa arbitragem , este vergonhoso e tendencioso critério disciplinar , com o intuito de beneficiar os corruptos do sul ???

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    1. Meu caro,

      O Varandas até já fala e grita sem máscara e tudo. Não tarda nada e está crescido.

      SL

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  7. Caro Rui,

    Venho tarde mas espero que a tempo do felicitar pela excelente crónica. Comecemos pelo melhor, o nosso anfíbio Porro. Descrição perfeita do ala direito! Em segundo lugar mais um espetáculo de Tiago Martins. Penso que aqui também teve muito bem, ao escolher os dois lances mais caricatos: o amarelo a Jovane e a falta que Tiago Tomás cometeu ao atacar à cabeçada o cotovelo do jogador do Braga.

    Posto isto, daqui a pouco temos mais, cotoveladas e amarelos nos nossos jogadores, leia-se.

    SL

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    1. Caro João,

      Dá gosto ver o Porro jogar. O campo estava uma piscina e ele fez-se a ele em mariposa, crawl e bruços. O golo é de um simplicidade atroz mas de um intencionalidade ainda mais atroz. O Porro viu aquele espaço, pediu a bola naquele espaço, o Gonçalo Inácio pôs a bola no espaço que ele pediu e ele não foi de modas.

      O amarelo ao Jovane é uma coisa nunca vista. Um jogador sofre duas faltas e leva um amarelo. Se sofresse três faltas levava vermelho? A do Tiago Tomás é simplesmente lamentável. Ainda há dias vi o Nuno Santos levar um amarelo por um ligeiro toque na cara do adversário. Às tantas, o árbitro queria ver o Tiago Tomás de touca, dado o estado do campo.

      Amanhã vai ser mais do mesmo. Não sei como é que estamos conseguir ultrapassar isto tudo. É preciso jogar muito e ter uma força mental absurda. Neste jogo, o Tiago Tomás levou tantas, mas tantas, sem uma reação, sem desanimar. É preciso uma coragem incrível.

      SL

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  8. Que maravilha de texto.
    Ler isto depois de consultar o relatório do árbitro e saber o que o Pote lhe disse ("és uma vergonha!, não apita nada...") e o que o Rúben disse ao Carvalhal ("oh papagaio, vai pro caralho! Andas aqui há 30 anos a ser papagaio!") sabe-me ainda melhor. Pode não valer de muito, mas sempre compensa a ida ao circo.
    Um abraço e obrigado por estas pérolas de literatura leonina.

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    1. Caro Adriano Nobre,

      Eu é que agradeço a sua leitura. A "boca" do Pote é na sequência de uma jogada que não marca dois, repito, dois livres a favor do Sporting depois de duas, repito, duas faltas dos jogadores do Braga para acabar a marcar livre contra nós.

      A do Amorim é muito boa! Há o amarelo ridículo ao Jovane a que se segue a pantomina do guarda-redes a queixar-se de uma imaginária calcadela do Jovane com o banco do Braga aos gritos liderado pelo Carvalhal. É como se costuma dizer, diz-se o que quis, ouviu o que não quis. No final, mais uma derrota e mais um triste papel a regressar ao campo depois de ser expulso.

      SL

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  9. É tudo tão óbvio que se torna ridículo. Quase parece um guião de revista do Parque Mayer !

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    1. Meu caro,

      O problema ou não é mesmo esse. Assistiu-se a uma ópera bufa e a malta acha que é futebol. O árbitro representou magnificamente (tanto dá para chorar como para rir). O Presidente do Braga não lhe quis ficar atrás e a sua representação foi só rir.

      SL

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