quarta-feira, 6 de junho de 2012

Joguem à bola

O excesso de exposição mediática da Selecção tem sido muito criticada. A meu ver, pelas piores razões. Manifestamente, não sei se esta não é uma forma como qualquer outra de preparar uma Selecção com jogadores que se fartaram de jogar o ano e inteiro e se encontram completamente saturados. O exemplo da Dinamarca deixa-nos, no mínimo, uma certa reserva sobre opiniões muito definitivas.

O que me irrita no excesso de mediatização dos jogadores são os próprios jogadores, embora a culpa não seja propriamente deles. Os jogadores só têm algum interesse dentro de campo a jogar à bola. Com honrosas exceções, fora do campo são inapresentáveis. Querer transformar pessoas assim, com a densidade psicológica de adolescentes não muito bem formados, em símbolos da nação, é tratar todos os portugueses como atrasados mentais também.

9 comentários:

  1. Espectáculo Rui! Excelente post! Chega a ser triste.... É obvio que os patrocinadores querem mediatismo para aparecerem, agora a federação não proteger a estrutura, só prova que o que interessa é o dinheiro da fase final, o aspecto desportivo é menos importante!

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    1. Caro Karl,

      O aproveitamento publicitário da figura dos jogadores chega a ser doentio. A Galp se quer fazer alguma coisa pelos portugueses pode começar por baixar os preços. Dispensamos as lições de moral.

      SL

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  2. Excelente post, principalmente o último parágrafo, que transcreve exactamente o que sinto. Aproveito para dar parabéns pelo blog, que está sempre nas minhas leituras obrigatórias pelo sentido de humor e inteligência da escrita.

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    1. Caro André Cruz,

      Obrigado pela referência. De facto, esta coisa de transformar os jogadores em símbolos dos portugueses é, no mínimo, irritante. Imagine se todos os portugueses fossem como aqueles jogadores imados e narcísicos.

      SL

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  3. Também acho.
    Tenho até saudades da bem mais espontânea e pura prestação mediática de outros craques de outros tempos...o João Pinto (o do FCP), o Eusébio, o Paulinho Santos, o Jardel. Aquilo sim, era pura ignorância sem pose. Agora temos pose mas a ignorância, mesmo que bilingue, continua lá, com algumas raras excepções.
    Tal como para o Borges (o craque da economia) proponho: menos conversa e mais prática, de preferência positiva!

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    1. Caro A. Trindade,

      Também não se perdia nada, como refere o Borges, se lhes baixassem os salários.

      SL

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  4. Também se podem aplaudir as palavras do Manuel José que, apesar de ter optado por falar numa má altura, coloca o dedo na ferida como poucos quando se refere aos jogadores e às suas grandes máquinas.
    Numa altura em que a descrença na equipa é grande, só ganhavam em resguardar-se um bocado, evitando essa imagem de ostentação e de "primadonnas".

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