segunda-feira, 16 de julho de 2012

A magia do futebol # 3: Não sei quem escreveu o argumento deste filme, mas o tipo é bom…


Imagine que vai assistir a um jogo num dos mais míticos campos de futebol do mundo. Imagine que, nesse jogo para a Taça, a equipa de casa, um dos principais colossos do futebol mundial, defronta o campeão em título da Liga. Imagine que nesse dia Mourinho e Guardiola estão, por uma vez, do mesmo lado, um no banco, outro em campo. Imagine que Vítor Baía, que também defende as mesmas cores, decide abrir o livro e deixar a sua inesquecível assinatura num dos jogos mais loucos que alguma vez se assistiu. Imagine, assim, que, de um momento para o outro, a equipa de casa se vê a perder por 0-3 ao intervalo.

Imagine que o venerável treinador da equipa de casa – Bobby Robson, também um velho conhecido nosso - decide, por fim, lançar em campo simplesmente os melhores jogadores, independentemente da sua posição. O jogo enlouquece e, de um momento para o outro, a equipa da casa, reduz para 2-3. Porém, logo na jogada seguinte, Baía insiste, oferecendo o 2-4 ao adversário e um “poker” ao grande Milinko Pantic. Em desespero, a equipa de casa reage e o "nosso" genial Luís Figo marca “de bolea” um golo monumental, reduzindo para 3-4. Passados uns minutos neste jogo louco, Ronaldo (o outro fenómeno) faz o seu hat trick e empata mesmo a partida a 4. No entanto, esse resultado continua a dar vantagem ao campeão da Liga. Por fim, a cerca de dez minutos do apito final o 5-4 para a equipa da casa e a loucura total pela “remontada” histórica. Barça 5 – Atlético de Madrid 4 para a Taça do Rei em 96/97. Talvez o melhor jogo que alguma vez tive o prazer de assistir (pela TV, é claro). 


15 comentários:

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    1. Caro Pedro, o Atlético de Madrid tinha vencido a Liga espanhola de 95/96. E como explica de forma excelente o anónimo abaixo, tinha também uma equipa notável. Um abraço,

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  2. O baía era uma merda!!! Fizeram do gajo um grande guarda redes, mas o bacano não agarrava uma bola chutada de longe! Se virem bem a famosa jogada no euro 2000, que o Abel Xavier pôs a mão e foi Penalty, só aconteceu porque o tronco do baía não segurou a bola chutada de fora da área e sobrou para o franciú que chuta p a baliza e o chewaca teve de por a pata eheh

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    1. Caro Karl,

      O Baía não foi tão mau como o seu desempenho neste jogo faria suspeitar, mas também nunca foi tão bom como se quis fazer crer. Como bem recordou Scolari, houve uma altura que o próprio Mourinho o tentou arrumar em definitivo, mas como o Espírito Santo (O Nuno, pois então) não lhe valeu, eve que voltar à casa partida. Assistimos, então, a um dos momentos mais divertidos do futebol português - aquela fase Monty Python de intensa disputa Baía vs Ricardo pelo troféu de pior guarda redes nacional. Espero que daqui a uns anos o Patrício possa demonstrar no Sporting, ou, provavelmente, lá fora que, afinal, em Portugal, também existem guarda redes em condições. SL

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  3. Meu caro,

    Este também foi o melhor jogo que vi. Então a segunda parte foi de loucos. Isto sim é que é futebol. Não se compara com o soporífero que é o actual Barcelona.

    Um abraço

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    1. O Barça de Robson e, sobretudo, de Cruyft, jogavam sempre no limite do risco e, isso, para mim é o que torna o futebol um jogo tão especial. O Barça atual joga uma espécie de antijogo ofensivo - o sonho dos catedráticos do futebol português - um jogo sem balizas e sem jogo passivo, com o Messi a destoar. E, claro, quando a coisa está complicada de desempatar, lá está o Angel Maria Villar para resolver.

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  4. este jogo faz-me lembrar o tal jogo dos 5-2 do Sporting ao benfica

    se não me engano foi em 2009 e o Sporting estava a perder 2-0 ao intervalo...até que entra derlei e tudo muda num fantástico 5-2 com um golaço do....dajló lo0ol

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    1. Caro Jorge,

      Obrigadinho por me estragar a surpresa :-). Um destes dias tentarei contar a forma como vivi (não vi) esse jogo. Lembro-me bem como toda a gente na rádio ao intervalo dava o Paulo Bento como despedido . Viramos para 3-2, o Cebola empatou a 3 e, depois, com o tal golaço do Djáló (com carambola no Luisão) e do Vukcevic, ganhamos 5-3. Um dia inesquecível para mim. SL

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    2. 5-3...exactamente...tinha me esquecido do golo deles (nada de preocupante portanto eheh)

      o meu pedido de desculpas por estragar a surpresa (mesmo assim esperamos por ela impacientes)

      quanto à carambola...já vi muitos golos assim...grandes golos por sinal...mas como o djalo na altura era do Sporting nao se deu ênfase...se fizer um igual ao serviço dos lamps no dia a seguir estará num barcelona ou real madrid de acordo com a bolha ou o rascord

