Ver um jogo da seleção nacional tem dois propósitos: tentar perceber o que se passa na cabeça do Fernando Santos e apreciar o Cristiano Ronaldo. Sem ser estimulante, o primeiro é especialmente divertido. O Fernando Santos como os que lhe precederam, tem o único objetivo de meter o Rossio na Betesga. Como é da praxe, convoca duas dezenas de jogadores e inicia-se o suplício de meter uns tantos a jogar sem beliscar egos ou colocar em causa os necessários equilíbrios entre clubes e potenciais valorizações dos futebolistas.
Na defesa, quatro das cinco posições estão ocupadas por usucapião. Na lateral direita, existem quatro alternativas. O Cédric Soares defende melhor mas ataca pior. O Nelson Semedo, o João Cancelo e o Ricardo Pereira atacam melhor do que defende. Dos três, o Nelson Semedo é o que tem estado pior e, assim, não se estranhou que não defendesse nem atacasse, distinguindo-se pelo “penalty” que originou o empate.
Os problemas começam do meio-campo para a frente. A necessidade de meter o João Félix transformou um “puzzle” de quinhentas peças que não encaixam num outro de mil que também não encaixam. O Cristiano Ronaldo tem de jogar, naturalmente. O Bernardo Silva também. É necessário meter sempre dois trincos nem que seja à martelada. Não podia deixar de fora o melhor jogador do campeonato e o único do Sporting ou seria um escândalo. Com estes jogadores não se engendra uma tática, na melhor das hipóteses faz-se um acordo de concertação social e espera-se que cada um deles fique contente.
A tática era a do losango, foi o que nos explicaram. Um quadrado também é um losango com a particularidade dos ângulos serem todos retos. Foi com esta tática que derrotámos os espanhóis em Aljubarrota e não há razões para não recorremos a ela para bater outros exércitos. Com dois à frente e dois atrás, arranjava-se um quadrado. Mas a opção foi a de ter três atrás e um à frente. Para isso, era necessário que não estivessem em linha os três de trás e o da frente estivesse posicionado para que todos os lados fossem de igual comprimento.
Não tivemos nada disto. Tivemos o Ruben Neves, o Bruno Fernandes e o William Carvalho cada com a sua parte do terreno, o primeiro no meio e os dois últimos dos lados direito e esquerdo, respetivamente. Cada um era responsável por essa área e fosse o que Deus quisesse. O Bernardo Silva jogava a pressionar a saída da bola dos adversários, abrindo-se uma cratera no meio e obrigando-o a andar a correr como um maluco para ocupar o espaço à frente e atrás ao mesmo tempo. O Cristiano Ronaldo e o João Félix, entretanto, comportavam-se como dois poltrões, nem condicionavam a zona central nem fechavam sequer uma linha de passe nas laterais. Com o caos instalado, cada um estava entregue a si próprio. Os mais maduros e experientes foram encontrando forma de se tornarem úteis, se não ajudando os seus colegas pelo menos estorvando os suíços. Nestas circunstâncias, chegou a ser penoso ver o João Félix. Dispondo ou não a equipa da bola, não se sabia posicionar, perdendo-se em campo.
Mas ganhámos e isso é sempre tudo ou quase tudo A história repete-se uma e outra vez. Há quem acredite em milagres e com o Fernando Santos ainda mais. Mas não há milagre nenhum. Há o melhor jogador do mundo. Ele e só ele consegue transportar a equipa para patamares competitivos e de resultados persistentemente impensáveis. Não importa o treinador nem os colegas. Talvez por isto seja o melhor jogador do mundo, como o foi Maradona no seu tempo, isto é, pela capacidade de transportar a sua seleção para uma dimensão que, de outra forma, seria impensável pela valia coletiva e individual dos restantes jogadores e pelo engenho tático do treinador. Este seu desempenho coloca-o um pouco acima do Messi na história do futebol que ambos assumem e irão assumir ainda mais. Uma coisa é ser bom jogador numa equipa de bons jogadores. Outra bem diferente é ser um bom jogador e transformar uma equipa mediana numa das mais temíveis do seu tempo.
Excelente!
ResponderEliminarZ
"Uma coisa é ser bom jogador numa equipa de bons jogadores. Outra bem diferente é ser um bom jogador e transformar uma equipa mediana numa das mais temíveis do seu tempo. "
ResponderEliminarExcelente reflexão :D
Como o João Feliz fará a seu tempo! :) :) :)
EliminarZ
...Espera mas antes ainda vai fazer o Renato Sanches!!! O Futuro é nosso!
EliminarZ
Meu caros,
EliminarEle é impressionante e desse ponto de vista superior ao Messi. A Argentina tem muito melhores jogadores e muito melhor equipa. Só não tem o Cristiano Ronaldo. Tem o Messi. É bom, muito bom, mesmo, mas falta alguma coisa pela sua seleção que o transforme no Maradona.
