terça-feira, 30 de abril de 2019

Quem ri por último é de raciocínio lento?


Anda por aí um cartaz de um partido político em cujo slogan se pode ler mais ou menos isto: eles falam, nós fazemos. A frase de tão gasta apenas nos chama a atenção porque na imagem aparece o candidato a falar para apoiantes, ou seja lá quem for, não interessa. A falar, vejam bem. A frase não bate com a imagem mesmo que nos esforcemos por dar de barato que os cartazes não têm som e que deve ser muito difícil (acham?) pôr alguém a agir num cartaz. Não bate com a perdigota mas casa bem com propósitos previstos.

Recentemente, um jornal desportivo, em dia de jogo europeu (quartos de final da liga dos campeões) entre o Porto e o Liverpool, trazia uma capa cujo grande (e único) destaque era um jogador do Sporting de nome Wendel. E qual era o grande feito do Wendel, perguntam vocês? O grande (de)feito do Wendel foi ter ido assistir (pelos vistos sem autorização) ao Juventus – Ajax em Turim. Não está a causa a falta do rapaz, devidamente assinalada pela direção leonina, duas voltas ao ginásio, um jogo de fora e alguns contos de reis. Aqui interessa-nos o destaque dado de forma completamente inusitada a este episódio. Não se trata apenas de desvalorizar (totalmente) o jogo europeu do Porto, mas de continuar a sevar a agenda mediática de casos envolvendo o Sporting. Esta capa nada tem que ver com o futebol, com o falar de futebol, nem sequer se enquadra na agenda do dia futebolístico, apenas serve o propósito de continuar a queimar em lume brando a vida interna do Sporting. Como se isso fosse necessário, dir-me-ão. Claro que é. Milhões estão em jogo nos próximos anos. Não bate com a perdigota mas casa bem com propósitos previstos.

Este fim-de-semana o Braga perdeu mais uma vez (de goleada) com o Benfica. Até aí tudo bem. Já pensaram na conversa do Braga este ano relativamente ao campeonato? Entre sonhos e objetivos mais ou menos delineados ao sabor do vento, nas entrelinhas lia-se: 3º lugar. E é isso que convém aos dois do costume. Já aqui escrevi muito sobre a tentativa de bipolarização do futebol português, milhões estão em jogo, e com os critérios da liga dos calmeirões cada vez mais apertados, dois já é muito, três é demais.

No final do jogo, Abel não cabia em si de contente, por mais uma derrota (justíssima) com um opositor com estofo (e jantes de liga leve) de campeão. Nada a dizer da arbitragem, nada a dizer do resultado, lá como cá, uns justíssimos dez a três como resultado global. Alguns viram nisto uma porta aberta de saída do clube, outros (mais atentos aos cartazes publicitários), uma chance para treinar a (outra) equipa B do Benfica, outros ainda notaram um contraste entre as palavras do treinador e o comunicado emitido pela direcção do clube, onde se critica (supostamente) arbitragem.

Não perceberam que as palavras não batem com a imagem pretendida. Espremido (leiam bem o final) o comunicado é uma nota de pesar pelo quarto lugar, e um ataque pouco disfarçado ao Sporting, o verdadeiro (e único) responsável pelos pontos perdido pelo Braga, incluindo (imagina-se) as cabazadas sofridas de forma justa com o Benfica. Por isso Salvador se senta ao lado de Vieira, que nem sequer precisa de assistir ao jogo no balneário. Por isso Salvador se senta ao lado de Pinto da Costa a saborear um bom bacalhau ali para os lados de Adaúfe.  

8 comentários:

  1. Sorte do Benfica que o Sporting ainda estava a lutar com o Braga. Não fosse isso e a consequente ajuda do arbitro e tinham levado 3 no mínimo.

    Só ainda não percebi é como é que, com tanto poder, andamos sempre pelo terceiro lugar. Sempre fomos um clube generoso. Deve ser isso.

    Já agora, não há jornalistas neste país para confrontar o Abel e/ou o Salvador com o teor completamente absurdo deste comunicado? Parece-me a mim que num país decente teríamos uma conferencia de imprensa bastante interessante na próxima jornada. Assim, resta-nos esperar que o Abel arranje um qualquer motivo para nos relembrar que é licenciado.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu Caro,

      Não percebeu: a sorte não é para aqui chamada. Mas dá um certo jeito nas peladinhas a feijões.

      A comunicação tinha um alvo. O resto é matéria de almoçaradas e alguns carolos (como aqueles que o Salvador costuma levar para aprender com os mestres).

      Eliminar
  2. Não foi o Abel que afirmou ir-se embora caso não cumpra os objectivos da época? 1ª Taça foi-se, 2ª Taça foi-se... falta o campeonato... Cuidado Sporting, com tanta reunião marcada ainda vai sobrar para o último a fazer queixinhas à professora.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu caro,

      O Abel faz pela vidinha. O Braguinha também.
      Quem não chora não mama...
      SL

      Eliminar
  3. Abel o incompreendido. Não foi grande jogador, mas esforçado, como treinador andou por Alcochete e levou um pontapé no respectivo dado por BdC. A faze papel de palhaço também não tem grande jeito.

    Pelé, juntamente com Cristiano Ronaldo, o maior de todos os tempos, teve um único clube, O Santos de São Paulo. Mas o Rei alem de grande craque era bom negociador, volta e meia lá vinha um aumento. Dizia ele :"é pró leitinho das crianças".
    O que não faz o Abel para garantir o pão nosso de cada dia!
    Da pena!

    João Balaia

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu Caro,

      O Abel faz pela vidinha. O que não mata engorda!

      SL

      Eliminar
  4. Caro Gabriel,

    As expressões corporais e faciais, bem como as palavras traem o Braga. Não se compreende a contundência nos jogos contra o Sporting relativamente ao que se passa nos jogos contra o Porto e o Benfica. Na meia-final da Taça da Liga o Braga queixou-se de nada e de coisa nenhuma. Quando teve razões de queixa, contra o Porto e contra o Benfica, nada se diz.

    Um abraço,

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Rui,

      Não se surpreenda. Contaram-me (mito urbano, pois então) que o Vieira e o Pinto da Costa se encontram à socapa num restaurante da Apúlia (com periodicidade mais ou menos trimestral). A portuguesa, bem entendido. É sempre num restaurante. Deve ser para ninguém ver. O Salvador quer entrar no restaurante, quer dizer, na lenda, no mito, nem que seja. A gente vai-se rindo...

      Abraço

      Eliminar