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  5. Nós os filhos de casamentos mistos temos sempre dois amores, ser do Sporting e do Atleti é complexo e bastante doloroso. Como adepto do Atleti tenho mixed feelings acerca deste jogo. Faz-me lembrar um pouco o Portugal-França de 84, um jogo que recordamos com um misto de nostalgia e de mágoa. Afinal de contas nós o Atleti em 96( e não, não foi há cem anos!) eramos os campeões em titulo de Espanha, e tinhamos feito a dobradinha no ano anterior, e fomos ao Camp Nou dar uma verdadeira faena de bola. Tinhamos um equipazo: Pantic, Bijbl, Simeone, Caminero, Kiko, Esnaider. Simplesmente o Radomir Antic tem o defeito de colocar todas as suas equipas a jogar a mil à hora, e no final das segundas partes isso paga-se. Nesta época perdemos uma série de jogos desta forma, mas de acordo que nenhum foi mais épico que este. Há um jogo que é bastante esquecido por causa deste, que foi o jogo da primeira mão, o empate a dois golos no Calderón, um jogo soberbo nesse caso de ambas as equipas, em que Figo fez talvez uma das melhores exibições que lhe vi alguma vez fazer na vida. Pode dizer-se que o deus do futebol não foi injusto de toda, na justa medida em que tivemos alguma sorte no empate em casa. Bom mas também convem lembrar que estamos a falar de uma das melhores equipas da rica história do Barça, com Guardiola, De la Peña, Figo, Ronaldo... Ah e com a dupla Robson/Mourinho no banco.

    Imaginem só portanto o que é para um adepto do Atleti perder um jogo assim. Um jogo que podia e devia estar 6-0 ao intervalo tantas as oportunidades que tivemos. Um jogo em que depois do 3-1 falhámos dois golos de baliza aberta antes do 3-2 deles, e em que depois do 4-2 falhámos outros dois. Pantic marca quatro golos, o Atleti faz a melhor exibição que lhe vi fazer em Camp Nou, o resultado é injusto e falso na justa medida em que não traduziu o que se passou em campo, e vocês só falam da segunda parte do Barça, em que basicamente marcava cada vez que tinha uma oportunidade. Ok eu percebo que o nosso team não era tão fashion como Barça de Robson, Mourinho, Figo, Ronaldo e Guardiola, mas pelo menos façam lá o favorzinho de reconhecer que neste dia não ganhou a equipa que melhor jogou. Não sou tonto e até um cego vê que o Barça era melhor que nós, simplesmente neste dia não foi.

    Em sintese: perdemos de cabeça erguida frente a uma equipa soberba com artistas de primeira água. Mas perdemos o jogo por culpas próprias, por não o termos sabido matar. Mas por outro lado este jogo tem aquele sabor estranho da nostalgia: Neste tempo eramos GRANDES, mesmo grandes! Grandes não na retórica, não a contar o número de adeptos, grandes nos factos e na bola. Hoje somos um clube decadente, pobre e iludido. Ainda pensamos que somos granes, mas já não somos. Tomaramos nós hoje ter tomates para jogar assim no Calderón contra o Almeria quanto mais ir ao Camp Nou marcar quatro golos!...

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    1. Caro Anónimo,

      Antes de mais, obrigado pela sua notável análise. Sabe que nessa altura também eu torcia pelo grande Atleti. Mas sempre fui volúvel nestas coisas do futebol espanhol. Anti- madrilista profundo até ao Ronaldo jogar no Real Madrid, gostava do Atleti e, quando este falhava, do Barça ou do Valência. Hoje, torço, sobretudo, pelo Ronaldo. Mas voltando ao fantástico Barça - Atleti, como apesar de tudo na altura não sofria tanto pelo Atleti como pelo Sporting, a partir de certo momento e apesar de querer que o Atleti passasse a eliminatória, tive a percepção que a narrativa desse jogo só seria épica se o Barça concretizasse a remontada histórica. Como bem diz, o Atleti poderia ter esmigalhado o Barça durante a primeira parte, ou dado a estocada final na segunda parte naquela oportunidade para o 4-1 do Biebl, depois de mais uma casa do Baía. Era grande esse Atleti. Espero que, mais ano, menos ano, com menos Ronaldo, Messi e Mourinho, o campeonato espanhol volte a ter o grande Atleti. SL

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  6. Melhor jogo de sempre Sporting AZ Alkmar

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    1. Cara Maria Ribeiro,

      Lembro-me, sobretudo, da épica derrota do segundo jogo em Alkmaar com aquele golo de Miguel Garcia com o ombro nos segundos finais. O meu pequenote tinha um anito e desatou a chorar convulsivamente assustado com os meus gritos na sala. Ainda hoje me emociono ao rever essas imagens e o relato (o último) do Jorge Perestrello. Foi um momento único, mas, nesse momento e tratando-se do Sporting, devia ter suspeitado o que o destino nos reservava para a final em Alvalade... SL

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  7. Eu sei que devemos ser pacientes e tolerantes mas...para quando o filme do 7-1?

    ps E se houver por aí alguém a perguntar "mas qual 7-1?" é favor sair pois está no blogue errado!

    SL

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    1. Caro A. Trindade,

      O "7-1" ficará para sempre na minha memória. Nestes momentos especiais, lembro-me sempre onde estava - no meu quarto, em casa dos meus avós, no meu primeiro ano da faculdade, escutando o relato num rádio a pilhas e não acreditando no que ia ouvindo naquela cavalgada dos minutos finais. Uma das equipas mais fracas de sempre do Sporting, ainda por cima orientada pelo Manuel José... Mas com o grande Damas na baliza e com o... eterno capitão Manuel Fernandes... Inesquecível.

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