terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Rúben Dias wherever, forever

Regressado de umas curtas férias em Viena, na Áustria, arranjo uma gripe das antigas ou das modernas, como se quiser, com um vírus em mutação acelerada que apanhei num "streaming" a ver o jogo contra o Setúbal. Quando recupero, afinal nada se tinha passado. Até o Marques Mendes desconfiava que os dinheiros de Isabel dos Santos não resultavam de um projeto agropecuário bem-sucedido no Namibe, à base de ovos, galinhas e, por vezes, enchidos. O Rui Pinto tanto é um “hacker” como um “whistleblower”, conforme os “leaks”, que os há para todos os gostos. A Ana Gomes sabe sempre e os outros só sabem quando é conveniente, podendo convenientemente nem chegar a desconfiar. 

Foi com este estado de espírito de nada se passa, de absoluta normalidade que vi o jogo contra o Marítimo. Não desconfiei, nem estranhei quando vi a equipa adversária entrar em campo com pelo menos uma meia dúzia de Rúbens Dias. O Rúben Dias enfia uma trancada por trás no Bruno Fernandes e o árbitro vai-lhe explicar que assim não, assim não pode ser. Enfia uma cotovelada no Ristovski e o árbitro volta-lhe a explicar que não senhor, assim não pode ser. Sem sequer se dar ao trabalho de disputar a bola, calca o Doumbia e o árbitro já nem lhe diz nada, considerando-o um caso perdido, um caso sem recuperação, sem pedagogia que resulte, quanto mais um amarelo ou dois. 

Na segunda parte, o Rúben Dias desata a atirar-se para o chão de cangalhas em toda e qualquer circunstância. O árbitro acha-lhe graça e vai-lhe fazendo as vontades, entretendo-nos com ele e marcando falta atrás de falta, pouco interessando se foi (ou não) ou se foi ao contrário. A pantomina é muito apreciada pelo locutor da SporTv, sempre sério e assertivo na análise das quedas de cangalhas sem se escangalhar. E também não se escangalha quando dá conta do frango do guarda-redes do Marítimo e do remate com o pé esquerdo do Rafael Camacho para o primeiro golo. Procurou, procurou e encontrou: onde é que já se viu um jogador marcar um golo com o pé? Que sentido terá a vida de um locutor se não for o de ajudar o árbitro e dobrar o VAR sempre que a oportunidade espreita? Mas essa vida esboroou-se-lhe entre os dedos das mãos quando viu o Borja marcar outro golo com o pé, desta vez sem ser anulado. 

Há quem diga que o Sporting jogou também, que houve futebol. Que o Bruno Fernandes fez mais um remate dos seus, levando a bola a embater na trave, sem quaisquer hipóteses de defesa. Que o Sporar parece estar vivo e de boa saúde, sem problemas de maior no trato gastrointestinal. Que o Jovane Cabral recuperou de lesão e voltou a jogar com golo nas botas. Que o Gonzalo Plata parece ser uma excelente alternativa. Que o Rafael Camacho continua a afirmar-se. Quem é que quer saber disso quando se tem à disposição uns tantos Rúbens Dias e árbitros e locutores a condizer? Palermas, se querem futebol, vão à ópera, ver e ouvir a Orquestra Filarmónica de Viena!

12 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Caro Fernando,

      Nunca se arrependa dos seus comentários. Comente à vontade, todos os comentários são bem-vindos.

      SL

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  2. Vá que nem a gripe te tira o bom humor.
    Logo ao almoço quando me perguntarem pelo jogo já sei como responder.
    :)

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    1. Meu caro,

      Quando estava de cama não estava bem-disposto. A recuperação deixou-me logo bem disposto. Nem o árbitro ma conseguiu tirar.

      SL

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  3. Caro Rui,

    Com a excelente campanha na Europa o Rubén tornou-se um símbolo. os árbitros adoram símbolos e os jogadores sonham em sê-lo. Ganhámos. Não foi preciso anular mais nada, já não fazemos parte das contas.

    Um abraço

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    1. Caro Gabriel,

      O Rúben Dias é um símbolo, um símbolo de como isto anda. Enquanto andar como anda, os árbitros também andam como de costume.

      Um abraço

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  4. Pois Rui, isso tá tudo muito certo mas contra aquela equipa do Maritimo era dar 4 secos mesmo com golos anulados e cartões em falta.
    Tenho muita pena de ver o estadio, os adeptos e a equipa assim...vazios!

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    1. Caro Pedro,

      Os sportinguistas adoram as profecias que se autorrealizam. Como não gostam do Varandas, não vão aos jogos nem apoiam a equipa. Sem apoio nem dinheiro, a equipa vai deslizando, havendo ainda menos razões para ir aos jogos e apoiar a equipa.

      Um dia tudo acabará: o Varandas e o Sporting também. Não dá para separar as duas coisas? Quando é para apoiar a equipa do Sporting, apoia-se. Quando é para pedir a demissão do Varandas, pede-se. Esta divisão ajudava-nos para não confundirmos o clube com quem conjunturalmente tem a responsabilidade de o gerir.

      SL

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  5. Caro Rui Monteiro
    Penso que os defesas do Marítimo serão mais parecidos com o Paulinho Santos, Rúben Dias é mais matreiro e tem a responsabilidade de valer 100 milhões.
    Alguém disse que o Sporting devia ter dado 4x0 aos matrecos, ter ganho mesmo que por um e só ter um jogador lesionado foi um sucesso.
    O que me intriga, estes maritimistas quando jogam com o Benfica parece meninas de colégio de freiras.

    João Balaia

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    1. Caro João,

      Sair só com um jogador empanado era por si só uma vitória. Com a vitória propriamente dita e um golo do Borja, foi uma tripla vitória.

      Quanto ao Benfica, fia mais fino. Ou acabam a contratar uma promessa para limar o orçamento no final da época ou o árbitro simplesmente não deixa.

      SL

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  6. Caro Rui Monteiro,
    Assistir, em Viena, a um concerto da Orquestra Filármonica é, concerteza, melhor do que assistir a um jogo do Sporting. Neste, o Maestro aparenta não saber se põe a equipa a jogar eé qum Allegro ou Andante,é, quase sempre um Scherzo, mal tocado, aliás colocar os intérpetres, alguns não sabem ler a pauta, a tocar em conjunto, ou , no caso, a jogar como equipa, acontece, apenas, esporádicamente. Depois o Director Artístico também não sabe se vende, se compra, ou empresta. Enfim, com esse Director não há Maestro que resista, seja ele convidado ou titular do cargo. A assistência de Alvalade aplaude poucas vezes, os artistas e pateia frequentemente o Director Artístico. Quanto à ópera também será melhor ficar pela Staatsoper, já que em Alvalade, a ópera, é quase sempre Buffa,em qua se destacam os fulanos do apito, pode terminar nalguma tragédia Tosca.
    SL

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    1. Meu caro,

      Prefiro a sua segunda interpretação da alegoria. Quando vamos ouvir a Orquestra Filarmónica de Viena vamos ouvi-la e não nos aparece ninguém aos apitos e muito menos fora do tom. No futebol, queremos apreciar o jogo e aparece-nos esse apitador. Será que ninguém os informa que queremos apreciar o jogo como apreciamos um concerto e dispensamos distracções e gente a comer pipocas?

      SL

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