É verdade que com os ídolos que se vão construindo nos jornais e na restante comunicação social, daqui a dias temos uma equipa de Ronaldos. O problema é que os putos acreditam no que deles dizem. No fundo, são os menos culpados.
SL
Mais um excelente post. Espero que contra a Holanda Fernando santos, tenha a coragem de pôr quem tem que pôr a jogar. A selecção é para jogar para ganhar e não para ser mostruário. Confio que FS, que é uma boa pessoa e honesta, o faça. A táctica do quadrado só provou contra os espanhóis, nunca provou contra os holandeses. Preferiria jogar contra os ingleses, mas também no futebol o Brexit está em marcha. Paciência.
ResponderEliminarJ.OLiveira. SL
Caro J. Oliveira,
EliminarO FS é boa pessoas mas as pessoas também são elas e as suas circunstâncias. As circunstâncias da selecção nacional começam a ser parecidas com as do Brasil.
SL
Renato Sanches é, talvez, o exemplo maior da realidade virtual criada por uma muito boa propaganda clubística, muito bem estribada na CS.
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarQuando o vi jogar no Europeu, achei que não tinha a mínima noção tática. Não fazia ideia onde se colocar e deixava-se passar com enorme facilidade por distração ou por não estar bem colocado.
Com o Rui Vitória, o rapaz andava aos pontapés a toda a gente. Tinha muita força é um facto. Quando se igualaram as forças e deixou de ter o beneplácito dos árbitros reduziu-se à sua dimensão. Com o Féliz corre-se o risco de acontecer o mesmo. Como se viu no jogo contra a Suiça, quando se disputa a bola ganha o mais forte e não vale a pena atirar-se para o chão.
SL
Sò vejo especialistas do futebol. Aziados e invejosos.
Eliminar«É, de longe, um dos melhores jogadores jovens da Europa, revela muita qualidade e personalidade em campo. Tem um grande futuro e uma gloriosa carreira pela frente», afirmou Guardiola.
Karl Heinz Rummenigge presidente executivo do Bayern:
"É extraordinário que alguém jogue num Campeonato Europeu como ele jogou com a tenra idade de 18 anos. Quando eu tinha 18 anos, não estava nem perto do nível que ele apresentou. É um jogador que parece ter um extraordinário talento.
Estamos muito felizes por ter tido a coragem de gastar tanto nele em abril, porque 35 milhões de euros é muito dinheiro", acrescentou.
"O Bayern não teria dinheiro para comprá-lo se avançássemos depois do Euro-2016. Por esta altura, estaríamos a falar de uma quantia absurda e ele não estaria, certamente, a jogar na Bundesliga na próxima época», concluiu.
Ancellotti:
“Renanto Sanches é o melhor jogador do Europeu. É fantástico!
Eu falei com o Bayern sobre o Sanches há 3 meses e concordámos que ele é exactamente aquilo de que necessitamos”.
«Foi um dos jogadores que nos chamou a atenção. O clube fez um grande trabalho para o contratar. Muitos clubes importantes da Europa queriam contratá-lo mas o Bayern foi mais rápido», disse Carlo Ancelotti ao jornal Bild:
"Trata-se de um jogador fantástico, que será uma figura-chave do Bayern no futuro. Renato já tinha demonstrado que tem qualidade e personalidade. Pode ser extraordinário e impulsionar o Bayern".
É lidar. Vergonhosa foi a campanha xenófoba por parte dos lagartos
racistas, algo já habitual no clube dos fascistas e dos "Skin Heads".
Clap clap clap,lucido, assertivo e cheio de humor. Tivesse eu um Oscar e estava dado :)
ResponderEliminarObrigado, meu caro.
EliminarUm abraço
Meus caros todos,
ResponderEliminarTarde e a má horas e 48 horas depois confesso que vi o PT-CH na TV francesa W9 que não conhecia e que nem sabia poder sintonizar aqui na Espanha. Os comentadores francófonos desde o primeiro minuto que se puseram a falar do João Félix como se a "sorority" (cartilha em português) já tivesse atravessado todas as montanhas que os aviões sobrevoam entre Carnide e o Pigale.
Quanto ao jogo (dos portugueses) e as características poligonais foi muito pobrezinho: à Fernado Santos diria. Não ouso afirmar se era um losango ou um trapézio mas foi um rombo para uma equipa que ganhou um Europeu há pouco tempo.
Creio que o tal Félix não jogará a final mas "we never know"! Domingo já o saberemos! O árbitro pode voltar a ajudar já que não vi nenhuma falta no lance que deu ao CR7 o primeiro golo.
SL
Caro Aboim Serodio.entao fomos 2 que vimos atraves sa w9 .pois tive cortare o sol.SL
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